Você tem sede do quê? Você tem fome do quê? Para a torcida do Galo, a resposta é simples: de vitórias, títulos, craques, grandes jogos e grandes alegrias, coisas que andam meio raras ultimamente. É claro, uma vitoriazinha aqui e ali, um craque na maturidade ou uma jovem promessa aparecem de vez em quando, mas numa dosagem de conta-gotas que quase mata de inanição o nosso magro paciente. Quando vem uma dose um pouquinho maior, a torcida comemora e se manifesta como louca, incendiando a cidade e fazendo a gente lembrar como eram bons aqueles tempos de Reinaldo, Cerezo, Éder Aleixo... E os mais velhos se lembram de Guará, Zé do Monte, Ubaldo... Até nessas horas, os sintomas da enfermidade aparecem, pois a comemoração vem sempre acompanhada de um certo constrangimento e de muitos comentários dos inimigos, assinalando a modéstia do triunfo e a fome, que continua negra.
Mas no futebol, como na arte e na vida em geral, muitas vezes o menos é mais, o perto é longe e o grande é pequeno, chutando pra escanteio todos os fatos, estatísticas e pretensões de objetividade. Por exemplo, as pesquisas que tentam responder à pergunta mais polêmica da cidade: qual é a maior torcida de BH, a do Atlético ou a do Cruzeiro? Os métodos científicos não são capazes responder, os números são contraditórios. Vale mais a presença no estádio ou o quadradinho marcado na fria folha de papel do pesquisador? Nelson Rodrigues com certeza caçoaria dos matemáticos e estatísticos e mandaria às favas os “idiotas da objetividade”, pois a resposta, para ele e para mim, não está nos números. Ela está no coração dos torcedores e no clima de loucura que toma conta da cidade no dia de um grande jogo.
Para um amigo meu, Belo Horizonte é uma cidade atleticana. Sem afetar imparcialidade e deixando de lado as controvérsias historiográficas, confesso que concordo com ele: o Cruzeiro, no início, era um time da colônia italiana, enraizado no Barro Preto e no Calafate; só mais tarde, principalmente na era do Mineirão, sua torcida cresceu (mais no interior do que na capital) e começou a rivalizar com a do Galo. A despeito das estatísticas, é a torcida do Galo que, há exatos cem anos, mais comove os belo-horizontinos. O mesmo se pode dizer dos títulos e das conquistas: uma pequena conquista do Galo, um campeonatozinho da segunda divisão, é muito maior no coração da cidade do que qualquer triunfo cruzeirense. Basta dar uma voltinha no centro, num dia de comemoração, para confirmar.
Por isso, quando o Galo está enfermo, Belo Horizonte inteira adoece e fica mais triste. Aliás, nestes últimos dias cheios de agitação política, descobrimos um paralelismo inesperado entre a seção de esportes e a página de previsão do tempo, nos jornais da cidade. Não foi à toa que caiu aquela chuva de granizo outro dia. Não é à toa que às vezes faz um calor de rachar. Que aquecimento global que nada, é febre! E se vier um terremoto, com certeza será um calafrio! Para nossa própria segurança física e emocional, é imprescindível que comecemos logo a curar o doente!
Lino Rodrigues
Mas no futebol, como na arte e na vida em geral, muitas vezes o menos é mais, o perto é longe e o grande é pequeno, chutando pra escanteio todos os fatos, estatísticas e pretensões de objetividade. Por exemplo, as pesquisas que tentam responder à pergunta mais polêmica da cidade: qual é a maior torcida de BH, a do Atlético ou a do Cruzeiro? Os métodos científicos não são capazes responder, os números são contraditórios. Vale mais a presença no estádio ou o quadradinho marcado na fria folha de papel do pesquisador? Nelson Rodrigues com certeza caçoaria dos matemáticos e estatísticos e mandaria às favas os “idiotas da objetividade”, pois a resposta, para ele e para mim, não está nos números. Ela está no coração dos torcedores e no clima de loucura que toma conta da cidade no dia de um grande jogo.
Para um amigo meu, Belo Horizonte é uma cidade atleticana. Sem afetar imparcialidade e deixando de lado as controvérsias historiográficas, confesso que concordo com ele: o Cruzeiro, no início, era um time da colônia italiana, enraizado no Barro Preto e no Calafate; só mais tarde, principalmente na era do Mineirão, sua torcida cresceu (mais no interior do que na capital) e começou a rivalizar com a do Galo. A despeito das estatísticas, é a torcida do Galo que, há exatos cem anos, mais comove os belo-horizontinos. O mesmo se pode dizer dos títulos e das conquistas: uma pequena conquista do Galo, um campeonatozinho da segunda divisão, é muito maior no coração da cidade do que qualquer triunfo cruzeirense. Basta dar uma voltinha no centro, num dia de comemoração, para confirmar.
Por isso, quando o Galo está enfermo, Belo Horizonte inteira adoece e fica mais triste. Aliás, nestes últimos dias cheios de agitação política, descobrimos um paralelismo inesperado entre a seção de esportes e a página de previsão do tempo, nos jornais da cidade. Não foi à toa que caiu aquela chuva de granizo outro dia. Não é à toa que às vezes faz um calor de rachar. Que aquecimento global que nada, é febre! E se vier um terremoto, com certeza será um calafrio! Para nossa própria segurança física e emocional, é imprescindível que comecemos logo a curar o doente!
Lino Rodrigues
Nenhum comentário:
Postar um comentário