11 de outubro de 2008

A tradição dos clássicos e os deuses do futebol

Quem venceu o jogo contra o Flamengo não foi Castillo, num sem-pulo que fez a bola parecer um obus tirado do peito do pé. Não foi Renan Oliveira, elegante e consciente, depois de um lançamento primoroso de Serginho. Não foi o zagueiro-artilheiro Leandro Almeida, com seu oportunismo e senso de colocação.

Quem ganhou o jogo não foi o técnico Marcelo Oliveira, digno na missão espinhosa de tirar o Galo da lambança armada pela incompetência administrativa que cerca o ano do centenário. Não foi o seu esquema tático correto, que marcou sob pressão a saída de jogo do adversário, girou a bola com maestria e soube achar espaço na frente. Não foi a coragem de deixar de fora Petkovic – como Marques, um jogador que não pode começar atuando.

Quem ganhou o jogo hoje, sabemos bem, não foi uma diretoria que nem existe neste momento e que vem de um histórico de incompetência e omissão.

Quem ganhou o jogo não foram as falhas do juiz Paulo César de Oliveira vistas pelos jornalistas cariocas, que no passado se calaram diante de Wrights e Simons.

Quem ganhou o jogo não foi o falastrão do Márcio Braga, um dinossauro que um dia há de ser varrido do cenário do esporte mais importante do mundo – junto com Euricos Mirandas e gente do lado de cá das montanhas na mira da justiça.

Quem ganhou o jogo obviamente não foi Caio Júnior, que viu seu time tomar um baile em campo – e que deveria levar as mãos ao céu para o Cristo Redentor sobre a baía da Guanabara, pois saiu barato para o Flamengo – e, em vez de reconhecer a superioridade do Galo na bola, veio equivocadamente falar em falta de “fair play” no lance que antecedeu o segundo gol.

Quem ganhou o jogo foi a tradição.

Os que vaticinaram o massacre do Galo pelo Flamengo num Maracanã lotado, que viria a estabelecer o novo recorde da temporada, esqueceram-se de que um clássico – e este é o maior clássico para o Atlético – nunca é prisioneiro da previsão dos homens. O futebol tem seus deuses, e a bola cisma de seguir seus misteriosos desígnios.

Alexandre Freire

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