O tempo de televisão no jornalismo não comporta muito conteúdo. Entre “sound bites”, perde-se o essencial, principalmente quando se trata de análise. Na semana passada, o repórter e apresentador Fábio Pinel entrevistou o comentarista Tostão por quase uma hora, e o ex-craque do Cruzeiro e da Seleção Brasileira fez uma análise cuidadosa do Brasileirão que não pôde ser explorada na sua extensão e profundidade na edição do Meio de Campo de ontem e deve voltar a ser assunto de Esportes ao longo da semana, nos programas diários e neste blog.
Concedida antes da rodada que terminou ontem, Tostão antecipou a arrancada do Internacional e disse que não vê o Palmeiras de Luxemburgo como favorito. Na briga pelo título, alinhou também Grêmio, Cruzeiro, Flamengo e São Paulo, com o Botafogo correndo por fora.
Avesso a palpites, Tostão, contudo, preferiu enxergar nos favoritos ao caneco uma organização e planejamento que faltam aos demais, e se materializam em resultados consistentes ao longo da maratona de pontos corridos. Num torneio deste tipo, formula Tostão, é fundamental que a diretoria aposte no trabalho de um técnico, contrate de maneira inteligente para ter reservas de qualidade, saiba promover novos valores e não dependa apenas de um ou dois jogadores para conquistar pontos.
Na parte de baixo da tabela, o analista de futebol vê poucas esperanças para Ipatinga e Portuguesa e fica na expectativa de ver quem engrossa a lista da série B entre os “grandes” de outrora – Fluminense, Vasco e Santos. Também entre os grandes de outrora figura o Atlético-MG. Ainda que temperado por uma gentileza mineira, o diagnóstico de Tostão não inclui a possibilidade de o time centenário mudar de página na tábua de classificação. Mas acredita que o risco de rebaixamento é remoto.
São estes alguns dos pontos que a íntegra da entrevista traz. Para o torcedor do Cruzeiro, boas notícias. Tostão acredita que o trabalho de Adílson Batista possa levar ao título e o prefigura entre os grandes treinadores do futuro. Para o torcedor do Ipatinga, resta a esperança de o olhar do comentarista estar ligeiramente fora da alça de mira. Para o torcedor do Galo... Bem, este se acostumou a acreditar mais no que lhe aponta o coração sofrido do que no que enxerga entre as quatro linhas.
Mas fiquem ligados. Tem mais Tostão por vir. Inclusive com críticas ao trabalho de Dunga na Seleção.
Alexandre Freire escreve às segundas-feiras
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