30 de setembro de 2009

Secando o São Paulo


Apesar do título, este não é um post regionalista. Mas ninguém aguenta mais ouvir falar do domínio dos times paulistas no Campeonato Brasileiro.

Por causa disso secar o São Paulo contra o Náutico era uma boa opção para a noite fria e ventosa de quarta-feira.

Mal sabia que veria o melhor jogo do campeonato até então...

Que começa com um pênaltiiiiiiiiiiii. Bruno Mineiro bateu e perdeu. Mas logo depois fêz o gol...uhuuuuu

10 minutos depois o lance capital deste jogo: Júnior César, que tinha um cartão amarelo, reclamou com admirável soberba. Não era só um simples lateral esquerdo que estava ali exigindo do juiz uma punição ao adversário, era São Paulo inteiro, com seu pib agigantado, seus engarrafamentos monumentais e pizzas de goiabada. Que juiz era esse que ousava levantar um cartão vermelho para um jogador do clube que é o tricampeão e que agora não se satisfaz com nada menos do que o título?

Termina o primeiro tempo com o Náutico vencendo por um a zero e com um jogador a mais. Mas a vida do secador não é fácil...e infelizmente existe um segundo tempo.

E foi um dos melhores 45 minutos de todos os tempos...parecia uma maravilhosa pelada de rua.

Mas secar o São Paulo é uma tarefa ingrata. Afinal de contas o time tem os atletas mais atléticos, os jogadores mais fortes e com mais fôlego do que os adversários e um irritante ar de arrogância.

Resultado: O São Paulo virou o jogo. O secador consultou a tabela e já antecipou o próximo agouro...

Sofrimento a vista.

Túlio Ottoni

Quando a política entra em campo...

Luís Fabiano comemora um dos gols sobre o Rangers, da Escócia.

Na UEFA Champions League 2009/2010, o Sevilla utiliza uniformes diferentes dos modelos confeccionados para o Campeonato Espanhol.

A camisa 2 para o torneio europeu é parecida com a do Flamengo, mas não foi exatamente inspirada na equipe carioca.

O Sevilla Fútbol Club é da cidade de Sevilha, na região de Andaluzia - uma das 17 comunidades autônomas da Espanha, como a Catalunha e o País Basco.

A bandeira da Andaluzia tem como cores principais o verde e o branco. Aliás, são as cores do maior rival do Sevilla - o Betis.

Desconsiderando o apelo separatista de parte da população da Andaluzia, o presidente do Clube, José Maria del Nido, disse recentemente que "o Sevilla é sevilhano na Andaluzia, andaluz na Espanha, e espanhol na Europa".

Com esse instinto nacionalista, o cartola ordenou que os uniformes do time na principal competição de clubes do continente utilizassem as cores da bandeira da Espanha.

Uniforme 1 para a UEFA Champions League - semelhante ao tradicional.

A escolha não agradou a todos - seja pelo desenho da camisa, seja pelas cores usadas. Um grupo mais radical chegou a protestar durante o lançamento dos modelos.

Mas em uma pesquisa realizada há três anos, durante a Assembléia Geral de Acionistas do Clube, 99% dos sócios - o equivalente a mais de 40 mil torcedores - concordaram com a utilização do vermelho, amarelo e preto nas camisas do Sevilla.

Uniformes para a UEFA Champions League estão dando sorte.

Patriota ou não, a equipe dos brasileiros Luís Fabiano, Adriano e Renato está dando o que falar na UEFA Champions League. O time estreou em casa, com vitória por 2 a 0 sobre o Unirea, da Romênia. Ontem, na Escócia, derrotou o Rangers por 4 a 1.

O Sevilla lidera o Grupo G com 100% de aproveitamento e tem quatro pontos de vantagem sobre o segundo colocado - o Sttutgart, da Alemanha.

Com exceção à camisa de goleiro (preta), as camisas usadas no Campeonato Espanhol também possuem um contexto político.

Apresentação dos uniformes para temporada 2009/2010.

No uniforme principal (branco) consta o nome das 106 cidades da Província de Sevilha, como forma de agradecimento à cidade e à província que dão nome ao Clube.

No mesmo esquema, a camisa dois (vermelha e branca) homenageia os 771 municípios da Andaluzia. A idéia é mostrar que todos o Sevilla se identifica com todos os andaluzes - e vice-versa.

E o terceiro uniforme (vermelho) é uma homenagem para as mais de 7100 cidades da Espanha, com o cuidado de identificar com a língua local aquelas que possuem dois nomes (um em espanhol e outro no dialeto próprio da região onde está situada). Por exemplo: a grafia de Lérida na camisa é Lleida (o original, em catalão).

Com isso, o Clube pretende mostrar que adota uma postura de abertura política e é fiel ao seu lema: En el Sevilla caben todos.

Um exemplo de que a política pode influenciar positivamente no esporte. Bem diferente do que aconteceu nos anos 70, em plena ditadura militar brasileira...

Fábio Pinel é apresentador do programa Meio-de-Campo.

29 de setembro de 2009

Sem desculpas


Ontem, assisti a mais uma reportagem mostrando as chances matemáticas de cada time ganhar o Campeonato Brasileiro. Ao Atlético foram atribuídos 5%. Como já observei neste blog em outra oportunidade, adoram juntar o esporte e a estatística. Mas depois de tanta conta durante o Campeonato Brasileiro, só se esquecem de voltar às previsões quando elas passam longe da realidade. Na mesma reportagem, entrou a entrevista de Muricy Ramalho relembrando que, no ano passado, deram 1% de chance para o São Paulo. E deu no que deu.

A exibição do Atlético no domingo contra o Santos foi a prova de que vencer o Campeonato Brasileiro é perfeitamente possível. Afinal, não tem mais desculpas. O eterno problema do gol não existe mais, já que Carini está jogando normalmente e Aranha já está quase voltando. Isso sem falar na enorme lista de reforços. Um deles, o Correa, por exemplo, deu um dos mais belos passes da competição na jogada do terceiro gol do Galo. Vale replay várias vezes.

Falta de nomes de peso também não cola mais. Ricardinho trouxe na bagagem o título de campeão mundial (fora os campeonatos brasileiros que ele conquistou com outras camisas). Ele trouxe também competição saudável para o grupo. Conversei com Evandro no MEIO DE CAMPO de domingo e o jogador foi claro: Ricardinho traz concorrência sim, mas da boa.

Por falar em disputa, viram o que um banco fez para Éder Luis? Voltou para o time titular como um furacão, criou várias oportunidades e levou a maior parte dos elogios de Diego Tardelli logo após a partida. E o dono da camisa 9 está com toda a moral do mundo. Além de convocado mais uma vez por Dunga, voltou para o topo da artilharia no Brasileiro (13 gols, ao lado de Adriano do Flamengo e Jonas do Grêmio).

Com um elenco forte e entrosado, o Galo tem a oportunidade ideal para abafar as críticas de que tem um time somente "mediano" e que não consegue um título além do estadual há muito tempo. Em um dos jornais de hoje, li a opinião de um leitor que dizia que a torcida do Atlético se contenta com pouco. Basta uma boa jogada ou um bonito gol. Mas título que é bom...será que este ano vai?


Carol Delmazo faz o quadro "De Salto Alto" para o Meio de Campo

Lá também se joga futebol...


Taiti: o paraíso na terra

Ah, o Taiti...

Um pequeno paraíso na Polinésia Francesa, com pouco mais de 178 mil habitantes. A língua oficial é o francês.

Sua economia é baseada no cultivo de baunilha, batata-doce, mandioca, milho, café e cana-de-açucar.

O ponto forte é mesmo o turismo, que atrai principalmente casais em lua-de-mel.

Não é que em um lugar como esse, também se joga futebol? Quer dizer, pelo menos eles tentam...


Seleção do Taiti no Mundial sub-20. Foto: Getty Images

A seleção do Taiti participa do Mundial sub-20, que está sendo disputado no Egito. Na estréia, derrota para a Espanha por 8 a 0. Eles jogaram de branco.

Mudar o uniforme não ajudou muito. Foto: Getty Images

Na segunda rodada, para manter a média, o time perdeu por 8 a 0 para a Venezuela. Desta vez, os taitianos atuaram com um uniforme vermelho.

No ranking da Fifa, o Taiti aparece em 189º lugar, entre os 203 países filiados à entidade. Quer saber mais? Visite o site da Federação Taitiana de Futebol.

25 de setembro de 2009

Eu já sabia!!!

Diego Tardelli, acostumado com as convocações. Foto: Globoesporte.com

A convocação de Diego Tardelli para as duas últimas partidas da seleção brasileira nas eliminatórias sul-americanas para a Copa do Mundo de 2010 não foi surpresa.

Com o Brasil já classificado, Dunga vai aproveitar os jogos para observar os últimos candidatos para as vagas restantes no grupo que vai à Áfirca do Sul no ano que vem.

O torcedor atleticano só lamenta o fato de que o artilheiro vai desfalcar o time nos jogos contra Botafogo e Cruzeiro (marcado para o dia 12/10, às 16h).

Mas é claro que você que é leitor do Blog do Meio-de-Campo já sabia. Nós adiantamos essa informação logo após a convocação do atacante atleticano para a partida contra o Chile.

O que também não foi nenhuma surpresa é a suspensão imposta pela Confederação Brasileira de Futebol ao árbitro Evandro Rogério Roman - que apitou Cruzeiro 1x2 Palmeiras.

Tantos erros - sempre contra a Raposa - e o protesto (justo) da diretoria celeste não poderiam resultar em outra coisa. O estrago está feito. Não há como recuperar os pontos perdidos.

Evandro Roman na partida de quarta-feira. Foto: Jorge Gontijo

Serão 30 dias de "reciclagem", como a CBF gosta de dizer. E, como sempre, não vão adiantar nada. Os árbitros sempre voltam de lá cometendo os mesmos erros.

O que nos leva a seguinte pergunta: eles são ruins de serviço ou tendenciosos e mal intencionados?

Eu não sei, mas acredito mais na segunda opção...

P.S.: Existem bons árbitros, sim. Só que enquanto árbitro de futebol não for uma profissão regulamentada, vamos continuar vendo erros como os de quarta-feira passada. Sem falar do gol de mão na Série B.

Fábio Pinel é apresentador do programa Meio-de-Campo.

22 de setembro de 2009

O Polêmico.

Kléber, em ação na Copa Libertadores. Foto: Globoesporte.com

Às vésperas de Cruzeiro e Palmeiras, o foco saiu dos treinamentos para as atividades fora de campo do atacante Kléber: a tal festinha da Mancha Alviverde que ele participou.

“São meus amigos" - disse o atacante. Pediu desculpas aos torcedores ofendidos, mas não acha que fez algo que não podia. Afinal, era dia de folga.

Realmente, não existe lei que proíba a participação de Kléber na confraternização dos palmeirenses. Se não é proibido, permitido está. Aí Kléber não tem mesmo o que explicar. Não desrespeitou norma ou contrato de trabalho.

Entretanto, é interessante questionar outro lado dessa história. Ele deveria ter feito aquilo? Saímos do mundo das Leis para o mundo do convívio, da Ética, do comportamento. Um jogador, ex-Palmeiras, que já esteve nos noticiários por uma possível declaração de amor ao clube paulista (que ele nega, é importante lembrar), devia mesmo ter ido a uma confraternização como essa, logo antes do jogo entre os dois clubes? Aí não estamos falando mais de permitido e proibido. Estamos falando de ético e antiético, de certo e errado de acordo com a percepção social.

Uma das "normas" que regem a relação da torcida com o time é a paixão. Todo mundo sabe disso. Que torcedor vai achar linda a brincadeirinha do ídolo nos terrenos adversários? É claro que muitos cruzeirenses ficaram magoados com a história. E tinham razão para isso.

Na hora que os dois times entrarem no Mineirão amanhã, são esses magoados que podem fazer a diferença nas arquibancadas. Em uma partida tão difícil, a torcida tem um papel fundamental. Receio que um ou dois vacilos do Gladiador em campo sejam suficientes para irritar a torcida. Aí Kléber vai ter que manter os ânimos bem calminhos.

Ânimos calminhos não são o forte do atacante. Mas fazer gol é. Então é bom que ele faça o seu dever e muito bem, pra tentar enterrar de vez essa polêmica.

Carol Delmazo faz o quadro "De salto alto" para o Meio de Campo.

Gladiador ou traidor?

Gladiador e Spartacus devem ser os dois maiores filmes de gladiadores da história do cinema. Tanto na direção de Ridley Scott (2000) quanto na de Stanley Kubrick (1960) o personagem principal é movido pela honra e lealdade a um ideal.

Kléber provou, no último fim de semana, que essas são virtudes que ele não possui.

Não acredito que ele não saiba da rivalidade entre Palmeiras e Cruzeiro. Mesmo não sabendo disso ele poderia, no mínimo, ser prudente e não aceitar o convite da Mancha Alviverde (antiga Mancha Verde) já que o jogo da próxima rodada é exatamente contra o Palmeiras.

Kirk Douglas - Spartacus (Universal - 1960)

Spartacus defendeu a honra de seus pares contra a tirania de Roma e conquistou assim a confiança dos outros gladiadores que davam a vida para defendê-lo no campo de batalha ou nas arenas.

Russel Crowe - Gladiador (Universal - 2000)

Maximus, Gladiador, jurou vingança a Comodus por ter matado sua esposa e filho. Carregou com ele esse sentimento e usou de seu carisma para cativar o público que torcia por ele nas lutas.

Kléber mostrou que não respeita os colegas de profissão quando pisou no pé de Lauro que revidou a agressão. O atacante foi expulso e depois fez pose de vítima ao dizer, ao vivo no programa Meio-de-Campo, que sua expulsão foi injusta.

Quanto à família, recentemente ele reclamou de não poder ver as filhas com a freqüência que gostaria. Mas logo num raro fim-de-semana livre o jogador vai à festa da torcida do Palmeiras, no sábado, e a do Corinthians, no domingo.

A torcida reclama com razão das atitudes do jogador. E caso amanhã ele entre em campo a "China Azul" vai exigir nada menos do que a perfeição dele no jogo. Caso contrário não será difícil ver, nas arquibancadas, os polegares apontados para baixo.

Cláudio Gomes

Obs: Confira o post Dr. Jekyll or Mr. Hide (05 de fevereiro) de quando Kléber chegou ao Cruzeiro.

21 de setembro de 2009

Ei, torcedor, vai tomar...

Massimo Busacca perde a cabeça na Copa da Suiça. Foto: Globoesporte.com

Quem nunca mandou um árbitro para aquele lugar que atire a primeira pedra! Todos mundo já se indignou com algum desses homens do apito.

Muitos acham que são os donos da verdade. Eles acertar de vez em quando, mas na maioria são derrubados pelas câmeras de televisão.

Pois não é que a banana mordeu o macaco?

No final-de-semana passado, na partida entre Baden e Young Boys, pela Copa da Suiça, um árbitro foi flagrado fazendo gestos obscenos para os torcedores.

E não foi qualquer um, não. O (ir)responsável é Massimo Busacca - que apitou a final da UEFA Champions League entre Barcelona e Manchester United.

Ele se desculpou publicamente após a partida, mas não escapou da suspensão por três jogos.

Se a moda pega aqui no Brasil...

Fábio Pinel é apresentador do programa Meio-de-Campo.

20 de setembro de 2009

O Coelhão voltou (como campeão)!

Jogadores comemoram título inédito. Foto: Paulo Filgueiras

O América venceu o ASA-AL por 1 a 0 no sábado à tarde, no estádio Independência, na segunda partida da final da Série C.

Nem precisava. Depois de ganhar por 3 a 1 em Arapiraca, o time podia perder por um gol de diferença que ainda ficaria com o título.

Mesmo assim, jogou como um verdadeiro campeão. Pressionou do início ao fim, teve mais oportunidades e mereceu a taça.

O adversário pouco pode fazer diante de uma equipe entrosada, motivada e bem treinada pelo Rei do Acesso, Givanildo Oliveira.

A campanha? Em 14 jogos foram nove vitórias, dois empates e três derrotas. 22 gols marcados e 11 gols sofridos.

Bruno Mineiro: o artilheiro americano na Série C. Foto: Paulo Filgueiras

O artilheiro da equipe foi o atacante Bruno Mineiro, autor de seis gols na competição - inclusive o do título.

Depois de 12 anos, o Coelho volta a conquistar um título nacional. Depois de cinco anos, o americano volta a sorrir.

19 de setembro de 2009. Um dia para ficar na história do América Futebol Clube.

Parabéns, América! E que você continue honrando o Estado de Minas Gerais...

Fábio Pinel é apresentador do programa Meio-de-Campo.

17 de setembro de 2009

Galo eliminado! Quase bom!

Uma eliminação deve ser lamentada sim. Mas para o momento que vive o Atlético, no campeonato brasileiro, a saída da Copa Sul-americana não pode ser tratada como tragédia. Pelo contrário. O time reserva, mesclado com alguns jogadores da base, mostrou maturidade nas duas partidas contra o Goiás. Os dois empates contra a equipe esmeraldina foram detalhes que só acontecem no futebol. E foram dois pênaltis.

No jogo em BH Pedro Oldoni desperdiçou a cobrança que poderia dar a vitória ao Galo. Ontem, no Serra Dourada, Thiago Cardoso fez falta boba em Fernandão dentro da área, pênalti que Felipe converteu e garantiu o mesmo placar do Mineirão.

Na decisão por pênaltis seria leviano culpar Renan, e muito menos Chiquinho, pela eliminação. Vale agora é parabenizar o Goiás que vai enfrentar o Serro Porteño.

Isso sim é de se lamentar. Jogar contra um time estrangeiro seria muito bom para os jovens jogadores do Atlético. O grupo “reserva” ganharia mais experiência e bagagem, internacional, para uma possível disputa da Libertadores no ano que vem.

De bom: força máxima e concentração total no brasileirão.

14 de setembro de 2009

Bola de cristal pra escanteio


Olha o Galo aí de novo. Massa atleticana sorrindo, time de volta ao tão desejado G4. Contra a descrença que surgiu de uma seqüência de seis jogos sem vencer, renasce a esperança. Da vaga na Libertadores. E do título do Brasileiro.

Os principais obstáculos no caminho da equipe mineira rumo ao topo da tabela ainda serão enfrentados no returno. O Atlético não jogou com São Paulo, Inter e Palmeiras. Também não enfrentou Goiás, Corinthians e Barueri nesta segunda fase do campeonato. Todas essas são partidas que podem valer seis pontos. Empurram o time adiante e travam a arrancada de quem pode ameaçar o sonho atleticano.

Nenhum super-time despontou na série A este ano. É mais fácil destacar treinadores e boas seqüências de resultados. Contexto ideal para ninguém apontar o campeão com várias rodadas de antecedência, como aconteceu em anos anteriores. E o sobe-e-desce na tabela – já vivido por times como Atlético e Corinthians – também estimula quem está correndo por fora.

Raciocinando dessa maneira, dá pra colocar times como Avaí, Santos, Flamengo e Cruzeiro como possíveis integrantes do pelotão de elite. O time celeste, por exemplo, fez a melhor partida do Brasileiro justamente contra o vice-líder, o Inter. Ou seja, as bolas de cristal vão ter que esperar um pouco pra revelar quem vai levantar a taça.

Carol Delmazo faz o quadro “De salto alto” do Meio-de-Campo.

10 de setembro de 2009

O Morto-vivo


A Jornada de Adilson Batista no Cruzeiro terminou no dia 15 de julho de 2009. Para quem não se lembra da data, vou dar uma dica: neste dia o Cruzeiro enfrentou o Estudiantes pela Final da Libertadores no Mineirão. Ali mesmo, no vestiário do Estádio após o jogo, o treinador deveria ter pedido o boné e partido dessa para uma melhor. Mas não, preferiu ficar, seduzido pela falácia da diretoria que atribuiu o fracasso às coisas que só acontecem no mundo futebol.

Estavam errados: aquela derrota não foi do mundo do futebol nem de qualquer outro. Não dá para perder um título desses, acordar no dia seguinte, pegar o ônibus e ir trabalhar normalmente. O cruzeirense precisava se purificar para sair do inferno para onde foi conduzido, e ardeu sob o estalar dos fogos atleticanos.

Era o momento de um sacrifício. Da vítima imolada no altar dos títulos perdidos. Adilson Batista era a oferenda perfeita. Mas foi negada ao torcedor. E hoje o técnico perambula pela toca da raposa como um morto-vivo, apavorando jogadores e aterrorizando jornalistas. Um casmurro que ainda não purgou seu pecado. E só vai se curar quando pedir demissão.

Para o bem de todos.

"Os títulos entram para a história, mas a beleza do jogo fica guardada em nossos corações."

Acho que desde 2002 a Seleção Brasileira não me empolga. Nem mesmo o quarteto mágico, criado pela nossa imprensa, antes da Copa de 2006, me enchia tanto os olhos. Deu no que deu!
A seleção de Dunga começava a me chamar a atenção. Títulos, vitórias e até bons jogos. Foi quando entrei no blog "Ópio do Povo" do meu amigo Bernardo. Depois de ler o texto "Eu sou mais 82" e ver o vídeo que lá está, vi que as conquistas são importantes, só que o futebol não vive somente de troféus e que ainda falta muito para a seleção de Dunga fazer parte dos meus sonhos. Convido vocês a acessarem o link e entenderem o que estou falando.


http://opiodopovo.wordpress.com/2009/09/09/eu-sou-mais-82/

9 de setembro de 2009

Jornalismo não é assessoria de imprensa


Pegando o gancho levantado pela minha colega Carol Delmazo, que vem se firmando como uma voz isolada na mídia impressa sobre pontos de vista inteligentes de mulher falando de futebol – portanto na contramão do clichê enfadonho –, a irritação do técnico Adílson Batista com o repórter da Rede Minas Luciano Moreira é culpa da crônica esportiva.

Todos nós estamos entediados com o jornalista-torcedor, irmão siamês do fim da obrigatoriedade do diploma na área para o exercício da profissão. Não que eu defenda o diploma. Já foi tarde, porque jornalismo e jornalista não precisam de carimbo de faculdade privada de terceira linha. Jornalismo é coisa séria. Portanto, coisa diferente desse exercício amigável entre jornalistas e cartolas e estrelas do futebol (técnicos incluídos).

-- Boa noite, Adílson! Você não acha que você é o máximo, o time do Cruzeiro é o máximo e o resto do mundo está equivocado?

Ninguém aguenta mais isso.

O Meio de Campo deste domingo traz uma matéria tentando refletir sobre duas questões interdependentes. De um lado, sete times não trocaram de técnico desde o início do Brasileiro: Atlético, Cruzeiro, Corinthians, Inter, Grêmio (interpretação), Goiás e Avaí. De outro, a posição na tabela de cada um desses times.

Em que pese o Cruzeiro estar se recuperando da síndrome da Libertadores, esse estranho fenômeno que joga equipes como Fluminense, Sport e a Raposa numa espécie de limbo, lugar simbólico em que o time se desencanta com o mundo, o fato é que o esquadrão celeste, dos sete, é o que ocupa a pior posição na tabela entre as equipes que estão até hoje com o mesmo técnico desde o início do Brasileirão. Daí que um repórter digno do ofício, como o Luciano Moreira, tenha mais é que fazer perguntas incômodas, mesmo que tenham como objeto, por hipótese, o time do coração dele.

O repórter do Meio de Campo está certo em fazer perguntas incisivas. O resto é assessoria de imprensa! Tem um monte de coleguinhas que deveria refletir sobre a profissão e seus pressupostos, como o interesse público – esteio fundamental do bom jornalismo, principalmente do jornalismo ligado ao interesse do cidadão.

Como disse Son Salvador no domingo passado, na bancada do programa, a pergunta não é do Luciano, é do torcedor!

Que Adílson é um dos maiores técnicos da atualidade só quem está de má vontade desconhece. Como todo grande “professor”, é hora de ele mostrar humildade e aprender que é com críticas que se cresce em qualquer área do conhecimento. Perguntar não só não ofende, como faz a história andar pra frente.


Alexandre Freire

Jornalismo, Adílson, é o que incomoda!

(Adílson Batista - foto Abril)
Quem acompanha o noticiário da Rede Minas já percebeu que o nosso colega Luciano Moreira vem dando trabalho nas entrevistas coletivas. Especialmente após jogos do Cruzeiro. A conversa com a imprensa depois da partida Cruzeiro e São Paulo não foi a primeira vez que Luciano questionou de maneira incisiva o técnico Adílson Batista. O treinador, mais uma vez, não gostou das perguntas. Ou melhor, estranhou.

Sabe por quê? Atire a primeira pedra quem nunca criticou a abordagem dos jornalistas esportivos. Afinal, geralmente ouvimos questionamentos superficiais, muitas vezes óbvios e que provocam respostas no estilo mais-do-mesmo. Os jogadores e técnicos mais espertos aproveitam os “ganchos” para ironizar o despreparo da imprensa esportiva.

E ser humano se acostuma. As perguntas de sempre são respondidas quase que automaticamente pelos entrevistados. E quando surge uma dose extra de audácia e conhecimento, a tendência é mesmo o estranhamento. Não acredito que Adílson Batista tenha se alterado – mais de uma vez – com Luciano por considerar fracas as perguntas ou por não ter o que responder. Sendo Poliana, acho que é só questão de tempo, até se acostumar com uma postura diferente, como a do nosso colega Luciano.


Carol Delmazo faz o "De Salto Alto" do Meio de Campo.

Luciano Moreira é repórter do Esporte

8 de setembro de 2009

E lá vai ele (de novo)!

Tardelli em sua 1ª convocação na "Era Dunga". Foto: Globoesporte.com

Já garantido na Copa, Dunga poderia se dar ao luxo de contar com apenas seis jogadores no banco de reservas nesta quarta-feira, contra o Chile, em Salvador.

Poderia...

O comandante da seleção optou porconvocar quatro jogadores para compensar as perdas de Luisão, Ramires, Kaká e Luís Fabiano - todos suspensos - além de Robinho, vetado pelo Departamento Médico.

Já desembarcaram na capital baiana o zagueiro são-paulino André Dias, os meias palmeirenses Cleiton Xavier e Diego Souza, além de Diego Tardelli.

O atacante parece retomar a boa fase. Depois de quebrar um jejum de quatro jogos sem gols, diante do Santo André, o camisa 9 do Galo foi lembrado novamente por Dunga.

Tá que só foi chamado porque a seleção teve baixas, mas isso é um sinal de que ele ainda briga por uma vaga no grupo que vai para a África do Sul.

Tardelli quebra jejum contra o Santo André. Foto: Futura Press

E tome nota: com a vaga garantida no Mundial não será surpresa se, para os jogos contra Bolívia e Venezuela - os últimos do Brasil nas eliminatórias - Dunga deixe os "medalhões" de fora e volte a convocar Diego Tardelli.

Fábio Pinel é apresentador do programa Meio-de-Campo.

6 de setembro de 2009

Arroyitonazo!

Jogadores agradecem apoio da torcida brasileira em Rosário. Foto: Reuters

Quase 23 meses depois da primeira partida pelas eliminatórias, o Brasil finalmente garantiu sua classificação para o Mundial de 2010.

Não que isso não fosse esperado, mas é fato que, no início, poucos (eu, inclusive) acreditavam que Dunga teria sucesso na seleção.

O caminho foi turbulento. Os seguidos empates em casa, sem gols, contra Argentina, Bolívia e Colômbia, geraram questionamentos.

Hoje, porém, afirmo: nosso escrete está no caminho certo! As goleadas sobre Peru e Uruguai ( em pleno Centenário), a vitória diante do Paraguai e o triunfo histórico na Argentina provam isso.

Pela primeira vez derrotamos nossos hermanos em seu território pelas eliminatórias. E foi com propriedade, diga-se de passagem.

Luís Fabiano: o nome do jogo! Foto: Reuters

Um time bem montado, com esquema definido, usando bem a bola parada e os contra-ataques. Diferente do começo da "Era Dunga".

A torcida argentina, que lotou o estádio Gigante de Arroyito, silenciou-se diante do futebol brasileiro - ao mesmo tempo em que lamentava o pífio desempenho (quem diria?) de seu maior craque na atualidade: Lionel Messi.

Luisão, de cabeça, abriu o placar após cobrança de falta de Elano. Luís Fabiano aproveitou um rebote do goleiro para ampliar. E na segunda etapa não desperdiçou o ótimo passe de Kaká e marcou seu segundo gol na partida - o terceiro do Brasil.

Ah, antes teve um golaço de Jesús Dátolo, armador que trocou recentemente o Boca Juniors pelo Napoli (onde Maradona brilhou).

Tenho que dar o braço a torcer. Finalmente, o "Capitão do Tetra" provou que merece estar onde está. A partir de agora tem meu voto de confiança.

E que venha a África do Sul em 2010!

Fabio Pinel é apresentador do programa Meio-de-Campo.

3 de setembro de 2009

A falta que faz um gol de honra


Nas peladas do bairro Santo Agostinho, numa época em que lá havia terrenos baldios e as calçadas também se transformavam em arenas à noite, iluminadas pelas lâmpadas de mercúrio e livres dos males que viriam mais tarde sob o nome de violência urbana, gol de honra era coisa séria.

Havia placares elásticos porque craques da rua desequilibravam vez por outra. Mas o time perdedor esfolava quantos joelhos fossem e seus atletas se arriscavam e duras reprimendas de volta em casa pelo estado lamentável da roupa. E “chutar bola”, como falava dona Eusa, com sapato de escola porque seu time precisava de você?

O gol de honra é apenas isso: um gol que mostra que o perdedor conserva a dignidade na derrota. Um moleque daquele tempo perdia a partida, o rumo de casa, às vezes até um amigo por escolher mal as palavras numa discussão sobre interpretação em arbitragem. Mas, o certo é que com o gol de honra, o vencido seguia com a alma em paz para o chuveiro que avivaria os ardores da pele lanhada.

Na partida há pouco encerrada entre Internacional e Atlético (jogo da 17ª rodada adiado), faltou o gol de honra. Com outras faltas, a torcida sofrida do Galo já se acostumou, ainda que contra a vontade.

Como dizia o Arlindo, pintor de paredes da minha infância, “a gente se acostuma não é só ao que é bom não”. Disse essa frase com a pele parda coberta de tinta, do alto de uma escada. Menino que assistia curioso ao trabalho de artesão, guardei-a pela intuição de que continha ensinamentos que fariam sentido mais tarde.

...

A massa do Galo está habituada à falta de talento que amaldiçoa o time desde que Reinaldo Lima teve decretado o fim de uma carreira brilhante pela combinação da covardia dos adversários, da ganância dos cartolas e da truculência do regime militar.

A massa também acostumou-se à falta de compromisso e empenho de barcas de jogadores; ao desconhecimento dos valores que um dia deram ao Galo um lugar de destaque “no cenário esportivo mundial”.

Ver o alvinegro na roda no segundo tempo, no Beira-Rio, como se fosse um pouco mais que um timinho é dolorido. Saber que o primeiro campeão brasileiro é motivo de chacota há algum tempo entre quantos torcedores ostentam mais estrelas amarelas no peito também é desconfortável. Mas inaceitável mesmo é ter um time vestindo a camisa alvinegra de Lourdes que seja incapaz do gol de honra. Pois é disso que se trata. De honra.

Faltou muita coisa ao Galo diante do Inter, merecedor inquestionável do título de campeão do primeiro turno e desde já favorito a levantar o troféu no fim do ano. Uma só coisa não dá para perdoar: a falta do gol de honra – se não pelo resultado, pelo hino, pela camisa, pela torcida. Pelas coisas que ficam.

Alexandre Freire

2 de setembro de 2009

Como escolher um treinador


Assim como a aspirina, o leite longa vida e o pão fatiado, o treinador de futebol também tem prazo de validade. Infelizmente, nos treinadores esta data não vem impressa como nos alimentos, remédios e bebidas. Por isso, não é tão fácil descobrir. Dá pra desconfiar de algumas situações mas, na verdade, os clubes ainda parecem ter dificuldades na hora da identificação da embalagem.

Renato Gaúcho por exemplo. Quando ele foi contratado pelo Fluminense ninguém acreditou. Tava na cara, nem precisava procurar muito, o prazo de validade estava no fim. não deu outra e Cuca foi contratado para ser o 19º treinador do clube na era dos pontos corridos. O Fluminense é o líder neste quesito no futebol brasileiro. Não por acaso é o lanterna quando o que conta são as vitórias. Agora, será que não dá para reparar bem na hora de contratar um Carlos Alberto Parreira?

No ranking de troca de técnicos o Atlético é o terceiro, atrás do Fluminense e do Flamengo. Foram 15 trocas desde 2003, segundo um levantamento feito pelo GloboEsporte.com. Alguns já estavam fora do prazo de validade, mas ninguém conseguiu enxergar a data em Procópio, Geninho e, mais recentemente, Leão.

Já o Cruzeiro está entre os clubes que contrataram treinadores menos perecíveis. Foram 9 em 7 anos.

O São Paulo é o último colocado neste ranking. Trocou de técnico apenas 6 vezes. Não por acaso é o líder de outro ramking, o de títulos. O Clube soube inclusive identificar quando Muricy Ramalho, o mais longevo treinador da era dos pontos corridos, começou a se deteriorar no CT.

1 de setembro de 2009

Janela fechada, é hora de abrir portas


Fechou-se a janela de transferências. Pela última gretinha, ainda entraram no Cruzeiro dois zagueiros (Caçapa e Luizão) e um lateral-direito (Patrick). O Atlético acertou com o goleiro uruguaio Carini. Agora que não há muito a ser feito através da janela, é hora de abrir pelo menos uma porta.

Tem uma que leva à série B. Fácil de abrir, mas ninguém quer. Outra que não abre e deixa tudo como está (da 14ª a 16ª colocação). Tem a da Sulamericana. E, claro, muito bem trancada, a porta da Libertadores. Para abri-la, algumas chaves são necessárias.

Chave 1 – Estamos na era dos pontos corridos desde 2003. Já deu para entender que cada rodada tem que ser encarada como decisiva. Perder pontos de bobeira (como fizeram direitinho os clubes mineiros na última rodada) não dá.

Chave 2 – Em um campeonato longo, que começa em maio e termina em dezembro, é quase impossível contar com o time titular completo por muito tempo. Suspensões e contusões são inevitáveis. Justificativas do tipo “perdemos porque o time estava muito desfalcado” não colam.

Chave 3 – Raça, garra, coração, amor. Como mostramos no “De salto alto” do último domingo, são palavrinhas muito comuns nos hinos dos clubes. Fazê-las valer dentro de campo é respeitar o desejo dos torcedores.

Com essas três chaves em mãos, não há fechadura que resista.

Carol Delmazo é repórter e faz o quadro "De Salto Alto"