18 de setembro de 2008

Um Remédio Amargo

Os R$ 220 milhões em dívidas que o Atlético-MG ostenta não são de fato um atrativo para prender presidente que seja no cargo. São cerca de R$ 3 milhões mensais de déficit. Nenhum administrador que se enquadre nos conceitos modernos de gestão é capaz de resolver um pepino desses da noite para o dia. O Ziza Valadares pagou o pato, mas quem vai pagar a conta?

O Atlético já andou rondando o fundo do poço. Não se sabe se o clube escapou por sua grandeza não permitir caber nesse "fundo", como diria Alexandre Kalil, ou se esse fundo já está ocupado por muita gente que entrou primeiro na fila. As mudanças na legislação, a tendência inflacionária do mercado da bola e a convergência do futebol em negócio pegaram muita gente de surpresa. Quem não se organizou, não se profissionalizou, não planejou o futuro sofre hoje de um problema crônico: a "síndrome do mais cedo ou mais tarde".

A era do Brasileirão em pontos corridos, iniciada em 2003, é implacável para clubes que padecem dessa síndrome. Ela já acometeu Botafogo, Grêmio, Palmeiras, o próprio Atlético-MG e, recentemente, o Corinthians. Para alguns ela foi mais severa. Guarani e Bahia, campeões brasileiros, estão hoje, efetivamente, no fundo do poço. Esse buraco vai ficar mais fundo ainda no ano que vem. O calendário da CBF terá a Série D.

A "síndrome do mais cedo ou mais tarde" revela que o curso inevitável para clubes mal administrados é mesmo o rebaixamento. Agora, com pontos corridos, dificilmente vão imperar viradas de mesa, assaltos à mão armada (que já decidiram campeonatos em play offs, vide 1974, 1995), ou mesmo os resultados injustos e inesperados que tornam o futebol algo tão apaixonante. Quem não conseguir curar essas feridas pode sofrer de um mal ainda maior: a "síndrome do encolhimento". Resta então ao martirizado e centenário torcedor do Galo rezar. O remédio para esta síndrome parece ter um custo muito alto, quase ilusório aos mutilados cofres alvinegros.

Cyro Gonçalves

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