31 de março de 2009

Ah, o domingo...

Hoje, mais cedo, escrevi sobre os jogos de volta das quartas-de-final do Campeonato Mineiro 2009 (confira aqui). Questionei a decisão da Federação Mineira de Futebol (FMF) de deixar o torcedor na mão em pleno domingo – o principal dia da semana para o fanático por futebol.

Pois é. A FMF se redimiu do erro ao mudar a data de uma das partidas. Resolveu um problema, mas arrumou outro. Como se a situação na entidade já não estivesse péssima...

O jogo em questão é entre Tupi e Cruzeiro. Marcado inicialmente para o sábado, dia 4, às 16h10, em Juiz de Fora, agora ele será no domingo, dia 5, às 16h, mantido o local.

Parece lógico que a partida de um dos grandes clubes da capital seja no domingo, com transmissão para todo o Estado. E a alteração seria normal, não fosse por um detalhe...

O Cruzeiro havia solicitado à FMF que o confronto fosse no sábado, por causa do jogo do próximo dia 8, contra o Estudiantes de La Plata, na Argentina, pela Copa Santander Libertadores. Com isso, o Clube pretendia ter mais tempo para se preparar antes da partida.

O presidente da FMF, Paulo Schettino, alegou que a mudança foi determinada pela emissora detentora dos direitos de transmissão do campeonato. O não cumprimento da solicitação resultaria em multa.

O diretor de comunicação da Raposa, Guilherme Mendes, declarou em entrevista ao portal Superesportes que “a Federação, que deveria lutar pelos interesses dos clubes filiados, vira as costas para o Cruzeiro num momento como esse”.

Mais um triste capítulo na história recente da Federação Mineira de Futebol. E, antes que o fato aconteça, estou prevendo mudanças drásticas na administração da entidade.

Para piorar, os problemas não param por aqui. O Esporte Clube Democrata está determinado em disputar a partida de volta contra o Ituiutaba, pelas quartas-de-final, em Governador Valadares. A Pantera já se mobiliza junto às autoridades competentes para atingir seu objetivo.

A produção do Meio-de-Campo está apurando as informações. Em breve vou lhes contar o que está acontecendo exatamente.

Fábio Pinel é apresentador do programa Meio-de-Campo.

Uma torcida de tirar o chapéu

A torcida do Atlético está dando show nas torcidas adversárias neste Campeonato Mineiro. Vamos dar uma olhada nos números da primeira fase:

Classificação por média de público pagante do mandante.

1º - Atlético - 22773
2º - Cruzeiro - 13720
3º - Uberlândia - 6248
4º - Uberaba - 4274
5º - América - 3722
6º - Democrata - 3140
7º - Tupi - 2588
8º - Rio Branco - 2535
9º - Guarani - 1963
10º - Ituiutaba - 1770
11º - Social - 1769
12º - Vila Nova - 1033

Sem muitas novidades, mas cabe uma análise: o América só ficou em 5º lugar graças ao jogo contra o Cruzeiro, do qual foi mandante. Sem este jogo a média do Clube despencaria para 1155, o que reforça a situação crítica do time que está perdendo torcida.

O Cruzeiro foi o mandante do clássico contra o Atlético. Sem este jogo a média do Cruzeiro cairia para 6904. Vale lembrar que o Cruzeiro disputa a Libertadores, competição que a torcida já elegeu como prioridade na hora de comprar um ingresso.

Já o Atlético, sem o clássico em que foi mandante, contra o América, teria média de 19630, ainda alta. Mais uma vez é a torcida do Galo que está fazendo a diferença.

Túlio Ottoni

Domingo no parque

A Federação Mineira de Futebol definiu, no final da tarde de segunda-feira (30/03), as datas, os locais e os horários de três dos quatro confrontos pelas quartas-de-final do Campeonato Mineiro.

Rio Branco e América fazem o segundo jogo no sábado que vem (04/04), no estádio Ronaldo Junqueira, em Poços de Caldas, às 16h10. A primeira partida terminou empatada em 0 a 0. Quem vencer se classifica. O empate favorece o Rio Branco.

Tupi e Cruzeiro também entram em campo no sábado, mas no estádio Municipal Radialista Mário Helênio, em Juiz de Fora, às 16h10. Como a Raposa venceu o jogo de ida por 1 a 0, pode empatar ou perder, desde que por apenas um gol de diferença.

O Ituiutaba derrotou, em casa, o Democrata-GV por 1 a 0. Por isso também pode até perder por um gol de diferença. Os dois times se enfrentam novamente só na quinta-feira da semana que vem (09/04). O mando de campo é da Pantera, mas o jogo será no Mineirão, às 18h.

O jogo entre Atlético e Uberaba era o único que já estava definido. Será no dia 08/04 (quarta-feira), no Mineirão, às 19h30. O Galo joga por um empate e pode até perder, desde que seja por apenas um gol de diferença.

O que mais chama a atenção não foi o fato do Rio Branco jogar em Poços de Caldas ou Democrata-GV ter que atuar no Mineirão - ambos não possuem estádios com capacidade para dez mil pessoas, como prevê o regulamento. O curioso é não haver jogos no domingo.

Situação inusitada. O Campeonato Mineiro sempre teve jogos disputados no domingo. E nem mesmo a seleção brasileira impediu que uma partida do Estadual fosse disputada no domingo passado. Por que isso agora?

Vai entender... É bom você, torcedor, arrumar então algo para fazer. Olhe pelo lado positivo: de repente, será uma oportunidade para passar mais tempo com a família, ou quem sabe curtir outro campeonato, como o paulista ou o espanhol, sei lá.

Só não deixe de assitir ao programa Meio-de-Campo, porque esse continua sendo realizado aos domingos, às 21h, faça chuva ou faça sol, independentemente das maluquices da Federação Mineira de Futebol e de seus parceiros...

Fábio Pinel é apresentador do programa Meio-de-Campo.

26 de março de 2009

Haja coração!

A última rodada da fase de classificação do Campeonato Mineiro 2009 foi emocionante, mas por outro lado não teve surpresas.

O Atlético, aos trancos e barrancos, terminou na liderança graças aos gols de Junior e Kléber, nos minutos finais da partida. Méritos ainda para Diego Tardelli, pelos 11 gols - até agora.

Ontem, o Cruzeiro atuou como o torcedor quer. O contestado time misto aplicou a maior goleada da competição, mas pecou pelo desentrosamento nos jogos anteriores.

Ao Ituiutaba cabe se conformar com a derrota e comemorar a boa campanha na 1ªfase do Estadual - a melhor entre os times do interior.

O Rio Branco correspondeu às minhas expectativas, apesar de ter empatado nas duas últimas rodadas. Começou mal, mas se recuperou bem.

Já o América me decepcionou. Depois do bom começo, Flávio Lopes teve dificuldades no comando e caiu de produção. Sucesso à Enderson Moreira.

E o Democrata-GV? Outra decepção. Chegou a liderar o torneio, mas tropeçou nas próprias pernas. A goleada de ontem é inaceitável!

O Tupi empatou seis vezes, só que perdeu pouco. Contou ainda com o confronto direto na última rodada para se garantir nas quartas-de-final.

A última vaga ficou com o Uberaba. O Zebu tem poucos ou quase nenhum atrativo, e realmente não espero muito dele a partir de agora.

No parte debaixo da tabela, quatro equipes brigaram para não cair, mas apenas duas obtiveram sucesso.

O Uberlândia foi o menos ruim. Sem fazer pouco caso, afirmo que teve competência para chegar às últimas rodadas sem o risco de ser rebaixado.

Mas o Villa Nova fez o torcedor sofrer até o último minuto. Não creio que o presidente Luisinho continue no cargo. O problema é financeiro...

Pior para o Social, que teve o mesmo número de pontos que o Villa, mas um ataque inexpressivo: apenas seis gols em onze partidas!

O Guarani? 11 jogos, apenas três pontos e nenhuma vitória. Fez o mesmo número de gols que o Social. A defesa sofreu 21 (a 2ª pior). Lamentável...

Os confrontos das quartas-de-final ficaram assim:

Atlético (1º) x Uberaba (8º)
Cruzeiro (2º) x Tupi (7º)
Ituiutaba (3º) x Democrata-GV (6º)
Rio Branco (4º) x América (5º)

Um palpite? Pelo o que eu vi até agora, não haverá surpresas. Acredito que os quatro primeiros colocados devem se classificar para as semifinais do Campeonato Mineiro. A partir daí, qualquer palpite será puro achismo.

Fábio Pinel é apresentador do programa Meio-de-Campo.

Só quando o juiz apita

Um jogo de futebol só termina quando o juiz apita o final da partida. Por mais que a gente saiba disso, sempre fica aquela impressão de que as coisas estão definidas a partir de um certo ponto. Tipo os 47 minutos do segundo tempo, isto é, já nos acréscimos.

Foi assim ontem na reação do Galo para cima do Ituiutaba na Fazendinha. Quando os carros passaram embaixo de minha janela gritando “Zêeerooo” (me perdoe a reforma ortográfica se a grafia estiver fora dos conformes), já completado o tempo regulamentar no Pontal do Triângulo, achei que mais uma página na história do futebol tinha sido virada.

A televisão permaneceu ligada, estampando a goleada maiúscula do time celeste sobre um Democrata morto desde o início do segundo tempo. As dúvidas eram se o Villa permaneceria no módulo I, diante da reação do Social em Nova Lima, e se o Galo se conformaria com a derrota diante do time aplicado do Boa.

Os gritos num bar das redondezas, instantes depois, não deixaram dúvidas sobre o que havia acabado de acontecer. Nem a festa que se seguiu, prolongada pela madrugada com buzinas e gritos da massa alvinegra! Primeiro Junior, aos 47 minutos. Depois Kleber, aos 50. Bem no dia do aniversário do Atlético, quando muitos já tinham ido dormir com uma sensação resolvida no peito.

Vitória com a cara do Galo!

Adeus ao amigo atleticano Jairo

Com a morte de Jairo Anatólio Lima, perde a radiofonia mineira um de seus maiores valores. Iniciando muito cedo suas atividades na emissora oficial, dela se tornou digno em sua longa trajetória.Tive o privilegio de acompanhar sua presença não só nos setores esportivos como no Radio Teatro, sempre na Radio Inconfidência. Fui testemunha de sua conduta sempre esbanjando destaque onde atuasse.Nossas preferências clubisticas? Ele, atleticano fervoroso, eu, cruzeirense entusiasmado. Mas essas escolhas jamais interferiram na amizade que prazerosamente cultuávamos.

Hoje, quando o já saudoso Jairo se antecipa a mim na viajem para o além, só me resta lamentar sua ausência, sabendo, entretanto que um dia estaremos de novo juntos para a continuidade de nosso convívio.

Plínio Barreto é jornalista e escritor

25 de março de 2009

Futebol de mulheres

Gerrard, Rafa, gols e muita história

Ofuscado pelo rival Manchester United e complexado por não conseguir chegar a um título da Premier League, o Liverpool chamou a atenção do mundo da bola ao golear o maior campeão da Liga dos Campeões, Real Madrid; calar o Old Trafford aplicando 4 a 1 no Manchester United, atual campeão inglês e da Liga dos Campeões; e, logo em seguida, fazer um 5 a 0 no Aston Villa, que disputa uma vaga na próxima edição do maior torneio europeu.

Chega a ser difícil apontar qual placar foi mais marcante. Eliminar o Real da Liga dos Campeões já é um feito marcante. Bater o Manchester, com todo o contexto da rivalidade existente, fora de casa, foi também emocionante. A vitória sobre o Aston Villa era esperada, entretanto, o volume de jogo apresentado deixou claro que o time do capitão Steven Gerrard não está para brincadeiras. 5 a 0 e três gols do craque inglês da camisa 8. Os números não estão soltos na trajetória Red. O Liverpool, no atual campeonato inglês, bateu Chelsea e Manchester duas vezes e só foi derrotado duas vezes em toda a competição.

A notícia da renovação de contrato do técnico Rafa Benitez até 2014 só fez aumentar a comemoração. Rafa tem métodos pouco tradicionais para o futebol brasileiro, entretanto, com baixo investimento, comparado aos rivais Chelsea e Manchester, ele obtém resultados incontestáveis. Qual é o segredo do Liverpool? Passa pelo rodízio de jogadores, vai ao planejamento bem feito, a uma torcida fanática e apaixonada, um esquema tático bem definido e chega a uma dupla de jogadores que alia técnica e força como poucos no mundo: Fernando Torres e Gerrard.

O ressurgimento da figura tática do ponta pode ser um segredo do treinador Rafa Benitez. Riera, pela esquerda, e o lutador Kuyt, na direita, jogam abertos. Sem a posse da bola os dois pontas assumem uma postura tática mais defensiva e se tornam meias, volantes ou até tradicionais laterais. Volantes fixos no time? Só um, e, nem sempre. Mascherano, Xabi Alonso e Gerrard fazem o meio de campo titular. A figura do volante que não sabe jogar, só rebate, só faz falta, não existe. Uma pergunta se torna inevitável então: o time fica desprotegido? Toma muitos gols? Claro que não! Sem a bola todos participam do jogo, todos voltam para a marcação e ocupação do espaço defensivo e retomada da bola.

A torcida sempre foi apaixonada. Desde 1892, ano da fundação. Com o tempo os laços foram se consolidando. As tragédias, especialmente a de 15 de abril de 1989 com 96 mortos, aproximaram ainda mais o clube do torcedor e criaram o mito da torcida red.

Dois jogadores são os preferidos pelos fãs. O goleador Torres e o mestre Gerrard. Torres poderia ser rotulado como grandalhão, o que atestaria a total falta de conhecimento de quem coloca o rótulo. A elevada estatura só é mais um bom motivo para elogiar Nino. Jogador jovem, de movimentação intensa, disciplina tática, boa técnica e faro de gol. Nino Torres é o atacante dos sonhos do torcedor. Por ocasião da disputa da Eurocopa, a cidade de Liverpool se vestiu de vermelho e amarelo e torceu junta pela Espanha de Torres. Não deu outra! Espanha campeã e Torres marcando o gol do título.

A paixão e a gratidão que a torcida têm por Steven Gerrard, ou Steve G, são indescritíveis. As qualidades dele também são imensas. As virtudes técnicas são inúmeras, entretanto, é nítido também que as qualidades como líder e capitão fazem muita diferença para o elenco do Liverpool. Recentemente, Gerrard se envolveu em uma confusão e acabou preso. Os torcedores não acreditaram no que estava acontecendo. Estariam diante da quebra da imagem de ícone? Aquele menino que chegou em Anfield com 10 anos e que perdeu um primo esmagado nas grades em 89 era um vilão e não um mocinho? A diretoria se posicionou a favor dele e poucos dias depois a camisa 8 vermelha estava conduzindo a equipe a mais uma vitória. Vitória que apagou um possível arranhão na imagem de Gerrard e aumentou a paixão pelo ídolo. Perto do fim do jogo, ele arrancou do meio campo até a área adversária, nada mais heróico que sair da cadeia e marcar um gol importante. Como em um roteiro de cinema, as próximas cenas surpreenderam a todos no estádio. Gerrard poderia ter feito o gol, poderia ter sido o herói, mas preferiu ser líder. Sem marcação, na cara do gol, ele preferiu rolar a bola para Torres que voltava de contusão, Torres fez o gol e saiu para comemorar com o líder.

Não será surpresa alguma se a história, banhada em sangue, lágrimas e muito suor entrar em campo nas finais da Liga dos Campeões e nos últimos jogos da Premier League, e se mística jogar...

Mário Marra é comentarista das rádios Globo Minas e CBN.

24 de março de 2009

Futebol e fantasia

Passando pelos sites e blogs hoje pela manhã vi uma notícia no mínimo curiosa. Um garoto tailandês foi salvo pelo Homem-Aranha. Isso mesmo! Uma criança de 8 anos, que estava do lado de fora da janela de sua escola, foi salva graças ao super-herói favorito. Ele só aceitou voltar para dentro da sala quando um bombeiro chegou fantasiado de Homem-Aranha.



(Foto: AFP)

Isso me fez lembrar de quando era criança. Imitávamos nossos super-heróis. Sonhávamos em ser um quando crescêssemos. Nas peladas de rua, também nos fantasiávamos. Cada um era na rua, o jogador que mais enchia os olhos nos gramados pelo mundo. Os nossos “heróis da bola”!

Eu, particularmente, quando estava no gol, era o belga Michel Preud'homme. Hoje, sei que a elasticidade e tempo de reação que ele tinha no gol, me remetiam ao meu herói dos quadrinhos.
Quando jogava na linha eu costumava ser quem estava em destaque no momento. Lembro-me principalmente de Totó Schilatti, artilheiro italiano na Copa do Mundo de 1990 e o sueco Tomas Brolin. Esse último sempre me chamou a atenção pela forma que comemorava os gols.

Acredito que muitos de nós já passamos por isso. Se cada um postasse aqui nesse blog o super-herói dos quadrinhos e dos gramados que mais se indentifica, com certeza, faríamos uma grande Liga.

Para não deixar de comentar qual era meu super-herói favorito, na Tailândia, ele provou, mais uma vez, o quanto é importante ter um herói quando se é criança.



João Paulo Ribeiro

16 de março de 2009

Eulaema atleticana



Até que ponto vai a paixão do torcedor? Ora, ela não tem limites! A resposta parece vaga, mas é a mais pura verdade. Que o diga o biólogo atleticano André Nemézio, de 38 anos.

Ele foi o responsável pela descoberta de sete novas espécies de abelhas na Mata Atlântica. Um feito relevante, que merece destaque na mídia especializada nacional e estrangeira.

Só que a descoberta em si não foi o fato mais importante do trabalho de André. O que chama a atenção foi a forma como ele batizou uma das espécies: Eulaema atleticana.

Segundo o pesquisador, esta abelha não produz mel e não mora em colméias. Elas se reproduzem como a maioria dos seres vivos (é isso mesmo que você pensou!) e são importantes polinizadoras.

"Mas ela é valente e não teme nenhum adversário, tal qual o glorioso Atlético", disse-me André, em entrevista feita nesta segunda-feira, no Instituto de Ciências Biológicas da UFMG.

Ele revelou ainda que, por experiência própria, descobriu que a picada da Eulaema atleticana é bastante dolorida - ossos do ofício, mas tudo pelo bem da ciência.

André não tem a pretensão de trocar a mascote alvinegra - o Galo, criação do chargista Mangabeira, lá pelos anos 50. Mas admite que gostaria de ver a ala feminina da torcida adotando o inseto.

O motivo? Apenas as fêmeas da Eulaema atleticana possuem ferrão - característica que as diferenciam dos machos da espécie. Um amigo meu diria: "Assim como as atleticanas de carne e osso"...

Certamente, esta prova de amor pelo clube causará as mais diversas reações nas pessoas. E no caso dos cruzeirenses, não faltarão inúmeras piadas e provocações a respeito.

Mas o que ninguém poderá negar é o fato de que o futebol é capaz de transformar as pessoas. Neste caso, de uma forma positiva. Esta aí a beleza do esporte: a paixão do torcedor...

A singela demonstração de carinho de André me faz refletir: por que algumas pessoas insistem em provar o seu amor pelo time agredindo - e às vezes, até matando - torcedores rivais?

PS: post dedicado ao amigo Giovani Goulart (in memorian).

Fábio Pinel é apresentador do programa Meio-de-Campo.

Chega de saudade

O torcedor do cruzeiro tirou o radinho do bolso e sintonizou a saudade. Depois de assistir, pela TV, a volta de Ronaldo Fenômeno marcando gols e enlouquecendo a torcida do Corinthians, agora é outro ex que rouba os sonhos: Fred.

Enquanto no Mineirão nem Soares, nem Kléber conseguiam balançar a rede, No Maracanã Fred marcava logo dois na sua estréia no Fluminense.

O Cruzeiro tem o melhor ataque do Campeonato Mineiro, mas na tabela da artilharia está em quarto lugar com Ramires e Wellington Paulista, quatro gols cada um. Kléber, o grande candidato a homem gol cruzeirense, só marcou três vezes.

Mas o ano está apenas começando.

Túlio Ottoni

15 de março de 2009

Dois jogos sem gols pelo Mineiro

O Cruzeiro empatou pela segunda vez consecutiva sem fazer gols no Campeonato Mineiro. Na oitava rodada, 0 a 0 contra o Tupi no Mineirão, na nona, o mesmo placar contra o América. Coincidência ou não, nos dois jogos não tinha Ramires, apesar de o volante ter atuado por alguns minutos pelo Tupi. Sem Ramires, o time perde as saídas rápidas para o ataque, o ideal para romper defesas de times que escolhem a marcação forte para não perder, caso de Tupi e América.

No jogo contra o América, chances foram criadas, inclusive com uma bola na trave chutada por Jonathan que havia entrado no lugar de Jancarlos. Mas o Coelho também teve oportunidades para matar o jogo e aí valeu a fase muito boa pela qual o Fábio passa. Do lado do América, Flávio também fez defesas importantes, uma delas em um chute bem colocado de Sorín. Os dois têm história. Foi em Flávio que Sorín marcou o gol do título da Copa Sul-Minas de 2002.

Voltando aos dois empates, foram quatro pontos que o Cruzeiro deixou de fazer e permitiu a aproximação do Atlético. A diferença que era de cinco pontos, passou agora para apenas um. Bom para a competição e para o torcedor que vai acompanhar as duas últimas rodadas fazendo contas. Cruzeiro e Atlético brigam pela liderança. Na décima rodada o Time da Toca enfrenta o Rio Branco em Andradas – parada torta. Já o Atlético recebe o Villa Nova, que vem fazendo das tripas coração para não ser rebaixado. Na última, toda ela no dia 25, o Cruzeiro joga contra o Democrata no Mineirão e o Atlético vai jogar na Fazendinha contra o Ituiutaba. Devem ser bons jogos, já que os adversários dos dois grandes querem se firmar em boas posições para a próxima fase.

É isso, o Cruzeiro passa agora a pensar na Libertadores. Na quarta-feira pega o Universitário de Sucre e tem tudo para vencer e garantir a passagem para a etapa seguinte.

Luiz Tropia Barreto é editor da Rede Minas

12 de março de 2009

A Bola Rola

Certa vez escrevi da minha primeira experiência numa partida de futebol. Era um (ComeFogo) clássico entre Botafogo e Comercial de Ribeirão Preto. Talvez poucos conheçam este clássico do interior de São Paulo. E devido aos últimos anos de fracassos do América, poucos atribuem o adjetivo as partidas do clube contra Atlético e Cruzeiro.

Naquela ocasião, em Ribeirão Preto, minha irmã Raquel fez com que a partida se tornasse um clássico pra mim, já que tomei partido pelo Comercial (time que ela escolheu) e torci pelo meu recente time do coração.

Infelizmente há exato um mês o jogo terminou para a Raquel. Hoje o campo está mais triste e saudoso, como os torcedores do Coelho que vivem de relembrar um passado remoto que não volta mais.

O “clássico” que se aproxima não tem o mesmo brilho de outras décadas. Faltam craques, faltam torcedores, faltam títulos... falta a Raquel!

Mas a esperança vive no futuro e se espelha no passado. Da minha infância em Ribeirão Preto ao próximo fim-de-semana tudo pode mudar. Euller que faz aniversário no dia do jogo – 15/03 (mesmo dia em que a minha irmã completaria 36 anos) deve estar de volta aos gramados. Ele, que foi um dos grandes ídolos da torcida americana, pode reviver momentos que ficaram marcados na história do clube.

Quem sabe no domingo poderemos ver lances e gols que façam os torcedores, que forem ao campo, vibrarem e acreditarem que o futebol ainda pode ser um espetáculo bonito de se ver.

Eu estarei lá. Torcer... acho que não vou. Mas vou ter a certeza que a bola continua rolando...

Cláudio Gomes escreve às quintas-feiras

Sentimento diagonal

“Para avançar na vaga geometria
O corredor
Na paralela do impossível, minha nega
No sentimento diagonal
Do homem-gol”

O Futebol (1989), Chico Buarque

Ele fez de novo. Marcou um gol improvável, mostrando que futebol é arte. Contra todas as previsões e os juízos rápidos (como o meu), ele nos relembra de que grandes craques nunca foram exemplo.

Pelé com suas opiniões políticas, Garrincha com seu comportamento boêmio... Não se trata de tentar estabelecer regularidades que deixem as coisas claras. Futebol é arte, e arte não é clara.

Claro, há o futebol-jogo, presa de quantas amarras. Mas o futebol-arte desafia nossos enquadramentos. Foi feito para os sentidos, não para o cérebro. Ronaldo, acima do peso, nos mostra isso de novo. Se tem fôlego, joga. Se não, joga também. A bola é seu, digamos, objeto. Faz dela o que quer. Ou quase, porque ela não é coisa de se entregar a ninguém.

Corinthians 2 x 1 São Caetano. De virada. Ele de novo, no fim do jogo, com precisão, mostrando um artilheiro e seu sentimento diagonal.

Alexandre Freire

10 de março de 2009

O esporte imita a arte


Indiana Jones, Rambo, Rocky Balboa e Ronaldo estão de volta. Quem, assim como eu, curtiu as trilogias (tá certo Rocky teve até o cinco, mas...) de um arqueólogo, um lutador e de um ex-combatente do Vietnã deve ter corrido para o cinema para reviver histórias desses personagens.

O tempo foi generoso com Harrison Ford e Silvester Stallone, mas certamente os bons hábitos alimentares, os exercícios físicos diários e principalmente os efeitos hollywoodyanos favoreceram para que os dois astros aparecessem bem nas produções recentes.

Mesmo mais gordinhos, com menos fôlego, e às vezes com formas generosas, os heróis da minha infância/adolescência me fizeram vibrar novamente.

No domingo, Ronaldo, fez o mesmo. Aguardo ansioso as próximas atuações.

Cláudio Gomes escreve sempre que pode ou lembra.

8 de março de 2009

Ronaldo: o fenômeno está de volta

Eu achava que Ronaldo era um fenômeno de marketing. Não puramente. Trata-se claramente de um jogador diferenciado, mas nunca alguém da estatura de um Reinaldo, de um Tostão, de um Zico, para não recuar para uma época de craques ainda mais diferenciados, mas que viveram antes da televisão em sua fase afirmativa, a partir da década de 70 talvez.

Quando veio para o Corinthians, tão gordo, achei que o marketing tinha errado a mão. Um dos princípios da propaganda é a verossimilhança (parecer verdadeiro, mesmo que falso), e claramente ele estava muito acima do peso para jogar o futebol hoje, dominado pelo condicionamento físico apurado.

Não sei se foi o marketing que acertou. Eu errei. Vi isso hoje quando ele mandou aquela bola no travessão. Ali, um cara com visão de jogo, força muscular e técnica para mandar aquela pedrada de tamanha distância disse ao mundo que estava vivo.

O que se passou depois, entre uma arrancada em que ele puxa a bola para trás e o cabeceio perfeito para o gol, foi uma declaração de intenções. Ronaldo veio para fazer história. O fenômeno está de volta. Como nos melhores seriados.

Alexandre Freire

PS: outra coisa é como a mídia rapidamente repercute, ressoa os feitos do Ronaldo. Segundos depois do gol, ele era destaque nos sites. Foi no "Fantástico" também. Vamos conferir nos jornais de segunda-feira?

Fenômeno.

Reprodução TV Globo
Ronaldo faz o gol, comemora com a torcida no alambrado, que desaba. Depois um sorriso.




Ronaldo enlouqueceu a torcida Corintiana ao marcar, no último minuto do jogo, o gol de empate no clássico contra o Palmeiras em Presidente Prudente.
Ronaldo recebeu muitas críticas, por seu comportamento fora de campo. Deste blog inclusive. Minhas inclusive. Mas não tenho o menor pudor em admitir : Mesmo gordo, fora de forma e sem ritmo de jogo, ele continua artilheiro. Mais do que isso, é um predestinado. Só não pode ficar comemorando gol subindo no alambrado. O do estádio Eduardo José Farah não suportou o peso e desabou.

Hoje é dia de Dona Lica!

Casa cheia de crianças e uma mistura de muita algazarra, disciplina e respeito. Assim fica a casa de dona Lica em dia de jogo. Dona Lica tem 62 anos, 38 deles dedicados ao futebol. Ela é presidente do Bola de Ouro Esporte Clube. Fundado há doze anos, o time é filiado à secretaria municipal de esportes. Filhos ela tem 63. Três são biológicos e outros 60 são os que ela chama de filhos do futebol. Eles jogam nos quadros mirim, com crianças de 9 a 12 anos, infantil, com adolescentes de 13 a 15 anos e juvenil, onde participam jovens com idade entre 16 e 17 anos.

Mãezona, com a presidente não tem bola perdida. Como o clube não tem patrocínio é ela, a presidente, quem lava o uniforme do time e mantêm o equipamento esportivo da meninada em dia. Na casa dela também ficam os troféus, as conquistas do clube. A mais importante ela mostra: o de Campeão Regional Centro-Sul da Copa Centenário.

Para ficar no time, as crianças não podem pisar na bola. O boletim é acompanhado pela presidente que marca homem a homem. Nessas horas, ela conta, vale tudo: conselhos, sermões e até broncas. E, se precisar chama a família pra uma preleção.

A saída de casa para o campo é uma festa. O campo no aglomerado da Serra pertence ao clube. Mas quando não há treino nem jogos oficiais é da comunidade. Durante os jogos a presidente dá olé. Faz preleção, arma o time, vai pra beira do campo, xinga, briga, incentiva. Já atuou como técnica e conta que no período não perdeu nenhuma partida. Pioneira conta que foi a primeira mulher a dirigir time de futebol amador no estado. E chegou a ser chamada pela imprensa de “Dama de Ferro do Futebol Amador”.


Entre tantos bons momentos o gol de placa mesmo ela marcou tirando as crianças das ruas. Salve dona Lica do Aglomerado da Serra! Salve a mulher brasileira! Salvem as crianças!...

Robson Valentim é jornalista da Rede Minas de Televisão

6 de março de 2009

Superstição e futebol

O pensamento mágico, o religioso e o racional. A civilização inventou os três assim como criou um monte de coisas, entre elas o futebol.

Domingo agora, no Dia Internacional de Mulher, o Meio de Campo aborda superstição e futebol no quadro “De Salto Alto”. Refiro-me à data porque há convergências aí. A mulher sempre foi injustamente acusada de ser irracional pelos homens, ciosos do logos masculino como forma de manutenção de um certo tipo de poder.

O poder que, por exemplo, pôs George W. Bush na Casa Branca. Um negócio sem sentido chamado razão instrumental. Ou melhor, com algum sentido, mas sem humanidade, o que é a mesma coisa. Barack Obama é a volta dialética do processo. Sensibilidade e inteligência – pluralidade, alteridade, polifonia, tolerância, incerteza.

A mulher sempre representou tudo isso que repousa sobre a delicada linha unindo sensibilidade e inteligência. Por isso tem a ver que o quadro “De Salto Alto” se debruce sobre a superstição – essa tentativa de, como diz com poesia o antropólogo José Marcio Barros em entrevista a Fábio Pinel, fazer com que nosso desejo materialize-se em realidade.

Fazer figa, seguir rituais, fechar os olhos, voltar as costas para o mundo e centrar-se num ponto bem no fundo da alma, da consciência. É mais ou menos isso que o supersticioso faz quando pede ao mundo simbólico da cultura que lhe conceda essa graça, esse intento, esse desejo.

Aprendemos que o ser humano percorreu uma trilha histórica que leva do pensamento mágico ao pensamento racional, passando pela crença numa ordem divina. Aprendemos aos poucos que no fundo nunca abandonamos nenhum dos três, ainda que a maioria dos que abraçam a ciência como profissão acabe dando mais crédito aos ditames da razão. Mas qual?

Aprendemos a desconfiar, por exemplo, da razão que nos guia para os precipícios da crise econômica atual, que deixa nua a fragilidade de um sistema cheio de siglas – OMC, FMI, Fed – e despido de humanidade, uma construção sem afeto que ruiu em silêncio, deixando muito sofrimento em sua esteira.

Por isso o futebol e suas práticas, entre elas a superstição. Eu, no Mineirão, prefiro ficar de costas para o campo na hora do meu time bater um pênalti. Prefiro mirar nos olhos esperançosos da torcida o desenlace dos acontecimentos e aguardo na ruidosa manifestação de júbilo a confirmação de um desejo que parece justo só porque encontra lugar no coração. Verdadeiramente.

Entre o pensamento mágico, o religioso e a razão, o futebol nos faz sonhar com um mundo redondo que gira como a bola. Que quica, rebate, confunde, pega um efeito e corta em trajetórias poéticas o nosso imaginário coletivo. A expectativa interrompe-se brevemente quando ela finalmente descansa nas redes, embalando nossa fé de que amanhã será um novo dia. E que seremos felizes sob as cores do time do nosso coração, torcendo, acreditando e defendendo racionalmente que vamos vencer, mesmo que estejamos errados.

Alexandre Freire

Charge Fidusi


5 de março de 2009

A Volta do Boêmio

Reprodução TV Globo Ronaldo, depois de ser atingido por um microfone.




Sei que essa gente falante vai agora ironizar
Ele voltou, o boêmio voltou novamente
Partiu daqui tão contente por que razão quer voltar
Adelino Moreira


22 minutos do segundo tempo. Ronaldo substitui Jorge Henrique e entra, pela primeira vez, em campo pelo Corinthians. Jogou 27 minutos contra o Itumbiara. Mostrou uma barriga de fazer inveja a qualquer bebedor de cerveja. Fora de forma, não conseguia correr e quase não pegou na bola.
aos 29 minutos fez uma jogada de efeito. Tentou driblar dois adversários, não conseguiu ganhar a jogada, mas garantiu uma imagem para o show das TVs no dia seguinte.
É o show que importa. Até para deixar o banco e ir ao vestiário, Ronaldo precisa de 5 seguranças. Acabou deixando o campo machucado. Foi atingido por um microfone no olho direito. Contusão de celebridade.

3 de março de 2009

Evolução?

Um amigo meu presenciou a reunião da International Board. Aquele encontro onde quatro homens da Fifa e igual número de representantes do futebol britânico decidem sobre as regras do futebol. Ele me relatou tudo sobre a reunião. Contou-me inclusive que fez algumas intervenções durante o encontro, no último sábado. No diálogo a seguir vou tratar os homens da International Boad por HIB e meu amigo por Evo.

HIB: – Colocamos em questão algumas mudanças nas regras do futebol.
O mais velho dos HIB ponderou:
– Mudanças?! Mas já não mudamos aquela regra que não permite mais o goleiro pegar a bola com as mãos em um recuo?
O HIB mais novo respondeu:
– Mas isso foi há mais de uma década!
O HIB mais velho:
– Só isso! E já estão querendo mudar mais uma regra?
Evo via que aquela discussão não saia do lugar, então interveio:
– Gente, o futebol precisa de mudanças. Todos os esportes evoluem em suas regras. Vejam o vôlei. Depois de tantas modificações nas regras, ganhou mais espaço no cenário mundial. Ficou dinâmico.
Diante disso, os HIBs foram direto aos pontos:
– A primeira mudança diz respeito ao cartão laranja. O que acham?
Um dos HIB mais sensatos diz:
– Nós não conseguimos definir até hoje quais os critérios para os cartões vermelhos e amarelos e já vamos criar outro cartão?
Um silêncio profundo se segue até que um deles diz:
– Mudança negada. Próxima proposta a ser analisada: quatro substituições por jogo. Sendo que a quarta só poderá ser utilizada em caso de prorrogação! E olhe lá!
Evo intervém novamente:
– Quantas partidas em um universo de mil vão para a prorrogação? Assim não muda nada!
O HIB mais velho diz:
– É uma mudança muito radical. Deixemos do modo como está. A próxima questão é permitir que os treinadores fiquem na área técnica por todo o jogo.
Evo mais uma vez:
– Gente, isso não é novidade. Luxemburgo e Leão já fazem isso no Brasil.
O HIB mais velho diz:
– Como o Brasil é evoluído. Mudança aprovada!

Assim foi o debate a respeito das mudanças propostas. De um lado os HBIs, conservadores ao extremo. Do outro, um participante, que pouco aparece por lá. O amigo Evo. De um sobrenome curioso: Evo Lução. Ao final, nunca se viu tantas mudanças de uma só vez no futebol. Além da permanência dos técnicos na área técnica, um auxiliar atrás de cada gol e uma alteração na regra do impedimento foram aprovadas. Tudo graças ao amigo EVOLUÇÂO.



João Paulo Ribeiro

2 de março de 2009

Um Fenomenal Engano



A contratação de Ronaldo pelo Corinthians foi considerada a maior jogada de marketing, dos últimos tempos, feita por um clube brasileiro.

Pois este marketing está muito perto de se transformar em uma propaganda enganosa. Menos por conta do Clube e mais pelo comportamento do jogador, que insiste em não deixar a adolescência.


Sua mais recente farra foi voltar para a concentração às 5:30 da manhã num Hotel em Presidente Prudente. Hoje, segunda-feira, pediu desculpas aos outros jogadores pelo deslize.


É isso, Ronaldo não joga, ele desliza.


Qual será a próxima?

1 de março de 2009

Decisão anunciada

Atlético e Cruzeiro vão decidir o Campeonato Mineiro – disso ninguém duvida. Ao contrário de outros anos, em que, como recentemente, um Ipatinga mostrava-se candidato ao troféu, ou, como em eras passadas, um América poderia ser considerado adversário de igual calibre, a atual temporada deixa clara a enorme diferença entre os dois grandes e os demais.

Se a fórmula do campeonato fosse de pontos corridos, o Cruzeiro já poderia mandar gravar seu nome na taça. O time celeste tem um grupo tão afinado, tão forte tática, técnica e fisicamente, que batê-lo em campo hoje é uma façanha.

Mas as regras do torneio equilibram as forças. O time de Leão vem mostrando em campo que está se acertando. No jogo de sábado, a vitória sobre o Uberlândia foi convincente. Uma defesa segura, bem postada, que não leva gols há três jogos, um meio de campo disciplinado e um ataque rápido. O alvinegro centenário avança em entrosamento a cada partida.

Ao mesmo tempo, o Cruzeiro passeou em campo contra o Ituiutaba, que sabe tocar a bola e mostrou personalidade contra a Raposa. O Boa terminou o jogo com nove atletas e a dignidade integral. Não deu chutão, não apelou, não se entregou. Mas o time de Adílson Batista parece uma orquestra de tão afinado. Se toma gol, é por certo desinteresse que acomete times muito mais fortes que os adversários.

Tudo caminha para mais um clássico. E as variáveis aí se perdem de tão complexas. Quando o Atlético coloca mais de 24 mil torcedores no Mineirão num sábado à tarde sem nenhuma atração especial, traz para junto de si a torcida, que sempre joga uma cartada forte nessas ocasiões. Uma torcida que sabe que o confronto se anuncia e quer levar ao estádio seus sonhos de glória.

E tem Diego Tardelli, Éder Luís e a meninada da base com fome de bola de um lado. E tem Kléber, Wellington Paulista e Ramires, esse incomparável maestro, de outro.

Alguém tem palpite? Eu prefiro colocar as barbas de molho e esperar as próximas rodadas. Certeza, uma só. Cruzeiro e Atlético estão com fome de gols, sede de bola, desejo de títulos. Têm técnicos de primeira, jogadores de elite e sabem que o Mineirão, esse templo majestoso, voltará a ser palco de um novo grande duelo. Como todos os do passado. Como todos os que estão gravados nas nossas memórias de torcedor. Como todos que fazem do futebol essa arte que não se esgota.

Alexandre Freire