8 de outubro de 2008

Adeus ao “deus da Raça”


O vice-campeonato brasileiro de 1977 foi, na minha opinião, o momento mais decepcionante da história do Atlético no século passado. Isso porque, considerando os sete anos do terceiro milênio, o fim da temporada de 2005 tem tudo para ser insuperável. Afinal, a primeira vez, se é que outras virão, é difícil esquecer.

Imagino – eu não estava lá – o Mineirão lotado de atleticanos diante de um time sensacional, o cenário perfeito para a comemoração do segundo título brasileiro naquela década. Aí atravessa no caminho do Galo uma equipe que tinha feito uma campanha muito inferior à do time mineiro na fase de classificação.

E por ser tecnicamente desnivelado em relação aos donos da casa, o São Paulo precisou se valer da raça para segurar o 0 a 0 e calar o Gigante da Pampulha. E quem a encarnou? Um volante limitado, mas muito valente e incansável. Daqueles jogadores que fariam o atacante Deivid, atualmente no futebol turco, repetir a impressão que tinha do lateral Maurinho, no Cruzeiro tríplice campeão de 2003. Para quem não se lembra, ao ser perguntado sobre o fôlego do companheiro, Deivid disse que Maurinho parecia “ter dois pulmões”.

Esse comportamento voluntarioso valeu a Chicão o apelido de “deus da Raça”. E certamente foi isso que fez o Atlético contratá-lo para que ele fosse bicampeão mineiro em 1980 e 1981 com a camisa alvinegra.

Chicão morreu hoje aos 59 anos, vítima de um câncer no esôfago.

Aliás, os deuses não morrem. Eles passam para o campo da espiritualidade para cumprir outras missões. Quem sabe dentre elas missões esteja servir de exemplo para os jogadores do Atlético de Marcelo Oliveira, que pode falar o ex-companheiro de time.

Afinal, o apelido dado a Chicão espelha aquilo que todos os atleticanos esperam dos jogadores que vestem a camisa preta e branca.

Eduardo Almada escreve às quartas-feiras

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