23 de outubro de 2008

Imparcialidade?

Sou filho de um cruzeirense e de uma atleticana e passei boa parte da minha infância em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Por isso tomar parte sobre Galo ou Raposa foi uma decisão menos apaixonada pra mim.

Comecei a gostar de futebol mais ou menos com oito anos. Na Copa de 82 vi e aprendi por que o brasileiro era tão vidrado naquele esporte.

No mesmo ano fui ver o derbi local (COMEFOGO).

Primeiro Comefogo1954: 1x1

Essa foi a primeira vez que entrava num estádio de futebol para assistir uma partida oficial. Cheguei ao Estádio Palma Travassos com meu pai e minha irmã mais nova. O Comercial, apontado por todos os jornalistas esportivos como freguês do Botafogo, era o time de preferência da Raquel (minha irmã). Era o campeonato paulista e o Leão do Norte (Comercial) venceu a Pantera da Mogiana (Botafogo) por dois a zero. Não tive dúvidas: meu time era o Comercial.

Meu pai reclamou um pouco, pois a equipe tem uma camisa branca com listras pretas. Quando cheguei em casa, minha mãe, ao saber que torcia pelo alvinegro do Jardim Paulista, afirmou:

- Esse é Galo!

Foi a primeira vez que tomei parte no assunto futebol.

Voltei para Minas Gerais e agora como jornalista esportivo a imparcialidade tornou-se parte da ética para exercer essa profissão.

Depois de assistir várias transmissões tendenciosas e comentários apaixonados de colegas, principalmente do Rio e São Paulo, acreditava que não ficaria mais revoltado com isso.

Mas ontem a transmissão de Goiás e Vasco várias coisas pipocaram na minha mente antes mesmo da partida começar. A “torcida” dos cronistas por uma vitória cruzmaltina era grande. Ao ver aquele clube que em 1974 foi beneficiado por Armando Marques na final do campeonato brasileiro contra o Cruzeiro (invalidou um gol legal de Zé Carlos), naquele campo onde em 1981 (Copa Libertadores) o Atlético foi prejudicado pela arbitragem do comentarista, que também estava na transmissão de ontem, comecei a torcer pela derrota do Bacalhau carioca.

Não sei se foi meu sentimento de vingança, ou se foi influência do Wilson (amigo esmeraldino), ou se foi verdade, mas acho que o narrador foi parcial demais.

Assim como em 82 fui contra o status quo onde a maioria exaltava o time adversário ao meu. Ontem me dei mal, mas achei mais uma vez, muito bom tomar parte num jogo de futebol.

Cláudio Gomes escreve às quintas-feiras.

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