Há um tempo, descolado de nosso tempo real, em que coisas estranhas acontecem. É nesse lugar que acontecem os clássicos, em um tempo anterior a fronteiras.
Um jogo é clássico quando opõe, frente a frente, dois times que alcançaram o direito de pertencer a esse tempo especial: somou vitórias em demasia, acrescentou títulos à sua galeria, viu desfilar jogadores que pertencem ao imaginário dos torcedores.
Um clássico não dura apenas durante os 90 minutos da partida. É por essa razão, também, que ele se define como clássico. Dias antes do jogo os torcedores se preparam, árbitros se concentram mais que o normal; jogadores experientes suam frio, atletas sem experiência perdem o fôlego.
Durante o jogo, todos percebem que estão diante de um clássico. Pois o time que fazia má campanha de repente se agiganta, e a equipe que disparara na frente súbito tropeça.
Um clássico não termina com o apito final. Ele continua nas discussões acaloradas, em que todos têm razão, e a verdade pertence a cada torcedor, sem distinção de vitória ou derrota.
Um clássico, aliás, iguala vencedores e vencidos, pois todos sabem que, à espreita, está a sombra do próximo clássico, em que o resultado adverso pode ser vingado por um outro, favorável, e vice-versa.
O crítico Paulo Emílio Sales Gomes dizia que o cinema deu cidadania poética a todas as outras artes. Pode-se dizer, também, que os clássicos conferem cidadania poética a todos os jogos. Eles reúnem, ao mesmo tempo, a apreensão da derrota iminente e o estrondo do gol, deuses demasiado humanos e homens por um instante deuses.
Fabrício Marques é jornalista e doutor em Literatura
Clássico é dia de clássico né!!!!
ResponderExcluirPrincipalmente quando o melhor time de Minas sempre vence!!!!
dali Cruzeiro!!!
Você tem a o dom heim Fabrício, parabéns pela crônica!
Jacqueline - Uni-BH