9 de novembro de 2008

Por que o São Paulo chegará e o Cruzeiro não?

Durante todo o Brasileirão 2008, "mineiro" mesmo foi o São Paulo. Chegou à liderança sem estardalhaço, mas consistente, na hora de decidir. Talvez Muricy Ramalho tenha comido mais pelas beiradas do que Adílson Batista.

Muricy é um antipático assumido, mas sabe o que quer e mostra coerência quando escala sua equipe. Adílson ganhou a vitrine este ano, mas parece ter ficado um pouco deslumbrado com os holofotes e em certas horas tentou aparecer mais do que deveria. Fez substituições malucas e arrumou encrenca com a torcida. O que será que só ele vê quando tira o lateral Jadílson jogando bem para colocar o volante Elicarlos em seu lugar? Ser "excêntrico" não é privilégio dele. O Muricy também faz maluquices. Transformou o Dagoberto, que é no mínimo um jogador habilidoso e oportunista, em um atacante marcador de volantes adversários.

Devaneios à parte, o campeonato ainda não acabou. Mas já é possível prever o que cada um vai ser capaz de conseguir no final. A grande diferença entre São Paulo e Cruzeiro está na constituição de elenco e no perfil de contratações. É indiscutível que os jogadores que compõem o grupo do São Paulo, digo aqueles que não são titulares, são bem melhores, mais experientes e preparados para vencer do que aqueles que compõem o grupo do Cruzeiro. Para comprovar, é só comparar os atacantes reservas tricolores Éder Luiz e André Lima com os reservas cruzeirenses Jajá, Wanderlei e Reinaldo Alagoano. Os reservas do São Paulo jogam e decidem partidas. Os do Cruzeiro treinam, e nada mais.

Se o ala Jorge Wagner sai no São Paulo, ou é deslocado para o meio, o Muricy não só tem à disposição o experiente lateral Júnior para a função como também pode fazer uma mudança tática capaz de alterar o resultado de uma partida. Se o Jadílson sai no Cruzeiro, mesmo que não esteja jogando bem, o máximo que vai acontecer é “um Carlinhos” entrar em seu lugar. A função pode sobrar também para o Fernandinho, nada mais que um esforçado terceiro homem de meio. No desespero, pode ainda pintar por ali o Marquinhos Paraná, que não compromete, mas também não resolve.

Não são apenas as cotas de televisão que transformam a distância entre um time e outro em um abismo. Entender de futebol na hora de montar um grupo faz diferença. A vaga na libertadores estará de muito bom tamanho para o Zezé Perrela recomeçar. E que haja muita reflexão antes disso. Não seria nenhum delírio pensar a longo prazo e manter como técnico o "maluco" do Adílson. Certamente ele aprendeu muita coisa em 2008 e os frutos de seu trabalho ainda precisam ser colhidos.

Cyro Gonçalves é jornalista da Rede Minas.

Um comentário:

  1. Acho que existe muita má vontade com o Adilson...
    Tá certo que ele inventa um pouco, mas muito das invencionices sao decorrencia do pouco material humano que tem a disposição...
    O Jadilson é no máximo um jogador mediocre, que joga pra arquibancada e nao marca ninguem... Nao sei se voces se lembram, mas a pior partida do Thiago Heleno no ano foi no mineirão contra o Goiás, curiosamente neste jogo o Adilson havia invertido seu posicionamento com o Espinoza... Thiago Heleno jogou pelo lado esquerdo da defesa e cobrindo o Jadilson fez sua pior partida do ano...
    Outra coisa que o São Paulo tem que o Cruzeiro não: R$ 40 milhões a mais em sua receita anual e isso faz uma diferença...
    Abraços!

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