4 de novembro de 2008

Lances

Em um campeonato tão longo como o Brasileiro, muita coisa se perde ao longo do caminho. Mas agora é hora de observar os fatos decisivos que apontam para o futuro:

1) O fato de que as cinco rodadas finais aconteçam só nos finais de semana é um detalhe a não ser desprezado. Os times terão mais tempo para se prepararem. E técnicos estudiosos dos adversários saem em vantagem. Foi o que ajudou a construir, por exemplo, a vitória do Cruzeiro sobre o Grêmio: o armador Wagner enfatizou que a equipe mineira havia sido orientada por Adílson Batista sobre como os gaúchos saíam jogando, o que foi decisivo para o primeiro gol.

2) O fato de que as rodadas finais acontecem no momento em que o calor invade todas as regiões do país merece destaque. Isso significa que os times com melhor preparo físico farão a diferença na reta final, com o sol na cabeça.

3) O fato de que os cinco primeiros colocados tenham mantido seus técnicos desde o início do campeonato é digno de nota. Com isso, afasta-se o pragmatismo de resultados, e os comandantes das equipes têm mais tempo e calma para formar os times e testar variações táticas. Aprender com as derrotas e conhecer mais profundamente os jogadores. Os que têm frieza nos momentos de pressão e os que afinam quando mais se precisa deles. A diretoria do Cruzeiro deveria manter Adílson para a próxima temporada. Bem fará o Atlético se seguir a mesma orientação, conservando Marcelo Oliveira à frente do elenco.

4) O fato de ainda não ter conseguido um substituo para Marcinho, no ataque, resume o maior drama do Flamengo. Obina, Maxi, Josiel, Vandinho, todos tiveram suas chances e não souberam aproveitá-las. Também a saída do meio-campista Renato Augusto contribuiu para a desestabilização do rubro-negro. Talvez Josiel seja o titular do próximo embate do Fla, contra o Botafogo, no domingo, e afinal desencante. Caio Jr. está nas mãos e nos pés de seus atacantes. Marcelinho Paraíba também caiu muito de produção e está devendo, bem como os dois laterais, Leonardo Moura e Juan.

5) O São Paulo é irritantemente regular. Suas partidas não são boas de assistir, mas a disciplina tática do time é digna de elogio. Ele assume a pole num momento crucial do torneio, mas como o campeonato está "estranho", como diz o Caio Jr., tudo pode acontecer.

6) Ao contrário, o Grêmio vive um declínio quando não poderia. Para muitos, o time foi muito longe, mas merece respeito por se manter tanto tempo na dianteira.

7) O Palmeiras é Wanderley Luxemburgo. Qualquer outro técnico – dos que trabalham no Brasil – não extrairia do time o que o treinador consegue. O recuo de Martinez para a zaga, a promoção de jogadores como Sandro Silva devem ser creditadas a ele.

8) Muitos criticam Adílson Batista, mas seu maior inimigo foram as contusões dos jogadores do meio-campo e do lateral esquerdo. Ramirez, Fabrício, Wagner e Jadílson, participando de um maior número de jogos, levariam o time muito mais à frente do que ele está, e dariam o de que mais precisa: regularidade.

9) Com um pouco mais de experiência – que virá naturalmente –, Renan Oliveira tem tudo para ser o grande destaque do Galo em 2009.

10) Não se enganem: o campeonato ainda está aberto: qualquer um dos cinco primeiros pode ser ainda campeão. Por incrível que pareça.

Fabrício Marques é jornalista e doutor em Literatura

Nenhum comentário:

Postar um comentário