Cruzeiro e Flamengo fizeram um jogo de grandes ontem no Mineirão, emoldurado pelo estádio com quase 54 mil torcedores e a volta das bandeiras em mastros, que dão uma dimensão mais plástica e mais festiva ao maior esporte do mundo. O confronto foi o ponto alto da rodada.
O placar de 3 a 2 para o time celeste fez justiça ao que foi a partida, mas poderia, dentro da mesma lógica, isto é, de vitória do Cruzeiro, ser mais generoso, uma vez que os dois lados jogaram muita bola e perderam o que seriam belos gols.
O Brasileiro de pontos corridos, que fecha em duas rodadas, tem nessa zona de cima, da Libertadores, o filé da competição. Como havia sido com Flamengo e Palmeiras na semana passada, Cruzeiro e o rubro-negro carioca proporcionaram um grande espetáculo.
Se bobear, a emissora que é dona dos direitos de transmissão cria, um dia desses, um pacote diferenciado para quem quiser assistir apenas aos jogos, entre si, dos times que formam o seleto grupo no topo da tabela.
Já a zona intermediária anda chata de trincar. Exemplo foi Sport e Atlético na Ilha do Retiro ontem. Uma provação para a sofrida massa alvinegra. Duvido que torcedores de outros clubes (tirando os do Leão, claro) tenham desperdiçado duas horas do domingo com a pelada. A menos que tenha sido para azucrinar algum atleticano na segunda-feira, dura por si só.
A parte de baixo da tabela mantém o interesse da audiência. Transforma-se num reality show, em que os dramas da corrida para fugir ao “paredão” viram puro entretenimento. Aquilo de “pimenta nos olhos dos outros”...
Na charge que publica amanhã em "O Tempo" e no "Super", Duke alinha a situação dos três mineiros na série A. Realmente, o Cruzeiro ocupa um lugar ao sol, sistematicamente disputando títulos e vaga nas Libertadores.
Se o Galo não está numa situação tão desconfortável como numa cama de pregos, é fato que o futebol praticado pelo time de Marcelo Oliveira fica melhor na segunda página da tabela de classificação da série A. E ainda que sua mascote não seja um faquir, o clube tem vivido um prolongado e incômodo jejum de conquistas.
Ao Ipatinga, resta retornar ao Vale do Aço e começar de novo. Categorias de base, organização, planejamento de médio prazo, tradição, torcida. Falta tudo ao Tigre para permanecer na série A.
O ano de 2008 fecha-se com o futebol mineiro imobilizado em três níveis. E o pior é que, no horizonte e no curto prazo, não há sinais de mudanças na direção do fortalecimento da bola praticada dentro de nossas fronteiras, o que claramente não é bom para Minas.
Alexandre Freire escreve às segundas-feiras.
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