30 de setembro de 2008

"Everything free in America/For a small fee in America"

Perdoe o título em inglês, mas eu tenho boas razões. Primeiro, o nome do time é esse mesmo: América, sem chance de soar latina ou do sul, é homenagem crua aos EUA, que ainda não eram meca (sem trocadilho) do glamour quando o club foi criado, mas paixão dos garotos do Anglo-Mineiro, que assistiam aulas na britânica língua.

E o título é um trecho da canção “America”, que balançou a Broadway no musical West Side Story. A letra fala das (terríveis) ambigüidades do american way of life, e serve como uma luva no Coelhão. Esse papo de elite é conversa fiadíssima. Os torcedores do América são gente preta, verde e branca como outra qualquer (se a torcida é um pouco menor, piadinhas à parte, é outra história).

O buraco está em outra elite: as raposas políticas que, pra cozinhar o próprio galo, sempre desabusaram do Coelho. De Negrão de Lima a Olegário Maciel, de Milton Campos a Bias Fortes, de Tancredo aos petucanos do mensalão, dezenas de figurões com nome de praça já declararam amor ao deca-campeão.

Merecemos isso? Antes do Mineirão, esse templo do futebol-grana, o América já mostrara que era algo diferente, vestindo vermelho por 10 anos em protesto contra o profissionalismo. Merecemos nossos torcedores de elite?

Em tempo: em 1957, quando estreava o West Side Story, nos EUA, o Brasil fabricava sua primeira Kombi. Mas sobre isso eu não quero falar.

Beto Vianna é doutor em Linguística e americano de trincar

Um comentário:

  1. Sugiro que o América vista uniforme vermelho outra vez. Agora, para protestar contra o amadorismo...

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