31 de outubro de 2008

Sugestão de blog e de estilo de vida

Recebi nesta semana um e-mail de alguém que não tinha notícias há um ano. Um daqueles caras que passam por nossa vida, somem do mapa, mas nunca da lembrança.
Um amigo que conheci na faculdade de jornalismo, que desistiu do curso, e fez o vestibular mais uma vez para jornalismo, só para ter certeza que era isso que ele não queria para a vida dele.
Dizia que ia morar na Holanda. Foi pra Santa Catarina e depois viveu na Argentina. Foi detido pela embaixada norte-americana, em Buenos Aires, depois de imitar com a boca a explosão de uma bomba. Sarcasmo puro de um “afroavacalhadodescendente” brasileiro.
Junto com o e-mail a notícia que ele é responsável pelo blog
http://opiodopovo.wordpress.com/. Um blog que tem a cara dele. Crítico e, às vezes, sarcástico. De personalidade, assim como ele. Se alguém quer fugir da monotonia das páginas dos jornais e dos canais de televisão “opiodopovo” é uma boa sugestão de utilização da criatividade e da cultura no futebol.
Bernardo Guimarães desistiu do jornalismo. Ainda bem, pois não nasceu para ficar preso numa redação e sim para ser do mundo, como fez nos últimos anos.
João Paulo Ribeiro

É possível, sim!

31 de outubro, também conhecido como o “Dia das Bruxas”. E não é que a data reservou uma surpresa nada agradável para o técnico do Cruzeiro, Adílson Batista? Na minha consulta diária aos grandes portais da internet, vejo o destaque do Superesportes: “Jadílson é desfalque por pelo menos três semanas”.

Ora, realmente eu não me preocupo tanto com isso. Claro que a qualidade do jogador é indiscutível. Mas das muitas lições que eu aprendi na vida, está uma passada pelo treinador cruzeirense, em uma das inúmeras coletivas concedidas ao longo deste ano: “Eu não lamento desfalques”, costuma dizer Adílson.

Todas as equipes neste Campeonato Brasileiro têm problemas para administrar. É verdade que os de alguns são bem maiores do que os de outros, mas continuam sendo problemas. O fato é que, nesta reta final, a equipe celeste parece não se abater com nada.

E nem pode. Faltando seis rodadas para o final da competição, o Cruzeiro é sério candidato ao título. Os últimos adversários serão o Goiás (no Serra Dourada), o Fluminense (no Mineirão), o Náutico (no Recife), o Flamengo (em Belo Horizonte), o Internacional (no Beira Rio) e a Portuguesa (na capital mineira).

Entre os adversários na briga pelo título, é preciso ter atenção ao São Paulo. O atual bi-campeão enfrenta quatro times que brigam para não cair – e que teoricamente são mais fracos. No caminho do Tricolor estão Portuguesa, Figueirense, Vasco e Fluminense, além de Internacional e Goiás.

Espero que o torcedor deixe de lado nesse momento todas as insatisfações, dúvidas e desconfianças que em algum momento tiveram a respeito do trabalho de Adílson Batista, e apóiem o seu time da forma que um campeão merece. Com amor, carinho e dedicação.

O sétimo título nacional da Raposa será conseqüência...

Fábio Pinel escreve às sextas-feiras no blog do programa Meio-de-Campo.

30 de outubro de 2008

Gols da 32ª rodada do Brasileirão

Mais que gol, gol, gol...

Gosto assistir jogos pela TV, mas ouvindo o rádio. Quase sempre sintonizo uma emissora no primeiro tempo e no segundo mudo de estação.

Alberto Rodrigues, narrador cruzeirense da Itatiaia, confessou certa vez no programa Meio-de-Campo que o grito de Gol, Gol, Gol, que o caracteriza na hora do “momento maior do futebol” originou-se depois de um gol de Palhinha. O lance teria sido tão belo que o locutor não conseguia parar de repetir a palavra. Daí surgiu o bordão do “Vibrante”.

Ontem com 14 segundos de jogo ele já entoava o grito característico. Na TV assistia a uma partida impecável do time, muito bem dirigido por Adílson Batista. Foi uma partida eletrizante, um show, que deve ter deixado não só o Celso, mas também o Muricy, o Wanderley e todos os torcedores de Grêmio, São Paulo e Palmeiras bastante preocupados.

O que a TV não mostrou e a gente não pôde ouvir no rádio foram os detalhes que você pode apreciar abaixo.

Uma imensidão azul fez um espetáculo à parte. Foram cores, gritos, rostos, hinos, coreografias e coros que a torcida cruzeirense proporcionou com maestria. As imagens de Wallace Jardim (cinegrafista e cruzeirense) deixaram claro que um olhar apaixonado revela a verdadeira festa das arquibancadas e dentro de campo.

Essas mesmas lentes mostraram a festa de um treinador que pulava feito criança e abraçava seus comandados. Mascotes e torcedores se fundiam.

Mais que gols, esse jogo teve sons, imagens e sentimentos que só quem esteve no estádio pôde ver e viver. O gostinho de 2003 começou a adoçar as papilas assim como o cheiro de título.

Por isso a torcida não quer apenas gols e sim Gol, Gol, Gol...

Cláudio Gomes, escreve às quintas-feiras

Uma fina iguaria

Quando saí do trabalho para casa na expectativa de ver um Cruzeiro x Grêmio disputado no meio campo, com um monte de volantes fazendo faltas duras e a rainha do espetáculo sendo mal tratada o tempo todo, confesso que já havia pensado em como eu poderia começar a escrever este texto.

Pensei que iria descrever em tom nostálgico uma época em que o futebol era como a canjiquinha de minha querida avó, hoje morando com os anjos: algo verdadeiramente semelhante à arte, mas que havia ficado para trás. Pela manhã ouvi em uma rádio que Adílson Batista escalaria seu time de acordo com a maneira como Celso Roth montaria a equipe do Grêmio. Isso já me havia feito pensar que esse texto poderia mesmo ter título, início, meio e fim ainda antes de o jogo começar.

A surpreendente escalação do Cruzeiro, corajosa, ofensiva — o que é de fato uma vocação histórica que marcou memoráveis esquadrões celestes — me fez ficar em apuros, me fez ter que lembrar da canjiquinha da minha avó de uma maneira diferente. Ah, essa canjiquinha que há tanto tempo não degusto... Apesar de ser torcedor do Centenário Tricolor Gaúcho, a noite embalada pelo céu das cinco estrelas provocou encantamento, admiração pelo verdadeiro futebol. Essa era uma receita que há muito estava esquecida na gaveta e que eu não imaginava poder degustar de novo tão cedo, ainda mais nesta terra onde a bola parece ter ficado quadrada.

Cyro Gonçalves é jornalista da Rede Minas

29 de outubro de 2008

Quatro pontos e dois objetivos

Cruzeiro e Ipatinga entram em campo hoje em situação absolutamente diversa. O time da capital luta pelo título e o do Vale do Aço briga desesperadamente para não voltar para a segunda divisão.

Mas nem tudo é tão diferente assim para os clubes que outro dia eram matriz e filial. Pelo menos o número quatro é comum aos dois. Esse é o número de pontos que separa o Cruzeiro do líder do Campeonato Brasileiro. E esses mesmos quatro pontos distanciam o Tigre do líder da zona de rebaixamento.

E a noite marca justamente o encontro da Raposa (3º) com o Grêmio (1º) e do Ipatinga (20º) com a Portuguesa (17º). Vitória dos times mineiros pode significar uma arrancada rumo a objetivos diferentes, mas não menos dignos.

Mesmo assim, celestes e quadricolores ainda vão ter que contar com tropeços de outras equipes para se aproximarem de suas metas.

A vantagem é que entre Cruzeiro e Grêmio só tem o São Paulo. E acima desses três, a glória. O Tigre do Vale do Aço tem que torcer contra Vasco e Atlético Paranaense, além de superar a Lusa. E acima desses quatro, outros três – Náutico, Figueirense e Fluminense – se engalfinham para fugir da degola.

Eduardo Almada escreve às quartas-feiras

28 de outubro de 2008

Tem que ter “bala na agulha” nessa reta final

Na última rodada do Brasileirão foram 3,1 gols por jogo, o que ajudou a melhorar um pouco a baixa média do torneio deste ano. Depois de 31 rodadas, a média subiu para 2,76. Considerando apenas os campeonatos de pontos corridos (começou em 2003) esses números só não são piores que 2006. As defesas brasileiras estão melhores do que em outros anos ou os ataques que não funcionam?
Uma coisa é certa! Atacar nessa reta final pode fazer a diferença. Alguém tem dúvida que o Cruzeiro vai partir para cima do Grêmio? Que o Palmeiras jogando em casa vai pressionar o time do Goiás? Que Vitória e Flamengo têm tudo para fazer um jogo de muitos gols? Ou que o São Paulo, melhor ataque da competição ao lado do Flamengo com 51 gols vai passar em branco diante terceira melhor defesa da competição que é a do Botafogo?
O vídeo produzido pelos editores Cláudio Gomes e Thiago Pinheiro ilustra bem o poder de fogo dos cinco primeiros colocados na tabela de classificação e de gols desse Brasieliro. Não tenham dúvidas que todos eles vão utilizar artilharia pesada para chegar ao título.

João Paulo Ribeiro escreve às terças-feiras.

27 de outubro de 2008

Lances

1- O jogador de futsal Falcão foi muito criticado por ter criado uma confusão depois do jogo que deu ao Brasil o hexacampeonato, no domingo atrasado. Ele teria agredido um jogador espanhol pelas costas. Não é raro que um fora-de-série apresente desvios de caráter e/ou personalidade, ou que não aja da forma que gostaríamos. Guardadas as proporções, é o caso do poeta Ezra Pound, acusado de colaborar com o fascismo. E do craque francês Zidane, na última final de Copa do Mundo de Futebol, dando uma cabeçada no adversário italiano. Humanos, demasiado humanos?

2- Saiu este mês uma nova revista de futebol, a Fut!, editada pelo mesmo grupo do jornal Lance! (leia-se Walter de Mattos Junior). Ao trazer para os leitores seções específicas para as seis ligas mais importantes do futebol europeu (pela ordem Portugal, Itália, França, Espanha, Alemanha e Inglaterra), ela está dizendo o que a imprensa nacional ainda não descobriu: com o êxodo dos jogadores mais, digamos, midiáticos, para o exterior, a imprensa esportiva deveria fazer o mesmo movimento, editando para seu público essa nova ordem, esse novo mapa ludopédico. Acordem!

3- Você quer um argumento para provar que este campeonato brasileiro é um dos mais fracos da história? Então anote aí: os melhores ataques são os de São Paulo e Flamengo, cada um com 51 gols. É média de 1,64 por jogo, a pior desde que os pontos corridos passaram a valer.

4- Apenas quatro clubes perderam apenas uma partida em casa –são os que apresentam a melhor performance nesse quesito: Grêmio, Palmeiras, São Paulo e Internacional. Na seqüência aparecem seis equipes, com apenas duas derrotas em casa. Dentre elas, Cruzeiro e Atlético.

5- As duas equipes que mais venceram fora de casa foram o Cruzeiro e o Flamengo. Esse é um dado importante, pois levará o caneco aquele que pontuar fora de casa (considerando que vencerá em seus domínios).

6- Mas tudo isso não quer dizer nada: qualquer um dos cinco times que figuram entre os primeiros pode sair campeão, daqui a sete rodadas. Portanto, não acredite nos matemáticos que calculam a chance de cada um, no fim de uma rodada; e não acredite nas previsões dos metade sábios metade bestas, dentre os quais me incluo.

7- Música para a próxima rodada, que abre depois de amanhã: "Soccer ball" (Bola de futebol), de Toninho Horta, do CD Durango Kid (Part I).

Fabrício Marques é jornalista e doutor em Literatura

A Hora da Torcida


O Cruzeiro faz quarta-feira, contra o grêmio no Mineirão, o jogo que vai definir suas ambições no Campeonato Brasileiro. Se desejar o título, só a vitória interessa. Já que qualquer resultado diferente, só restará a luta por uma vaga na Taça libertadores da América.

E o que pode fazer a diferença neste confronto entre dois times quase equivalentes? Sem dúvida, que é a arquibancada do Mineirão. Se o time do Cruzeiro tem seu dia de decisão, a torcida tem sua prova de fogo.

Não dá para pensar em um público menor que 40 mil torcedores no estádio.

Torcida ganha jogo? Não. Mas pode eletrizar o time e descontrolar o adversário.

Os cruzeirenses não podem perder esta chance.

Raça e união, dentro e fora do campo

Um telespectador do Meio de Campo ou internauta deixou um comentário sugerindo que Alexandre Kalil e Sérgio Bias Fortes se unam para conduzir o Atlético pelos próximos três anos. A eleição, como todos sabem, é na quinta-feira, 30 de outubro, e vai ser disputada por três candidatos que estiveram no programa de ontem da Rede Minas. O terceiro candidato, não citado pelo telespectador-internauta, é o Itamar Vasconcellos.

Não vou entrar no mérito de quem deve ser eleito, ainda que eu, como todo o mundo, tenha um palpite forte sobre o resultado das eleições. Mas o que quero destacar nas primeiras horas desta segunda-feira aqui no blog é que o internauta tem razão: o Galo precisa unir forças.

No debate, se não ficaram claras as propostas – em parte pelo formato de TV, que é meio avesso ao debate, em parte porque a discussão mereceria no mínimo uma hora em vez de dois blocos de 18 minutos –, saltou aos olhos que, em termos de discurso, Alexandre Kalil fala uma língua que os atleticanos reconhecem.

Na quinta-feira, um conselho de 420 e tantos membros – que nem de longe representam os desejos da torcida condoída do alvinegro – vai escolher os dirigentes que têm pela frente recuperar uma empresa falida sobre a qual pesa o sentimento de afeto de uma nação. Uma tarefa que remete à raça cantada no hino.

Um dia antes de definir seu futuro, o Galo pega o Coritiba lá no Sul. Do jogo contra o Internacional, apesar do mau resultado, os jogadores em campo mostraram luta e determinação, uma boa notícia a esta altura. Talvez o centenário, ao final de tudo, não tenha sido perdido. O tempo nunca é em vão quando nos obriga a pensar e acertar contas com as nossas escolhas.

Alexandre Freire escreve às segundas-feiras.

26 de outubro de 2008

Bem-vindo, Corinthians!

O Corinthians está de volta à série A. Nenhuma surpresa, dada a regularidade com que o time atuou na Segunda Divisão, abrindo uma confortável frente sobre os adversários não apenas ao ascenso mas ao título. Mais importante do que retornar tão bem à elite do futebol é que o Timão se reapresenta com um time arrumado, com a manutenção do técnico Mano Menezes e tendo a torcida renovada ao seu lado.

Retornar à Primeira Divisão não é nada simples. A Segundona é um torneio sem glamour, duro, muito disputado e contra um monte de times chatos entre os decadentes e os que não tem tradição no andar superior. Veja o caso do Galo, por exemplo. Há dois anos de volta na série A, tem tido participações medíocres.

Tradição, camisa, torcida são coisas importantes para se manter entre os 20 melhores times de futebol do Brasil. Mas não é o suficiente. Planejamento, organização, saúde financeira e capacidade de gerar audiência pela televisão e nos estádios são ingredientes também fundamentais para a manutenção no escalão de cima.

Outro caso a apontar é o Ipatinga, que parece condenado ao retorno à série B. Falta-lhe tudo. A questão a esta altura é quem pega o elevador para baixo com o Tigre. Vasco, Atlético-PR, Portuguesa – o pessoal que fecha a rodada na zona de rebaixamento? Depois da bela vitória sobre o Porco, o Pó-de-Arroz das Laranjeiras tem boas chances de escapar da degola.

E o título? Palmeiras e Cruzeiro deram tropeços que podem lhes custar o sonho. Grêmio e São Paulo se afirmam. Flamengo continua no páreo. Na próxima quarta-feira, os olhos do Brasil voltam-se para o Mineirão. Cruzeiro e Grêmio farão o jogo da rodada. Três duelos de desesperados: Portuguesa x Ipatinga, Vasco e Atlético-PR e Figueirense x Fluminense.

O Galo vai à Curitiba com o corpo cansado pela ressaca do centenário, como um time que se afirma entre os remediados e olha com tédio para uma vaga na Sul-Americana. O presidente que se eleger terá de dizer algo de novo para a torcida do Carijó. O público contra o Internacional no Mineirão na rodada que termina mostra que os estragos causados pela sucessão de administrações incompetentes deixaram marcas. Talvez daqui a cem anos a cartolagem atrasada do Galo consiga errar menos.

Alexandre Freire

25 de outubro de 2008

24 de outubro de 2008

Notícias do futebol europeu

Após algum tempo volto a sentar para rabiscar algumas idéias sobre uma de minhas paixões. Confesso que me sinto, de certa forma, perdido. Gostaria de abordar tantos temas! Brasileirão, Atlético e Cruzeiro, Dunga, Timemania, Copa de 2014... Mas por estar há pouco mais de sete meses do outro lado do Oceano Atlântico, fico mais a vontade para escrever sobre o futebol por aqui e sobre o que tenho aprendido.
Escrevo da Irlanda, país em que o futebol divide espaço com Rugby, Cricket, Boxe, Futebol Gaélico, com corridas de cavalo e – acredite - de cachorro! Mas já aprendi: nem sequer coloque em dúvida a paixão do irlandês pelo “nosso esporte” que, aliás, para eles é inglês.
Aqui todos têm no coração um time da terra da Rainha Elizabeth; o craque do momento é Robbie Keane, do Liverpool; o maior de todos é Roy Keane, ex-volante e capitão do Manchester United; os maiores clubes são o Bohemians e o St. Patrick; a seleção nacional é comandada pelo italiano Giovanni Trapattoni; e o maior estádio, o famoso Croke Park, fica na capital Dublin.
Também aprendi que o goleiro holandês Van Der Saar é eterno, o novo ídolo búlgaro é o atacante Dimitar Berbatov, o russo Andrey Arshavin é o mais novo craque europeu, o México aposta o seu futuro nos jovens atacantes Carlos Vela (Arsenal) e Giovani dos Santos (Tottenham), e por último, mas não menos importante, que o futebol pode ser rentável (só não me peça a fórmula mágica!).

No pouco que caminhei por aqui, já pude comprovar, ao vivo e a cores, aquilo que antes só via pela TV ou ouvia falar: administrações profissionais, estruturas invejáveis, belíssimas arenas, jogos com lotação máxima, elencos milionários... Verdadeiros shows dentro e fora dos gramados. E é ai que se torna inevitável pensar e associar tudo isso ao que hoje é o futebol, e são os clubes brasileiros (sabia que não conseguiria ficar só pela Europa!).

Mas ao mesmo tempo que lamento, me lembro dos nossos “craques”, da nossa torcida... e aí a saudade manda seus sinais, e percebo que não vejo a hora de voltar ao Brasil; de poder acompanhar, de pertinho novamente, de preferência da arquibancada do Mineirão, o nosso esporte número um.
Daniel Carvalho é jornalista e mora atualmente na Irlanda.

E as brigas esquentam!

Os times mineiros entram em campo neste sabado, pela 31ª rodada do Campeonato Brasileiro. Às 16h, o Ipatinga enfrenta o Botafogo, em Ipatinga. Às 18h20, o Cruzeiro joga contra o Atlético-PR, em Curitiba. No mesmo horário tem Atlético e Internacional, em Belo Horizonte.

A situação do Tigre é a mais complicada. A vitória do Vasco sobre o Goiás devolveu a "lanterna" para os comandados de Márcio Bittencourt. Na zona de rebaixamento desde a sexta rodada, a equipe do Vale do Aço reencontra o técnico Ney Franco - campeão mineiro em 2005, mas agora empenhado na luta botafoguense por uma vaga na Copa Libertadores do ano que vem. A esperança quadricolor é o paraguaio naturalizado boliviano Pablo Escobar.

Com a vitória do Grêmio sobre o Sport, o Cruzeiro vê adiada por mais uma rodada a chance de voltar ao primeiro lugar na tabela. Mas os gaúchos que aguardem. Na semana que vem tem o confronto mais aguardado desta reta final. Para jogar na Arena da Baixada, Adílson Batista conta com Espinoza, Wagner e Jadílson. Talvez a única dúvida esteja na defesa, já que Léo Fortunato atuou bem nas duas últimas partidas. Vale ficar de olho em Guilherme. Ele tem 16 gols e segue na briga pela artilharia. Acredito que a Raposa sairá de Curitiba com três pontos.

Já o Atlético terá um adversário indigesto. Mesmo com poucas chances, o Internacional ainda briga para disputar a Libertadores em 2009 (ano do centenário colorado). Além disso, eles não perdem para o Galo há nove jogos. O último triunfo alvinegro foi em 2002: 3 a 2, no Independência - Marques marcou dois gols. Novidades no banco de reservas: o atacante Beto e o meia Petkovic foram relacionados por Marcelo Oliveira. Há oito rodadas em 12º lugar, o Atlético pode subir uma posição se vencer a "glória do desporto nacional". Isso dá pra fazer.

No domingo teremos um resumo completo destes jogos no programa. E ainda, um debate ao vivo entre Alexandre Kalil, Itamar Vasconcellos e Sérgio Bias Fortes - candidatos à presidência do Atlético. O Meio-de-Campo vai ao ar às 21h, na Rede Minas (canal 9 VHF / canal 20 NET). Até lá!

Fábio Pinel escreve às sextas-feiras.

23 de outubro de 2008

Imparcialidade?

Sou filho de um cruzeirense e de uma atleticana e passei boa parte da minha infância em Ribeirão Preto, no interior de São Paulo. Por isso tomar parte sobre Galo ou Raposa foi uma decisão menos apaixonada pra mim.

Comecei a gostar de futebol mais ou menos com oito anos. Na Copa de 82 vi e aprendi por que o brasileiro era tão vidrado naquele esporte.

No mesmo ano fui ver o derbi local (COMEFOGO).

Primeiro Comefogo1954: 1x1

Essa foi a primeira vez que entrava num estádio de futebol para assistir uma partida oficial. Cheguei ao Estádio Palma Travassos com meu pai e minha irmã mais nova. O Comercial, apontado por todos os jornalistas esportivos como freguês do Botafogo, era o time de preferência da Raquel (minha irmã). Era o campeonato paulista e o Leão do Norte (Comercial) venceu a Pantera da Mogiana (Botafogo) por dois a zero. Não tive dúvidas: meu time era o Comercial.

Meu pai reclamou um pouco, pois a equipe tem uma camisa branca com listras pretas. Quando cheguei em casa, minha mãe, ao saber que torcia pelo alvinegro do Jardim Paulista, afirmou:

- Esse é Galo!

Foi a primeira vez que tomei parte no assunto futebol.

Voltei para Minas Gerais e agora como jornalista esportivo a imparcialidade tornou-se parte da ética para exercer essa profissão.

Depois de assistir várias transmissões tendenciosas e comentários apaixonados de colegas, principalmente do Rio e São Paulo, acreditava que não ficaria mais revoltado com isso.

Mas ontem a transmissão de Goiás e Vasco várias coisas pipocaram na minha mente antes mesmo da partida começar. A “torcida” dos cronistas por uma vitória cruzmaltina era grande. Ao ver aquele clube que em 1974 foi beneficiado por Armando Marques na final do campeonato brasileiro contra o Cruzeiro (invalidou um gol legal de Zé Carlos), naquele campo onde em 1981 (Copa Libertadores) o Atlético foi prejudicado pela arbitragem do comentarista, que também estava na transmissão de ontem, comecei a torcer pela derrota do Bacalhau carioca.

Não sei se foi meu sentimento de vingança, ou se foi influência do Wilson (amigo esmeraldino), ou se foi verdade, mas acho que o narrador foi parcial demais.

Assim como em 82 fui contra o status quo onde a maioria exaltava o time adversário ao meu. Ontem me dei mal, mas achei mais uma vez, muito bom tomar parte num jogo de futebol.

Cláudio Gomes escreve às quintas-feiras.

22 de outubro de 2008

Charge Fidusi




Vale a pena ser presidente do Atlético?

Quais seriam os objetivos de Bias Fortes, Kalil e Vasconcelos ao registrarem chapas para a sucessão de Ziza Valadares? Não acredito que nenhum deles tenha a intenção de ser o “Sassá Mutema” do Atlético. Não creio que nenhum deles tenha uma fórmula mirabolante para sanear as finanças alvinegras muito menos apresente uma proposta para transformar o clube numa associação esportiva rentável.

Então, por que esses três conselheiros se dispõem a disputar uma eleição para ser o principal executivo de um clube que deve mais de R$ 200 milhões, que não tem dinheiro sequer para pagar os salários dos funcionários menos graduados, que já adiantou receitas do ano que vem e já as gastou, que vive rachado pela vaidade da política institucional, que tem um time de nível técnico muito fraco?

Me recordo de um texto que escrevi sobre as pretensões de Ziza Valadares. Por ser um político de carreira, que inclusive fez um herdeiro dos seus votos, sempre imaginei que o objetivo do ex-presidente atleticano era entregar o Atlético com as contas, pelo menos, zeradas, com os cofres alvinegros saneados, para se tornar um mártir – acho que quem conseguir isso poderá ser considerado um – para capitalizar politicamente com isso.

Com a renúncia de Ziza, que cedeu às pressões internas e externas, resta saber agora quais são as intenções daqueles que podem vir a ser o novo presidente do Atlético. O Meio de Campo do próximo domingo, 26 de outubro, convidou os três candidatos – Sérgio Bias Fortes, Alexandre Kalil e Itamar Vasconcelos – para um debate ao vivo. Se os três aceitarem, poderemos saber o que eles pretendem. Tomara que os três venham...

Eduardo Almada escreve às quartas-feiras

21 de outubro de 2008

De olho neles!

Dois clubes têm o poder de influenciar na briga pelo título nesta reta final do Campeonato Brasileiro, apesar de no momento não terem chances de conquistar a competição. Goiás e Vitória vão enfrentar quatro dos cinco primeiros colocados na tabela de classificação.

Goiás empata em 1x1 com o rival do Cruzeiro no 1º turno.

A equipe do Centro-Oeste, do heróico Hélio dos Anjos, perdeu apenas uma partida nas últimas 11 que disputou e tem a melhor campanha neste 2º turno. Com certeza será uma pedra no sapato do Palmeiras (no Palestra Itália, em 29/10), do Cruzeiro (no Serra Dourada, em 2/11), do Flamengo (no Maracanã, em 30/11) e do São Paulo (em Goiânia, na última rodada, no dia 7/12).

O ex-cruzeirense Ramón é um dos destaques do Vitória-BA

Já o time da "Boa Terra", comandado por Wagner Mancini, perdeu apenas duas partidas no estádio Barradão, em Salvador - palco dos duelos contra o Flamengo (em 29/10), o Grêmio (em 23/11) e o Palmeiras (em 30/11). Mas antes, o rubro-negro baiano enfrenta o São Paulo, no Morumbi, no quinta-feira que vem (23/10).

É bem verdade que o Cruzeiro depende apenas dos próprios resultados para conquistar seu sétimo título nacional (vale a pena lembrar, né? Uma Taça Brasil, um Brasileiro e quatro Copas do Brasil). Mas mesmo assim, não custa nada para o cruzeirense torcer por Vitória e Goiás - menos no dia dois de novembro.

Fábio Pinel

20 de outubro de 2008

Coisas deixadas pelo caminho

Quando Wagner Tardelli apitou o final de Atlético 0 x 2 Cruzeiro ontem no Mineirão, os atleticanos devem ter sentido alívio. Dois minutos de partida seriam suficientes para saber que o Galo seria derrotado. O alívio se justificaria pelo fato de a derrota não ter vindo chancelada por outra goleada.

É visível a superioridade do time celeste. O toque de bola que a equipe comandada por Adílson Batista – legítima aspirante ao título – imprime ao jogo é envolvente, bonito, eficiente. A redonda parece deslizar obediente às ordens que recebe dos pés de jogadores da Toca. Quanto ao Galo, que tristeza! Pelos alvinegros, ela é mal-tratada com falta de intimidade, chutões e passes errados.

Depois do jogo, vem a público o bate-boca entre o conselheiro e ex-presidente Afonso Paulino e o diretor de futebol, Alexandre Faria, demitido (com mais três funcionários do clube ligados à base) sob acusação de agenciamento de jogadores. Uma discussão antes do clássico e salários atrasados há quase três meses não podem ser causas imediatas de mais uma surra diante dos arqui-rivais, mas tampouco ajudam quando se tem um time tão fraco tecnicamente e taticamente desfigurado.

Hoje à tarde, foram apresentadas as três chapas que devem concorrer às eleições para presidir o clube entre 2009 e 2011. Uma análise superficial não traz grande alento de renovação e mudança. Há motivos de esperança ante os tempos que se anunciam? O torcedor do Atlético deve balançar a cabeça em sinal de desconsolo.

Sem esperança no futuro, o centenário se transforma numa advertência. O clube chegou aos cem anos movido pela energia espontânea de sua generosa e apaixonada torcida. Mas isto dá claros sinais de desgaste. O Clube Atlético Mineiro tem hoje mais idade que tradição; e menos de todo o restante – torcedores, auto-estima, alegria. Tantas coisas importantes que foram deixadas pelo caminho.

Alexandre Freire escreve às segundas-feiras

19 de outubro de 2008

Gols da 30ª rodada do Brasileirão

O Domingo é azul


O Cruzeiro vai encerrar o ano sem ser derrotado pelo Atlético, seu maior rival. Em cinco jogos, conseguiu quatro vitórias e apenas um terminou empatado. O clássico, no Mineirão, mostrou a supremacia cruzeirense. O time teve o jogo nas mãos, os gols surgiram naturalmente e os jogadores atleticanos deixaram o campo reconhecendo a superioridade do adversário.

Torcedor atleticano! Lembra daqueles 4 x 0 na decisão do Campeonato Mineiro de 2007? Pois é, não se esqueça. Foi a última vitória do Galo sobre o Cruzeiro. 18 meses atrás.

Para o Cruzeiro foi um domingo perfeito. Grêmio, Palmeiras, São Paulo , adversários diretos na briga pelo título, perderam pontos. A sorte costuma acompanhar os campeões. No momento ela está ao lado do Cruzeiro.

Charge Duke


18 de outubro de 2008

Porque hoje é dia de clássico

Há um tempo, descolado de nosso tempo real, em que coisas estranhas acontecem. É nesse lugar que acontecem os clássicos, em um tempo anterior a fronteiras.

Um jogo é clássico quando opõe, frente a frente, dois times que alcançaram o direito de pertencer a esse tempo especial: somou vitórias em demasia, acrescentou títulos à sua galeria, viu desfilar jogadores que pertencem ao imaginário dos torcedores.

Um clássico não dura apenas durante os 90 minutos da partida. É por essa razão, também, que ele se define como clássico. Dias antes do jogo os torcedores se preparam, árbitros se concentram mais que o normal; jogadores experientes suam frio, atletas sem experiência perdem o fôlego.

Durante o jogo, todos percebem que estão diante de um clássico. Pois o time que fazia má campanha de repente se agiganta, e a equipe que disparara na frente súbito tropeça.

Um clássico não termina com o apito final. Ele continua nas discussões acaloradas, em que todos têm razão, e a verdade pertence a cada torcedor, sem distinção de vitória ou derrota.

Um clássico, aliás, iguala vencedores e vencidos, pois todos sabem que, à espreita, está a sombra do próximo clássico, em que o resultado adverso pode ser vingado por um outro, favorável, e vice-versa.

O crítico Paulo Emílio Sales Gomes dizia que o cinema deu cidadania poética a todas as outras artes. Pode-se dizer, também, que os clássicos conferem cidadania poética a todos os jogos. Eles reúnem, ao mesmo tempo, a apreensão da derrota iminente e o estrondo do gol, deuses demasiado humanos e homens por um instante deuses.


Fabrício Marques é jornalista e doutor em Literatura

Clássico é catimba

E ela já começou com o vice do Cruzeiro, Zezé Perrela, um campeão desta arte, condenando a comissão de arbitragem da CBF por escalar Wagner Tardelli para apitar o clássico. Segundo ele, o juiz não gosta do Cruzeiro. No programa “Jogada de Classe”, o mais completo, Willy Gonser, afirmou que o manda-chuva do Cruzeiro teria dito, nas entre-linhas, que há ainda uma relação de amizade entre o juiz escalado e o técnico Vanderlei Luxemburgo, do Palmeiras, candidato direto ao título.

Clássico é isto. Vale um pouco de tudo na véspera do confronto. O derby, como apurou Carol Delmazo no De Salto Alto, decide-se nos detalhes. O juiz que, pressionado, deixa de marcar um pênalti ou alivia na hora de mostrar cartão.

Wagner joga ou não joga? Pra mim, é o melhor jogador do Cruzeiro. Além de bola, tem atitude. Como tem tido Renan Oliveira, um consolo diante do fiasco do centenário, que tem de ser creditado a diretorias ridículas.

Futebol é assim. Mexe com o coração, a paixão, a forra contra tantas frustrações que as pessoas acumulam neste mundo meio sem sentido.

De um lado, o preto-e-branco. Do outro, o azul celeste. Cores que contam histórias. O clássico é só mais uma. E ela inclui a catimba.

Alexandre Freire

17 de outubro de 2008

O (virtual) Superclássico!

Seqüestro em Santo André. Crise econômica mundial. Eleições presidenciais nos EUA e para a prefeitura de Belo Horizonte. Polícia brigando com polícia na capital paulista. E até a gravidez de Ivete Sangalo (pasmem)! Muitos assuntos foram destaques nesta que é a 42ª semana de 2008. Em BH, porém, existe algo capaz de prender a atenção das pessoas mais do que qualquer um desses temas: o clássico Atlético e Cruzeiro.

Só que os debates são sempre os mesmos. Hoje, o Cruzeiro é o favorito por estar brigando pelo título. O Atlético vem de uma grande exibição no Maracanã, calando 80 mil flamenguistas. Há sete partidas a Raposa não perde para o Galo. E se considerarmos apenas o Brasileirão, o jejum é ainda maior – a última derrota cruzeirense foi em 2004. E por aí vai...

Então, tive uma idéia para tentar apimentar a rivalidade. Como seria o confronto entre o Atlético de 1971, do saudoso “Mestre” Telê Santana, e o Cruzeiro de 2003, orquestrado por Vanderlei Luxemburgo? Mas não me bastou levantar a dúvida. É preciso respondê-la! E foi exatamente isso que a equipe do Meio-de-Campo se propôs a fazer nos últimos dias.

Como? Bom, um confronto como esse só poderia acontecer virtualmente. E é aí que entra o vídeo-game. Escolhemos o Playstation 2, da Sony, e o jogo Winning Eleven, da Konami, onde cada atleta virtual possui características como habilidade, impulsão e velocidade, entre várias outras. Elas variam numa escala que vai de 0 a 99 pontos, e é pré-programada.

Os jornalistas Mário Marra (Rádio CBN), Daniel Seabra (Jornal Aqui), Marcelo Machado (Jornal Lance!), Roberto Abras (Rádio Itatiaia), Luiz Barreto (Rede Minas) e Rogério Perez (Jornal Hoje em Dia) colaboraram dando notas para os jogadores. Com a média, “construímos” os campeões de 1971 e 2003. O meia Alex, por exemplo, teve nota 95 – valor atribuído a todos os fundamentos. Já o extrovertido Dadá Maravilha recebeu 85 – a maior média no Galo.

Também consultamos as assessorias de imprensa dos dois clubes, que gentilmente cederam informações preciosas sobre cada jogador que integrava o elenco das equipes na época em que os títulos foram conquistados. Dados como a idade, o peso e a altura foram inseridos no programa, para que ele se aproximasse o máximo possível da realidade.

Para garantir a lisura do confronto, convidamos para assistir a partida um campeão brasileiro de cada time. Dadá representou o Atlético. Maurinho veio em nome do Cruzeiro.

Dario e Maurinho observam o clássico virtual. Foto: Fábio Pinel

O duelo entre os times foi disputado pela própria máquina, para evitar que o vencedor contasse com as habilidades de quem estivesse controlando o joystick. Ou seja, o computador decidiu qual dos dois times é o melhor.

O resultado desse clássico histórico? Domingo, às 21h, no programa Meio-de-Campo.

Fábio Pinel escreve às sextas-feiras.

16 de outubro de 2008

Muito além do óbvio e da razão

Quando a bola rola no clássico há sempre o risco de acontecer o imponderável. O covarde pode se agigantar, o craque amarelar, o frangueiro virar herói, o perna-de-pau meter o gol da vitória e o ídolo passar a mercenário. Não existe uma receita capaz de sugerir o favorito. O Cruzeiro de Tobe já bateu o Atlético de Reinaldo. O Galo de Tucho já venceu a Raposa de Alex. E assim caminha a história de um encontro marcado pela paixão.

A ansiedade, a angústia, a euforia e a melancolia transformam a alma do torcedor num turbilhão de emoções, mesmo antes de o jogo começar. Existem abreviações para muitos clássicos, como Grenal, Atletiba, Fla-Flu e por aí vai. Esse que toma os corações celestes e alvi-negros na mesma intensidade jamais pôde ser abreviado. Tem uma singularidade, um encanto especial que vai além da cultura para o povo mineiro.

Nesse momento um prognóstico acerca de quem vencerá o próximo se torna algo ainda mais difícil. O Atlético vem de uma vitória que deixou o torcedor arrepiado, 3 x 0 sobre um Flamengo assustado, perdido diante de uma fúria que parece ter sido motivada por alguma força sobre-natural. Já o Cruzeiro de hoje é um time emblemático, que briga pelo título e tem a incrível capacidade de vencer partidas jogando muito mal — pelo menos sob o ponto de vista estético.

A motivação é a mesma para os dois times, qualquer coisa que digam diferente disso é conversa para boi dormir. Está para chegar o dia em que o Cruzeirense não vá se importar com uma derrota para o rival, e Atleticano que é Atleticano sempre vai fazer questão de ver seu time ganhando do Cruzeiro. São ingredientes assim que transformam o jogo Cruzeiro x Atlético em algo que envolve a expectativa mesmo daquele que possa parecer indiferente.

Cyro Gonçalves é jornalista da Rede Minas

Tudo muda. Ou não!

É estranho ver que em pleno começo de verão, término de primavera, uma paisagem de inverno europeu estampado em todas as capas dos jornais da capital mineira. A chuva de granizo, no fim de setembro, que cobriu até mesmo o Mineirão deixou claro que agressões à natureza mudam o clima do planeta.

Atualmente passamos por uma crise financeira que abala o mundo e o imponderável mais uma vez aparece. O estado tem de intervir para manter o sistema capitalista (eu hein!?).

Deve ser por essas e outras que a seleção brasileira resolveu empatar mais uma. A torcida parece ter percebido essa mudança e deixou de ir ao estádio (o horário foi mais que imoral também).

Com o zero a zero de ontem o Brasil completou três partidas consecutivas que não vence como mandante nas eliminatórias da Copa de 2010. A pior marca da história do país na seletiva para um mundial. Outra marca negativa é que o ataque da nossa seleção nunca havia passado três jogos seguidos no Brasil sem balançar as redes do adversário em eliminatórias.

Ver e ouvir Dunga dizer que estão inventando uma crise e que o segundo lugar é bom chega a doer o ouvido.

Tudo bem! Ficar em segundo não é lá de se lamentar, afinal estaríamos classificados, mas queremos garra, técnica, tática, pelo menos vontade e isso ninguém vê na seleção faz tempo.

Foi-se o tempo do bom futebol. Ele mudou! E o torcedor também. Pelo menos uma coisa não muda: a paixão.

A paixão pelo time do coração está cravada no peito e ecoa nos gritos de Zêêêêro e Gaaaalo que ouvimos ontem nas filas para a compra de ingressos e vamos ouvir até o dia do clássico.

Pode ser que não vejamos um jogo dos tempos de Reinaldo ou de Tostão, mas certamente emoção não faltará.

Ainda bem que certas coisas não mudam!

Cláudio Gomes escreve as quintas-feiras

Seleção sem noção


Kaká bate lateral no empate por 0x0 contra a Colômbia no Maracanã.

15 de outubro de 2008

Salto alto contra estereótipos

Sempre foi assim. Toda vez que ela se arriscava a dar um palpite sobre futebol, algum amigo soltava a frase clássica: “mulher não entende nada disso”. Mas ela não desistia. Até que eles – os amigos que dizem com freqüência que não são machistas – finalmente começaram a considerar a opinião dela. E foram aos poucos percebendo que ela poderia sim acrescentar alguma coisa. E que tinha uma visão muitas vezes diferente... Desta forma, encarando o esporte por um ângulo especial, que só um olhar feminino consegue encontrar, ela ganhou algum respeito nas discussões futebolísticas. Ela, neste caso, sou eu, mas poderia ser qualquer mulher que não desiste de lutar contra os estereótipos.

Só que a guerra dos sexos é histórica. E a revolução do sutiã e da mini-saia não chegou como um furacão ao futebol, mas sim por meio de um conta-gotas. A participação é crescente, mas cada mulher que consegue se destacar na cobertura e na análise ainda é uma heroína da resistência. É verdade que algumas reforçam a frase polêmica segundo a qual “beleza é quase talento”. Mas é inegável a existência de talentos de fato – como várias formas de beleza – mostrando que existe espaço para as mulheres que tiverem a coragem e a ousadia de invadir esse universo tão masculino.

Há um mês lançamos um desafio no “Meio de Campo”. No quadro quinzenal “De salto alto”, o que sobressai é uma curiosidade revertida em atitude. O objetivo é esclarecer regras e conceitos ligados ao futebol, de maneira lúdica e inteligente, sob o olhar feminino. E uma coisa eu garanto: até os que se julgam exímios conhecedores do esporte vão aprender alguma coisa. Ou pelo menos se divertir...

Carol Delmazo apresenta o quadro "De Salto Alto" no programa Meio de Campo

Deus ajuda a quem trabalha

No Meio de Campo do último domingo, tive uma experiência super agradável que comprova o ditado que nomeia esse texto. Trabalhamos muito durante a semana para produzir um programa que atendesse o nosso exigente público.

E como não tinha rodada no domingo, investimos em assuntos que pudessem instigar os telespectadores através de uma discussão em alto nível sobre alguns temas. O principal, aquele comparativo sobre técnicos vencedores em campeonatos brasileiros.

E para justificar a frase-título acima, uma revelação: as entrevistas usadas nas matérias que foram ao ar no domingo foram gravadas antes da conclusão da rodada.

Isso significa que o freio na reação de Internacional e Goiás, que empatam em 1 a 1 no sábado, citada pelo ex-técnico Carlos Alberto Silva na matéria sobre técnicos, foi gravada antes do jogo.

O Flamengo, apontado como o cavalo paraguaio no quadro “De Salto Alto”, brilhantemente comandado pela jornalista Carol Delmazo, ainda não tinha sido goleado pelo Atlético no Maracanã lotado, quando fomos ao Haras Vale dos Sonhos, em Lagoa Santa, para gravar as entrevistas.

E o último exemplo de que o “homem lá de cima” reconhece o esforço de suas criaturas aqui em baixo está na entrevista feita com Tostão. Pode parecer óbvio dizer que a Seleção Brasileira com Kaká é um time, sem ele é outra.

Mas o “encaixe” dele no jogo contra a Venezuela não era tão previsível assim, já ele não vestia a amarelinha há onze meses, vinha de contusão e está em início de temporada. Tostão apostou que seria daquele jeito e nós colocamos no ar uma entrevista feita dias antes da partida de San Cristóbal.
Você pode pensar que esses exemplos são fruto da sorte. Eu prefiro dizer que Deus ajuda a quem trabalha. E no jornalismo, trabalhar muito é normal. E contar com a força divina simplifica as coisas.

Eduardo Almada escreve as quartas-feiras.

Atlético x Cruzeiro domingo 16h - Minerão

60.920 ingressos foram colocados a venda. 30.460 para a torcida do Atlético e 30.460 para a torcida do Cruzeiro.

SETOR - PREÇOS (antecipado/dia do jogo)

Geral - R$ 8,00/R$10,00
Cad. Inferior - R$20,00/R$25,00
Cad. de Setor - R$20,00/R$25,00
Cad. Superior - R$25,00/R$30,00
Cad. Especial - R$40,00/R$45,00

POSTOS DE VENDA

ATLÉTICO
Vila Olímpica
Labareda
Sede Social (Lourdes)
Class Club
Loja do Atlético em Betim
Bilheteria 03 do Minerão

CRUZEIRO
Ginásio do Cruzeiro
Sede Campestre
Loja do Cruzeiro na Savassi
Loja do CruzeiroBilheteria 01 do Mineirão


Há meia entrada para todos os setores e a venda está limitada a quatro bilhetes por torcedor. No domingo os ingressos só serão vendidos no Mineirão a partir das 9 horas.

Galo e Cruzeiro e um jazz no coração

Quando jogam Atlético e Cruzeiro, como acontecerá no domingo que vem, eu me lembro do meu pai.

Eu tinha 11 anos quando vi meu pai ser levado pela Polícia Política.

A gente morava ali na rua do Ouro, no bairro da Serra, perto da Volla Rizza.

Era domingo, eu acabara de acordar quando os homens da polícia apareceram na minha casa.

Eles chegaram numa Rural cor de café com leite e ficaram parados na porta, e na outra esquina, mais adiante, um Jeep do exército com dois homens dentro observavam tudo.

Foi a dona Bela, uma italiana de peitos grandes, que morava defronte a nossa casa, quem avisou a minha mãe de que a polícia rondava o nosso portão.

Minha mãe desligou o telefone, abraçou o meu pai (que comia pão com manteiga) e começou a chorar.

Meu pai adorava comer pão molhado no café.

Eu fiquei ali, olhando para o chão com o cadarço do sapato desamarrado enquanto a minha mãe chorava abraçada com o meu pai.

Meu pai foi preso vestido com a camisa do Atlético.

Era a de número 9, do artilheiro Dario Peito de Aço.

Aquele domingo era dia de clássico no Mineirão e, pela primeira vez na vida, meu pai ia me levar para ver uma de suas paixões: o futebol.

Naquela época algumas reuniões do Partidão eram feitas em dias de grandes jogos no Maracanã, Morumbi, Fonte Nova, Beira Rio e nos Aflitos.

Era uma tática para despistar os caçadores de aparelho.

O meu pai foi preso ao ser denunciado por um "cachorro".

Cachorro era o nome que a polícia dava ao espião infiltrado no partido a serviço do exército brasileiro.

Acompanhei o jogo deitado na cama da minha mãe, ouvindo o mesmo radinho de cabeceira em que meu pai acompanhava a Voz do Brasil e o repórter Esso.

Enquanto ouvia o jogo, a minha mãe ficava ao telefone tentando mobilizar amigos influentes para saber notícias de meu pai.

O Atlético derrotou o Cruzeiro por três a dois e Dario Peito de Aço foi quem marcou o gol da vitória.

O genial Vilibaldo Alves parecia querer prestar uma homenagem ao meu pai narrando o terceiro gol do Galo: Adivinhe ! goooooooool Daaaarioooo! Daaaaaariooooo! Daaaaaariooo! Daaaaariooo! Peito de Aço!!!

Quando o jogo terminou, eu corri para a janela na esperança de ver o meu pai, que nunca mais voltou.

Agora, todas as vezes em que jogam Atlético e Cruzeiro eu me lembro dele, dentro do carro da Polícia Política, vestido com a camisa do Atlético.

Era a de número 9.

Todas as vezes que jogam Atlético e Cruzeiro, um jazz toca no meu coração.

Roberto Amaral.

14 de outubro de 2008

Números frios, sangue nos olhos

Há um bom tempo, o Cruzeiro não perde para o Atlético no Campeonato Brasileiro. A última vez foi no longínquo outubro de 2004. De lá pra cá foram cinco vitórias consecutivas comemoradas pela China Azul. Os números são bem o reflexo das administrações dos clubes. Enquanto o Galo descia ladeira abaixo nesse período, a Raposa vendia craques. Ou seja, o time da Toca sempre teve mais elenco.

O atleticano então pode pensar: o Cruzeiro tem mais elenco, então deve vencer novamente! De fato, as chances de um resultado favorável ao time de Adilson Batista são maiores do que uma vitória do Atlético, de Marcelo Oliveira. Mas clássicos não se definem em frios números. Eles são decididos no calor e no desejo de vencer. Assim como o alvinegro fez com o Flamengo, ou da forma que a equipe celeste derrotou o próprio Atlético, na final do Mineiro. Os números ficam apenas no papel.

O torcedor guarda na lembrança em jogos como esse é o que os lutadores (principalmente das artes marciais) costumam demonstrar antes de um confronto. “Sangue nos olhos!” Algo que nesses confrontos é fundamental.

João Paulo Ribeiro escreve às terças-feiras.

A eterna luta entre o individual e o coletivo

Alguns presentes e lembranças vêm acompanhadas de um cartão. As palavras no cartão podem significar o que você representa para a outra pessoa. Às vezes vale a pena largar a bala e ficar com a casca. Algumas dedicatórias são formais, outras aproveitam a oportunidade para deixar claro o que não se fala com facilidade.

Duas linhas de formalidade extrema esclarecem que você é mais um na multidão. Duas linhas carregadas trazem as nuvens ao alcance das mãos. Alguns jogadores de futebol são formais. A formalidade em campo é chamada também de burocracia. Aquele passe longo que poderia deixar o companheiro na cara do gol, dá lugar a um passe curto e mais outro, depois um drible para trás até a defesa adversária se posicionar melhor.

Outros jogadores são objetivos. Bons e objetivos! Kaká é um exemplo. Considerado o melhor do mundo, ele não se cansa. Corre em direção ao gol adversário. O drible, para ele, é um recurso. A objetividade é a marca do futebol dele. O craque da seleção e do Milan já encontrou a maturidade do jogo. Robinho parece estar longe. O sorriso infantil continua estampado no rosto. Os dribles são aperfeiçoados a cada partida. O show continua. Show dele, para ele, ele e ele. O veterano treinador checo Zdenek Zeman se tornou conhecido como fiel ao esquema. Sempre repetindo o tradicional 4-3-3, Zeman adaptava os atletas às funções típicas do esquema e todos sabiam o que ele iria fazer – todos executavam o que ele queria. No entanto, Zdenek não inibia a criatividade e bradava para todos os lados que o importante era a capacidade individual estar a serviço do coletivo.

Penso que Robinho não se encaixaria no time dele. O menino da Vila Belmiro é um fenômeno do drible. Faz a alegria do torcedor, entretanto, o excesso atrapalha. A firula retarda o jogo e o adversário tem a vida facilitada. Se Robinho colocar o talento individual a serviço do coletivo, como diria Zeman, ele seria eleito o melhor do mundo várias vezes. Se o futebol do Robinho tivesse dedicatória, o alvo seria ele mesmo. “A mim mesmo, com carinho!” Enquanto Kaká oferece o seu belo futebol ao time e em favor da torcida.

Mário Marra é comentarista das rádios Globo Minas e CBN.

13 de outubro de 2008

Três clássicos abrem o horário de verão

Atlético e Cruzeiro, Palmeiras e São Paulo e Vasco e Flamengo – três clássicos prometem fazer um final de semana próximo que somará nas emoções que o Brasileirão vem guardando para o terceiro ato. Em jogo, as chances dos paulistas e do Cruzeiro de continuar na liça pelo título. Entre os cariocas, um Flamengo estropiado pela surra exemplar de sábado tenta não se distanciar do G4, já que o título parece ocupar lugar apenas na cabeça do Márcio Braga. O Vasco tem mais uma pedreira na luta para tentar evitar o rebaixamento que há muito faz por merecer.

Ao Atlético só caberá papel de ator coadjuvante. Relativamente a salvo da ameaça de rebaixamento, o alvinegro pode no máximo ser a pedra no caminho do Cruzeiro. No ano passado, o Galo deu de presente à Raposa uma vaga na Libertadores, desperdiçada pelo Adílson Batista contra o Boca, ao bater o Porco em seus domínios. No domingo, pode começar a pôr em dúvida a vaga para o maior torneio continental, ainda que, mesmo perdendo, o Cruzeiro não saia do G4. Mas a verdade é que, em termos de palpite sobre o resultado em campo, prefiro ficar na miúda.

Quem não ficou na miúda foi a crônica esportiva carioca no sábado. Prepararam-se para a cobertura da festa rubro-negra no clássico Flamengo e Atlético, de monumentais tradições, encheram o Maracanã, palco maior de nosso futebol, mas se esqueceram de combinar com o adversário! O resultado todo mundo conhece. Foi legal assistir aos programas de TV após o jogo e ver o pessoal todo com cara de tacho. Discutiram até se houve falta de ética no massacre!

Bom, final de semana com três clássicos de arrepiar. Em Minas, o Cruzeiro é o favorito por sua trajetória e o que está em jogo. O Galo, se Marcelo de Oliveira tiver a coragem que mostrou no Rio, vai apenas tornar as coisas difíceis. Em São Paulo, teremos um duelo de Titãs – Luxemburgo x Muricy Ramalho. No Maraca, ninguém há de se surpreender se o Vasco, caindo pelas tabelas literalmente, achar forças para fustigar o rival, combalido na sua auto-estima.

Do alto, o sol tem tudo para brilhar mais intensamente, não apenas por que o futebol sofre influências do céu, mas pelo fato de que estaremos em pleno horário de verão.

Alexandre Freire escreve às segundas-feiras.

12 de outubro de 2008

O grande feito do centenário

Jogadores do Atlético-MG comemoram gol no Maracanã - Foto: Fernando Maia

A vitória, inapelável, do Atlético em cima do Flamengo no Maracanã, é o feito do ano do centenário. Além dos três pontos, o Atlético dizimou uma série de tabus estatísticos. 23 anos sem derrotar o Flamengo no Maraca. Nove sem vencer uma no Mário filho. E o Galo também mostrou talentos emergentes, uma tradição do Clube, a afirmação de que Renan é um excelente jogador e o surgimento de Pedro Paulo, uma promessa. Enfim, um time competitivo que recuperou a auto-estima.

Comemorar, como um feito, a vitória por 3 a 0 contra o Flamengo no Maracanã parece comportamento de time pequeno. Mas não é . O Flamengo é o grande rival do Atlético no futebol brasileiro. Maior até que o Cruzeiro. Já que num clássico caseiro não há a possibilidade de sobrepujar um concorrente na sua própria casa, a exemplo deste jogo. E a torcida do Flamengo leva essa rivalidade a sério. Foi o maior público do campeonato brasileiro, até agora. 77.387 pagantes. Uma pena que grande maioria tenha deixado estádio bem antes do fim do jogo.

Túlio Ottoni escreve aos domingos.

Charge Duke


11 de outubro de 2008

A tradição dos clássicos e os deuses do futebol

Quem venceu o jogo contra o Flamengo não foi Castillo, num sem-pulo que fez a bola parecer um obus tirado do peito do pé. Não foi Renan Oliveira, elegante e consciente, depois de um lançamento primoroso de Serginho. Não foi o zagueiro-artilheiro Leandro Almeida, com seu oportunismo e senso de colocação.

Quem ganhou o jogo não foi o técnico Marcelo Oliveira, digno na missão espinhosa de tirar o Galo da lambança armada pela incompetência administrativa que cerca o ano do centenário. Não foi o seu esquema tático correto, que marcou sob pressão a saída de jogo do adversário, girou a bola com maestria e soube achar espaço na frente. Não foi a coragem de deixar de fora Petkovic – como Marques, um jogador que não pode começar atuando.

Quem ganhou o jogo hoje, sabemos bem, não foi uma diretoria que nem existe neste momento e que vem de um histórico de incompetência e omissão.

Quem ganhou o jogo não foram as falhas do juiz Paulo César de Oliveira vistas pelos jornalistas cariocas, que no passado se calaram diante de Wrights e Simons.

Quem ganhou o jogo não foi o falastrão do Márcio Braga, um dinossauro que um dia há de ser varrido do cenário do esporte mais importante do mundo – junto com Euricos Mirandas e gente do lado de cá das montanhas na mira da justiça.

Quem ganhou o jogo obviamente não foi Caio Júnior, que viu seu time tomar um baile em campo – e que deveria levar as mãos ao céu para o Cristo Redentor sobre a baía da Guanabara, pois saiu barato para o Flamengo – e, em vez de reconhecer a superioridade do Galo na bola, veio equivocadamente falar em falta de “fair play” no lance que antecedeu o segundo gol.

Quem ganhou o jogo foi a tradição.

Os que vaticinaram o massacre do Galo pelo Flamengo num Maracanã lotado, que viria a estabelecer o novo recorde da temporada, esqueceram-se de que um clássico – e este é o maior clássico para o Atlético – nunca é prisioneiro da previsão dos homens. O futebol tem seus deuses, e a bola cisma de seguir seus misteriosos desígnios.

Alexandre Freire

Gols da 29ª rodada do Brasileirão

Flamengo e Atlético - parte 3

Fim de jogo! Nem o mais otimista, nem o mais inocente, nem o mais atleticano dos torcedores do Galo poderia prever que o Atlético venceria o Flamengo, por 3 a 0, dentro do Maracanã, diante do maior público do Campeonato Brasileiro de 2008.

O zagueiro Ronaldo Angelim resumiu o jogo, em entrevista a um repórter de rádio, encerrada a partida: "3 a 0 foi pouco". Nem Marcelinho Paraíba, nem Petkovic. O herói do jogo foi o atacante atleticano Renan Oliveira, o mais veterano dos jovens em campo, tal a tranqüilidade, tal a experiência e eficiência com que jogou.

Castilho já havia feito um golaço no primeiro tempo. No segundo, o Flamengo até ensaiou uma reação, com Marcelinho Paraíba batendo uma falta perigosa, no primeiro minuto, mas logo Renan Oliveira mostrou a que veio, lançando Pedro Paulo para grande defesa de Bruno, aos 3 minutos; aos 8, chutando perigosamente; e, finalmente, aos 20, marcando, depois de receber passe do volante Serginho, o outro destaque do time mineiro.

O goleiro Bruno, cooptado pela falha coletiva, também falhou, e entregou nos pés do zagueiro Leandro Almeida, para fazer o terceiro gol aos 20 minutos. Sheslon nem jogou bem, mas decerto não esquecerá este sábado, quando o Flamengo esteve irreconhecível.

E aí algum desavisado torcedor flamenguista poderá perguntar: por que nenhum jogador fez nenhuma jogada infantil, como Marques, colocando a mão na bola e sendo expulso, no jogo anterior, contra o Palmeiras?Por que nenhum jogador foi flagrado fugindo da concentração para curtir a noitada carioca, como aconteceu com três jogadores, também antes da partida contra o Palmeiras? Por que o Atlético não repetiu suas partidas sem inspiração, como na maioria dos jogos do Galo neste campeonato?

Isso, camaradas, são mistérios que envolvem os dérbis entre Flamengo e Atlético...

Fabrício Marques

Flamengo e Atlético - parte 2

Diálogo imaginário entreouvido entre o lateral-direito Sheslon e o atacante Renan Oliveira, logo após o fim do primeiro tempo, descendo para o vestiário do Atlético:

- Sheslon: Cara, você foi o nosso melhor jogador no primeiro tempo. Incomodou a defesa deles.

- Renan Oliveira: Pois é. Nós fizemos uma marcação por pressão muito grande nos primeiros 20 minutos, e o Flamengo sentiu. Além disso, o meio campo deles estava jogando muito mal.

- Sheslon: Rapaz, e que golaço do Castilho, aos 31! Um dos gols mais bonitos deste Brasileiro. E nasceu de uma jogada despretensiosa.

- Renan Oliveira: Agora, vamos ficar de olho no Marcelinho Paraíba. Aos 27 minutos, um pouco antes de nosso gol, ele cabeceou na trave, numa grande jogada do Leonardo Moura, pela direita.

- Sheslon: É, o jogo está bem equilibrado, não tem nada decidido ainda. E o que você está achando do juiz Paulo César de Oliveira?

- Renan Oliveira: Então, ele marcou impedimento, quando não existia, naquela jogada que fiz pela esquerda. Por outro lado, no final do jogo, ele poderia ter marcado pênalti, pois o Serginho pôs a mão dentro da área.

- Sheslon: Cara, vamos com tudo pro segundo tempo.

- Renan Oliveira: É, mas ignore a torcida, você precisa entrar no jogo. É uma crítica construtiva. Você está tremendo?

- Sheslon: Que é isso, é só a emoção do jogo.

- Renan Oliveira: E não vamos perder a concentração, o Flamengo sempre joga melhor no segundo tempo.

Fabrício Marques

Flamengo e Atlético em três tempos – antes, durante e depois do jogo

1º tempo

Camaradas,

Flamengo e Atlético. 70 mil torcedores, no mínimo, rubro-negrando o Maracanã, às 18h20.
Escrevo a seis horas do início do jogo, destacando dois personagens, dois veteranos: Petkovic e Marcelinho Paraíba.

O sérvio Dejan Petkovic, que acaba de completar 36 anos, enfrenta seu ex-clube, a quem deu duas alegrias em 2001, nas finais do campeonato estadual do Rio, contra o Vasco, e da Copa dos Campeões, contra o São Paulo, em dois gols de falta.

A bola parada, aliás, é o temor do adversário de hoje. E muito embora Pet não repita as performances de sete anos atrás, o camisa 10 atleticano é quem assegura os raros momentos de lucidez do Galo.

Por sete anos também, Marcelinho Paraíba, 33, ficou afastado dos gramados brasileiros, fazendo sucesso no Hertha Berlin. De volta ao país, tornou-se ídolo instantâneo na Gávea. Assumiu a condição de líder, ao lado do goleiro Bruno e do zagueiro e capitão Fábio Luciano.

Arrisco a dizer que o destino da partida de hoje está nos pés desses dois jogadores. Cada um marcou quatro gols no Brasileiro. Ambos são bambas em assistências. Ambos honram e encarnam, profissional e emocionalmente, as camisas que vestem.

Fiquemos de olho neles.

Fabrício Marques é jornalista e doutor em Literatura

10 de outubro de 2008

Sinal amarelo

O jogo era entre Cruzeiro e Ipatinga, no Mineirão. O 3º colocado da Série A contra o vice-lanterna. Um dos melhores ataques da competição contra uma das piores defesas. O campeão mineiro contra o rebaixado para o Módulo II do estadual. Placar previsível, não é mesmo? Nem tanto...

Em comum, as duas equipes só compartilhavam a necessidade de vencer. Para a Raposa, os três pontos serviriam para manter o time na briga pelo título nacional. Para o Tigre, o triunfo seria um combustível extra em outra briga – a fuga do rebaixamento.

Talvez por isso, o time do Vale do Aço tenha tomado a iniciativa na partida. E constantemente levava perigo ao conjunto estrelado. Mas aos 27 minutos do primeiro tempo, o Ipatinga mostrou porque está nessa situação. A saída desastrosa do goleiro Fernando resultou no gol de Ramires – o centésimo do Cruzeiro em 2008.

Foto: divulgação/site do Cruzeiro

Mesmo com a vantagem no placar, os comandados de Adílson Batista não foram superiores ao adversário, tecnicamente falando. O Ipatinga continuou pressionando na segunda etapa. E o próprio treinador reconheceu isso, após a partida. Mas a torcida, antes do mea culpa, já sabia. E vaiou o artilheiro Guilherme e a demora do “Burro” em substituí-lo.

Eu disse na semana passada, e mantenho minha opinião. O Cruzeiro está vivo na briga pelo título – e ainda torço pelo Ipatinga! Mas não vou negar que uma parte de mim teme pelo futuro celeste. Por causa do Adílson? Não, mas sim pelo grupo que ele tem em mãos.

Nem mesmo Fábio, para mim um dos melhores goleiros em atividade no Brasil, é uma unanimidade. E a cada jogo, sinto que os jogadores estão se perdendo. Talvez sejam as ausências de Jadílson, Wagner e Fabrício. Talvez não. Mas é melhor dar uma boa sacudida nesse elenco, antes que a casa caia.

Pior para o Atlético, que joga amanhã contra o Flamengo, no Maracanã – mais de 60 mil ingressos já foram vendidos – e ainda terá que enfrentar a Raposa no próximo dia 19, às 16h, no Mineirão. Acho que seria prudente o atleticano procurar um cardiologista... É muito sofrimento!

P.S. I: O Cruzeiro venceu o jogo por 1 a 0. E foi só isso mesmo!

P.S. II: Só eu vi ou o Raposão Júnior estava totalmente perdido ontem, no Mineirão?

Fabio Pinel escreve às sextas-feiras no Blog do Meio-de-Campo

9 de outubro de 2008

De pijama com pedra no sapato

O empate do Palmeiras foi bom para o Cruzeiro. Afinal, em caso de vitória contra o Ipatinga, hoje a noite no Mineirão, o time celeste diminui para dois pontos a vantagem do segundo colocado.

Seria até normal decretarmos uma barbada o Cruzeiro (3º colocado) enfrentar em casa um time que está na zona de rebaixamento e por lá ficou durante quase todo o campeonato brasileiro. Mas esse time é o Tigre.

Para quem não se lembra de um passado recente o Ipatinga bateu a poderosa Raposa na final do campeonato mineiro de 2005 e no primeiro turno do Brasileirão deste ano, no Vale do Aço, empate em dois a dois, com time da capital suando para chegar à igualdade.

Por isso é bom o torcedor esquecer os atritos com o técnico Adilson Batista e apoiar a equipe. Assim como faz a torcida do Flamengo, que promete lotar o Maracanã contra o Galo, é bom o cruzeirense aproveitar o horário do jogo, tirar o pijama, ir ao Mineirão e bater o sapato para tirar essa pedra esmeraldina que não pode atrapalhar na reta final.

Cláudio Gomes escreve as quintas-feiras

8 de outubro de 2008

6813 Kakás

A revista Época fez a conta: os US$ 850 bilhões que o governo dos Estados Unidos vai gastar na operação de socorro à economia dariam para comprar 6.813 jogadores como Kaká. Pelo que eu saiba a clonagem humana só existe na ficção, mas vamos lá. Digamos que você seja um Roman Abramovich da vida, com toda esta grana no banco e depois de 25 doses de vodka resolve torrar tudo em Kakás. É Kaká pra car...amba. Qual a primeira coisa que lhe vem à cabeça depois de acordar no dia seguinte, de ressaca? O que vou fazer com tanta figurinha repetida? Colocar 11 na linha, 11 na reserva e guardar os outros 6.791 para ir trocando os contundidos?

Nada disso. Kaká não é bom goleiro. Então você pega um dos clones e troca, por exemplo, pelo Buffon, da Juventus. E também pega outros dois e troca por uma boa dupla de zaga: Canavarro (Real Madrid) e John Terry (Chelsea). Vai precisar ainda de um meio-de-campo eficientem - só Kakás não bastam. Então é bom trocar alguns por um Lampard (Chelsea), um De Rossi (Roma), ou um Fàbregas (Arsenal). No ataque, Messi (Barcelona) e Van Nistelrooy (Real Madrid).

Pronto... O time seria Kaká e mais dez. Mas como corre o risco de ser uma Seleção Mundial quase imbatível, este clube teria que ser obrigado a fazer mais 4 contratações: Mariano e Calisto para as laterais, Lenilson para o ataque e Dunga como treinador...

Túlio Ottoni

Adeus ao “deus da Raça”


O vice-campeonato brasileiro de 1977 foi, na minha opinião, o momento mais decepcionante da história do Atlético no século passado. Isso porque, considerando os sete anos do terceiro milênio, o fim da temporada de 2005 tem tudo para ser insuperável. Afinal, a primeira vez, se é que outras virão, é difícil esquecer.

Imagino – eu não estava lá – o Mineirão lotado de atleticanos diante de um time sensacional, o cenário perfeito para a comemoração do segundo título brasileiro naquela década. Aí atravessa no caminho do Galo uma equipe que tinha feito uma campanha muito inferior à do time mineiro na fase de classificação.

E por ser tecnicamente desnivelado em relação aos donos da casa, o São Paulo precisou se valer da raça para segurar o 0 a 0 e calar o Gigante da Pampulha. E quem a encarnou? Um volante limitado, mas muito valente e incansável. Daqueles jogadores que fariam o atacante Deivid, atualmente no futebol turco, repetir a impressão que tinha do lateral Maurinho, no Cruzeiro tríplice campeão de 2003. Para quem não se lembra, ao ser perguntado sobre o fôlego do companheiro, Deivid disse que Maurinho parecia “ter dois pulmões”.

Esse comportamento voluntarioso valeu a Chicão o apelido de “deus da Raça”. E certamente foi isso que fez o Atlético contratá-lo para que ele fosse bicampeão mineiro em 1980 e 1981 com a camisa alvinegra.

Chicão morreu hoje aos 59 anos, vítima de um câncer no esôfago.

Aliás, os deuses não morrem. Eles passam para o campo da espiritualidade para cumprir outras missões. Quem sabe dentre elas missões esteja servir de exemplo para os jogadores do Atlético de Marcelo Oliveira, que pode falar o ex-companheiro de time.

Afinal, o apelido dado a Chicão espelha aquilo que todos os atleticanos esperam dos jogadores que vestem a camisa preta e branca.

Eduardo Almada escreve às quartas-feiras

7 de outubro de 2008

Olho por olho

Como se não bastasse a qualidade dos jogos e a constelação de craques internacionais em campo, o campeonato inglês apresenta uma disputa duríssima pela liderança. As expectativas de títulos sempre recaíam sobre os poderosos Manchester, Arsenal, Chelsea e Liverpool.

Com a bola rolando o Arsenal mostra a irregularidade própria da média de idade do elenco. O Manchester sentiu a ausência de Cristiano Ronaldo e tenta a recuperação. Sobrou para quem? Chelsea e Liverpool.

Os blues têm Felipão no comando e a tal família vem junto. Frank Lampard com classe no meio e muito poderio ofensivo. A torcida sonha com o título e a possibilidade é real. Os reds têm o estilo. Não brilham e não perdem. São eficientes e fortes no conjunto e na história da camisa. A luta pela liderança está imperdível. Se um empata o outro empata também. Se o Liverpool não ganhou do penúltimo, o Stoke City, o Chelsea não ganhou do último, o Tottenham.

Na última rodada, a vítima da família Scolari foi o Aston Villa – 2 a 0, fácil. Já os fanáticos YNWA estavam perdendo a primeira da temporada para o Manchester City, do Robinho. Fim do primeiro tempo e 2 a 0, Manchester. A liderança ficaria apenas para o Chelsea. Ficaria! A história entrou em campo. Niño Torres fez duas vezes e o operário Dirk Kuyt marcou o da virada. E a liderança continua dividida. Do jeito que as coisas vão o dia 26 de outubro é o dia D. Em Stamford Bridge, casa do Chelsea. Alguém quer apostar?

Mario Marra é comentarista das rádios Globo e CBN.

A hora dos técnicos

Em um campeonato tão nivelado, qualquer sinal de vantagem é motivo para querermos apontar um campeão: um técnico vencedor (há seis), um craque que desequilibre (não vejo hoje no Brasileirão), um artilheiro que faça a diferença (ponto para Palmeiras e Cruzeiro), uma defesa segura (a de Grêmio e São Paulo são as melhores) um grande goleiro (aqui os cinco primeiros-colocados estão bem).

Como vemos, não é por acaso que a diferença de pontos entre Palmeiras (1º colocado) e São Paulo (5º) é de apenas 4 pontos. Dentro de campo está tudo muito igual. Então, vamos para fora das quatro linhas. Mais especificamente ao banco de reservas.

Escolher a melhor estratégia para vencer um adversário de forças semelhantes pode fazer a diferença, principalmente na reta final do Brasileirão. E nesse aspecto, Luxemburgo se mostra mais eficiente. Se pegarmos o número de vitórias de Luxa em toda a sua trajetória como técnico no brasileiro e dividirmos pelos jogos, teremos um incrível aproveitamento de 0,51, ou seja, a cada dois jogos, ele vence um.

É o único no atual torneio com essa média. Chega a ser maior que a do mestre Telê, por exemplo. Agora, Luxemburgo tem com o que se preocupar, pois um dos discípulos de Telê, Muricy, tem aproveitamento de 0,49 e, como já demonstrou, tem fôlego para chegar. Uma boa oportunidade de vermos quem vai levar a melhor nesse duelo será o próximo dia 19, quando os dois se enfrentam no clássico paulista. Quem vencer terá motivos de sobra para comemorar, pois será com certeza um ponto de desequilíbrio na briga pelo título.


Disputam o atual Brasileirão

Luxemburgo – 0,51
Muricy – 0,49
Caio Jr – 0,45
Ney Franco – 0,45
Celso Roth – 0,43
Adilson Batista– 0,42

Fora do atual Brasileirão

Carlos Alberto Silva – 0,48
Rubens Minelli - 0,46
Levir Culpi – 0,46
Leão – 0,45
Telê – 0,44
Ênio Andrade – 0,41
Antônio Lopes –0,39
No próximo domingo, dia 12, o programa Meio de Campo vai debater esse assunto.
João Paulo Ribeiro escreve às terças-feiras

Pode a mulher praticar o futebol?


A pergunta-título acima foi tirada de um artigo da professora de Educação Física Silvana Vilodre Goellner, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, cuja referência bibliográfica completa posso arranjar. Ela se inspira num relato, datado de 1940, sobre o interesse das mulheres gaúchas pelo esporte, e que termina com a mesma indagação: pode o sexo feminino bater uma pelada?

Reparem que o uso da forma verbal “pode” remete ao mesmo tempo para uma questão de capacidade (tem condições?) e de autorização (é correto ou desejável?). Um a um, Silvana desmonta o que chama de “preconceitos historicamente construídos pela nossa cultura”. Critica as representações de masculinidade e feminilidade – a imensa maioria delas criadas por homens –, noções errôneas sobre danos que o futebol poderia causar ao sistema reprodutivo feminino, sobre as diferenças entre personalidades de homem e de mulher e por aí vai.

A pesquisadora mostra que a questão de gênero tem permanecido como um lugar fértil para o homem (sabemos quem é ele hoje?) reforçar seu poder sobre o sexo feminino, imputando-lhe de tudo um pouco: do modelo de beleza ao seu devido lugar no mundo, passando pela maternidade compulsória e a domesticação dos movimentos do corpo (do tipo: “dançar pode, jogar bola, não!).

Isso tudo é importante para a televisão pública, que deve, do ponto de vista ético, contribuir para a dissolução destes clichês, uma vez que o lado comercial da mídia não tem esta preocupação. Pelo contrário, lucra – seja no jornalismo, seja na publicidade – com a padronização de visões de mundo (o que inclui o conceito de gênero).

O futebol, fenômeno cultural complexo, torna-se, portanto, mais um campo para batalhas sobre essa discussão. A participação da mulher, que cresce nas arquibancadas, entre jogadoras, jornalistas, juízas e bandeirinhas (e no sucesso em outros esportes olímpicos) vai agora tomar de assalto um dos últimos estádios em que o homem ainda quer apitar sozinho: a linguagem. Afinal, nós desqualificamos a opinião as mulheres sobre o esporte bretão porque elas não têm o mesmo domínio dos termos que o explicam.

Não têm, mas teriam, se em vez de empurrarmos sobre elas, quando crianças, bonecas e fogõezinhos e, vida afora, toda sorte de reforços sobre o que “deve ser” uma mulher, pudessem escolher como configurar a própria existência nos limites de uma feminilidade sem rótulos. Aos homens, resta sair da retranca e parar de jogar feio.
Alexandre Freire
Iustração do Duke (http://www.dukechargista.com.br/)

6 de outubro de 2008

Surpresas de segundo turno

Os analistas de futebol já disseram que o segundo turno do Brasileirão é outro campeonato. Entre as principais razões para tal estão as mudanças nos elencos provocadas pela janela de transferências; o desgaste crescente da competição que, aos poucos, revela quem não tem fôlego para atingir objetivos (seja de aspirar ao título ou a Libertadores, seja, na parte de baixo da tabela, de evitar a queda para Segunda Divisão); e o desempenho, em si, no segundo turno, visto isoladamente, que acaba sendo a resultante dos fatores citados somada a outras questões – um técnico ou time que tardiamente se encaixam, algum acontecimento extra-campo, enfim, há algumas possibilidades.

Uma olhada na classificação do segundo turno sugere algumas hipóteses. Goiás lidera, o que possivelmente lhe garante uma vaga na Libertadores. Palmeiras e Flamengo ocupam a segunda e terceira posição, respectivamente, o que os coloca como favoritos ao título, dentro desta lógica. O Cruzeiro aparece em sétimo, atrás do São Paulo, o que acende luz vermelha em relação ao título, ainda que consolide as pretensões de disputar a Libertadores.

Em relação ao lado de baixo da tabela, Vasco e Portuguesa serão rebaixados, pois figuram na zona da degola nas duas listas – a consolidada, até a rodada atual, e a do segundo turno. Com boas condições de ir para o brejo também aparecem Atlético-PR e Náutico.

O Ipatinga está melhor que o Galo no segundo turno. O Tigre aparece em décimo-terceiro lugar, ou seja, pode ser que escape se conseguir vencer compromissos em casa. O Atlético-MG está duas colocações atrás do Ipatinga! Insucessos agora contra Flamengo e Cruzeiro podem ser desastrosos. Má notícia para o centenário alvinegro, que não vive uma semana sem sobressalto.

Bom, são números apenas. O futebol já deu provas suficientes de que não é pautado pela matemática, pois os fatores que determinam seu resultado fogem do controle de uma ciência, qualquer que seja. Mas o segundo turno manda mensagens. Para os mineiros, elas são de alerta para Cruzeiro (em relação ao título) e Atlético (risco de rebaixamento). E de esperança para o time do Vale do Aço.

Alexandre Freire escreve às segundas-feiras

5 de outubro de 2008

Gols da 28ª rodada do Brasileirão


Façam suas apostas

A rodada deste sábado (04/10) mostrou que a disputa no G4 vai ser acirrada até o fim do brasileirão. Até o fim? Bem, pelo menos até as próximas rodadas.

E neste domingão cívico, mergulhado em tantos resultados de pesquisas eleitorais, decidi também fazer minhas previsões...

Palmeiras (53 pontos), Grêmio (53), Cruzeiro, Flamengo e São Paulo (49). Um deles será o campeão. (É mesmo?). O difícil é dizer qual.

Então, vamos por partes. Próximas duas rodadas...

O Flamengo tem as melhores chances: joga, em casa, contra Atlético e Vasco. Seriam 6 pontos certos se o futebol não fosse aquela caixinha...

O caminho do Grêmio também parece fácil. Portuguesa e Santos. Mas o time paulista está em recuperação. Embora a gente saiba que pau que nasce torto...

O Cruzeiro tem boas chances de se dar bem. Dois jogos em casa. Contra adversários desesperados. Ipatinga e Atlético. Na lógica, duas vitórias. Porém existe aquela máxima: clássico é clássico.

E é um clássico que vai definir qual paulista se dará melhor. Depois de Palmeiras enfrentar o Figueirense e o São Paulo, o Náutico, os dois se cruzam num jogo que promete ser sensacional. Será?

Como sempre as aparências podem enganar...

Após as próximas duas rodadas a história do Brasileirão 2008 estará mais clara. Ou não.

Túlio Ottoni escreve aos domingos

Charge do Duke da rodada 28


Futebol arte se refugia no futsal

Desde o dia 30 de setembro o Brasil é o anfitrião da Copa do Mundo de FUTSAL. Até então, a campanha da seleção brasileira é irretocável: em 3 jogos, foram 3 vitórias, 40 gols marcados e apenas 1 gol sofrido. Os jogadores do Brasil vêm apresentando um jogo objetivo e de muita técnica. Com belas jogadas, lances de efeitos e abundância de dribles, a estética do jogo da seleção brasileira de FUTSAL se aproxima das representações identitárias sobre o futebol brasileiro, sintetizadas na expressão “futebol-arte”.

Todavia, as derrotas recentes da seleção brasileira de futebol têm colocado sob suspeição o sentido dessa adjetivação. Como o Brasil pode ser identificado ao “futebol-arte” se Dunga, seu treinador atual, é identificado ao “futebol-força”? Estaria o Brasil perdendo o estilo de jogo que sempre o caracterizou e do qual sempre nos orgulhamos?

Diante disso, uma questão merece ser investigada: estaria havendo um deslocamento das representações sobre o “futebol-arte” dos campos para as quadras de FUTSAL?

Bruno Abrahão é formado em Educação Física e doutorando em Sociologia

4 de outubro de 2008

Mais uma derrota no centenário da falta

Imagino se algum atleticano acreditava em outro resultado que não a derrota hoje diante do Palmeiras no Palestra Itália em São Paulo. Mesmo o gol de Renan Oliveira foi só um acidente. E não fosse o Juninho, o alviverde já estaria na frente no placar de qualquer forma.

Faltam agora apenas dez rodadas de sofrimento para os atleticanos. O único objetivo para o Galo a esta altura é não ser rebaixado. Bobagem pensar nesta Sul-Americana, na qual o time só fez envergonhar. E um torneio tão sem importância que os times o disputam com indisfarçável má-vontade.

Ao final da temporada, este terá sido o centenário da falta: de time, de profissionalismo (este episódio de três jogadores saindo para farra de madrugada em São Paulo, antes de um jogo desta importância, é patético), de técnico, de diretoria, de planejamento, de equilíbrio emocional – algum outro modo de explicar o lance infantil, de pelada, de Marques, ao cortar a bola com a mão já tendo um cartão amarelo?

Torcer pelo Atlético há muito virou teimosia. A torcida faria bem em usar parte deste sentimento irracional para forçar a limpeza na administração, a renovação radical nos quadros fossilizados do conselho, a escolha de um presidente que não fosse falastrão. O centenário da falta ainda pode ser salvo por uma faxina completa. Menos que isso é um 2009 de tristes velhos fatos.

Alexandre Freire

3 de outubro de 2008

Charge Fidusi


Cuca quente, cuca fresca

Roberto Horcades, presidente do Fluminense (19º colocado com 27 pontos), justificou a saída de Cuca dizendo que o treinador era depressivo. Em entrevista depois do empate por 1 a 1 contra o Goiás, Cuca disse que não havia mais nada a fazer. Mas a diretoria achava que havia sim uma coisa a ser feita e demitiu o treinador.

Não por acaso Renê Simões, o novo técnico do Fluminense, chegou e foi logo avisando: está feliz e animado.

Renê Simões levou a seleção da Jamaica à Copa do Mundo de 98, na França.

Pelo menos parece ter cuca fresca.