10 de novembro de 2008

Hora de fazer as pazes

Amores verdadeiros não morrem. Depois do rompimento, há um período que pode até durar para sempre, mas a possibilidade de reconciliação sempre paira no ar. Como o Dadá em 1971 diante do time da estrela solitária, que voltou a sentir o peso da camisa do Galo numa testada de Leandro Almeida.

No Mineirão, nesta quarta-feira, diante do Vasco, a torcida alvinegra vai cantar seu amor na reconciliação com o time depois de tantas frustrações no ano do centenário que se despede. A bolsa de apostas fica entre os 20 mil pagantes, na opinião de quem ainda está de má-vontade, e algo próximo a 40 mil espectadores, para quem conhece como bate um coração em preto-e-branco.

Marcelo Oliveira nem precisava convocar a torcida. Ele é percebido como sendo de casa. Conhece os valorosos guerreiros da base, tem história. As vitórias e derrotas do Galo ficam estampadas no olhar do técnico alvinegro logo após as partidas. Desta vez, ele veio para ficar. Depois de Geninhos e Gallos, o GALO encontrou seu comandante dentro das quatro linhas.

Fora delas, outro comandante que tem o apoio da torcida, Kalil, nem precisava reduzir o preço do ingresso. Mas bom que tenha. A torcida agradece uma graça depois de tantas desfeitas, de tantos atos de infidelidade a um amor tão superlativo.

O Vasco, adversário no jogo do rebaixamento de 2005 no mesmo Mineirão e algoz na goleada do primeiro turno este ano em São Januário, é um oponente que convoca memórias tristes, combustível que vai inflamar corações e turvar mentes com a vontade de festejar o sofrer e o penar de quem já traz uma cruz no peito.

Quarta-feira é dia de ir ao Mineirão ver torcida e time fazerem as pazes. No céu, a lua flutuará cheia, entre nuvens, como uma bola que verte lágrimas. Sim, pois a previsão do tempo é de chuva. A temperatura deve cair pros lados da lagoa, como sempre. Raça, suor e lágrimas. Mineirão e lua cheia. O hino cantado a plenos pulmões. Como em toda reconciliação, é hora de matar as saudades, é hora de fazer as pazes.

Alexandre Freire escreve às segundas-feiras (nem sempre pontualmente)

Um comentário:

  1. Belíssimo texto, meus parabéns!
    Eu acho que dá no mínimo 40 mil, porque tenho visto cada pessoa falar que vai ao jogo...
    E só uma última coisa, tá certíssimo no que disse sobre o Marcelo, o Galo encontrou seu comandante!
    Abraços!

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