Quando a bola rola no clássico há sempre o risco de acontecer o imponderável. O covarde pode se agigantar, o craque amarelar, o frangueiro virar herói, o perna-de-pau meter o gol da vitória e o ídolo passar a mercenário. Não existe uma receita capaz de sugerir o favorito. O Cruzeiro de Tobe já bateu o Atlético de Reinaldo. O Galo de Tucho já venceu a Raposa de Alex. E assim caminha a história de um encontro marcado pela paixão.
A ansiedade, a angústia, a euforia e a melancolia transformam a alma do torcedor num turbilhão de emoções, mesmo antes de o jogo começar. Existem abreviações para muitos clássicos, como Grenal, Atletiba, Fla-Flu e por aí vai. Esse que toma os corações celestes e alvi-negros na mesma intensidade jamais pôde ser abreviado. Tem uma singularidade, um encanto especial que vai além da cultura para o povo mineiro.
Nesse momento um prognóstico acerca de quem vencerá o próximo se torna algo ainda mais difícil. O Atlético vem de uma vitória que deixou o torcedor arrepiado, 3 x 0 sobre um Flamengo assustado, perdido diante de uma fúria que parece ter sido motivada por alguma força sobre-natural. Já o Cruzeiro de hoje é um time emblemático, que briga pelo título e tem a incrível capacidade de vencer partidas jogando muito mal — pelo menos sob o ponto de vista estético.
A motivação é a mesma para os dois times, qualquer coisa que digam diferente disso é conversa para boi dormir. Está para chegar o dia em que o Cruzeirense não vá se importar com uma derrota para o rival, e Atleticano que é Atleticano sempre vai fazer questão de ver seu time ganhando do Cruzeiro. São ingredientes assim que transformam o jogo Cruzeiro x Atlético em algo que envolve a expectativa mesmo daquele que possa parecer indiferente.
Cyro Gonçalves é jornalista da Rede Minas
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