20 de outubro de 2008

Coisas deixadas pelo caminho

Quando Wagner Tardelli apitou o final de Atlético 0 x 2 Cruzeiro ontem no Mineirão, os atleticanos devem ter sentido alívio. Dois minutos de partida seriam suficientes para saber que o Galo seria derrotado. O alívio se justificaria pelo fato de a derrota não ter vindo chancelada por outra goleada.

É visível a superioridade do time celeste. O toque de bola que a equipe comandada por Adílson Batista – legítima aspirante ao título – imprime ao jogo é envolvente, bonito, eficiente. A redonda parece deslizar obediente às ordens que recebe dos pés de jogadores da Toca. Quanto ao Galo, que tristeza! Pelos alvinegros, ela é mal-tratada com falta de intimidade, chutões e passes errados.

Depois do jogo, vem a público o bate-boca entre o conselheiro e ex-presidente Afonso Paulino e o diretor de futebol, Alexandre Faria, demitido (com mais três funcionários do clube ligados à base) sob acusação de agenciamento de jogadores. Uma discussão antes do clássico e salários atrasados há quase três meses não podem ser causas imediatas de mais uma surra diante dos arqui-rivais, mas tampouco ajudam quando se tem um time tão fraco tecnicamente e taticamente desfigurado.

Hoje à tarde, foram apresentadas as três chapas que devem concorrer às eleições para presidir o clube entre 2009 e 2011. Uma análise superficial não traz grande alento de renovação e mudança. Há motivos de esperança ante os tempos que se anunciam? O torcedor do Atlético deve balançar a cabeça em sinal de desconsolo.

Sem esperança no futuro, o centenário se transforma numa advertência. O clube chegou aos cem anos movido pela energia espontânea de sua generosa e apaixonada torcida. Mas isto dá claros sinais de desgaste. O Clube Atlético Mineiro tem hoje mais idade que tradição; e menos de todo o restante – torcedores, auto-estima, alegria. Tantas coisas importantes que foram deixadas pelo caminho.

Alexandre Freire escreve às segundas-feiras

Um comentário:

  1. Apesar de toda a vergonha que a torcida atleticana tem passado com seu time no ano do centenário, nós cremos que ainda é possível salvar o Atlético de um vexame ainda maior. Isto é, a volta para a segunda divisão. Entendo ser natural que os meninos do Galo tenham "amarelado" diante do arqui-rival, o que até certo ponto penso ser natural. Mas são exatamente estes que poderão voltar a nos dar alegrias no futuro. Mas isto somente poderá acontecer se o novo presidente tratar o Atlético com o respeito, seriedade e o profissionalismo que ele merece. Caso contrário a qualquer momento poderemos ver o glorioso fechando suas portas. Saudações Atleticanas.

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