O “Meio de Campo” deste domingo discute pra que serve o Campeonato Mineiro. A aborrecida alternância de títulos entre Atlético e Cruzeiro e a defasagem entre os dois grandes da capital e os demais tornam a competição, além de tediosa, de valor incerto.
Em entrevista a Fábio Pinel, o presidente do Cruzeiro, Zezé Perrela, diz que parou de chamar o torneio de “rural” só porque hoje os jogos regionais rendem mais que a Libertadores por causa da verba de televisão. Mas ele reconhece que a infraestrutura e o poder econômico dos arquirrivais, quando comparados aos dos adversários do interior, colocam a conquista do título para Atlético e Cruzeiro como uma “obrigação”.
Perrela também lembra que quando aparece outro campeão, como o Ipatinga, em 2005, é porque o time jogou reforçado. Ele lembra que, na conquista do Tigre, há quatro anos, 40% dos atletas estavam emprestados ao time do Vale do Aço pela Raposa. O América, que um dia foi a terceira força no Estado, hoje vive apenas na memória da torcida.
Mas ainda que algum dinheiro entre em caixa, o que o programa quer discutir é em que medida o Campeonato Mineiro funciona como um bom teste para Atlético e Cruzeiro enfrentarem adversários de peso nas outras competições em que tomam parte.
O time celeste levou uma goleada do argentino Estudiantes pela Libertadores há pouco mais de uma semana. Ontem foi a vez do Galo festejar como bom resultado o empate em 2 a 2 contra o Guaratinguetá, time rebaixado na presente edição do Campeonato Paulista.
Claro, esses resultados isoladamente não são conclusivos para avaliar a importância do Mineiro, mas deixam boas razões para dúvida sobre o que podemos esperar de Atlético e Cruzeiro a partir do desempenho que mostram na competição.
Se para os grandes da capital, o Mineiro, com seus campos ruins e times fracos, deixa uma questão no ar, para as equipes do interior pode significar um considerável reforço de caixa para quem chega à fase final, principalmente dentro da fórmula de mata-mata, em que ficam com a bilheteria do Mineirão quando mandantes.
Levantamento feito pelo produção do "Meio de Campo" mostra que o Rio Branco embolsou R$ 275 mil como mandante no último domingo, enquanto ao longo da competição arrecadou, no total, R$ 154 mil. Do mesmo modo, na terça-feira, o Ituiutaba levou, além de quatro gols, R$ 165 mil do Gigante da Pampulha. O Estádio da Fazendinha lhe rendeu R$ 95 mil durante o campeonato este ano.
Na ponta do lápis, além de um trocado, Atlético e Cruzeiro deviam fazer as contas para saber se o Mineiro vale a pena. A falta de títulos desde 2003 é para pensar. Minas só tem perdido força no futebol.
Alexandre Freire é jornalista
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