Marques completa hoje 189 jogos em Campeonatos Brasileiros com a camisa do Atlético. E na rodada seguinte, supera o então recordista, o lateral-esquerdo Paulo Roberto Prestes, que terá a marca igualada no jogo contra o Vasco.
Até aí, tudo bem! Afinal, Rogério Ceni é o exemplo a ser seguido, já que o São Paulo é o único time que ele defendeu – e certamente defenderá – em toda a carreira. Enquanto Marques já teve idas e vindas na Cidade do Galo.
O jogador atleticano tem outros números impressionantes. É o nono maior artilheiro nesses cem anos de Galo e, com mais quatro gols, supera o legendário Ubaldo na lista dos goleadores. A facilidade de marcar gols fez dele o autor do milésimo alvinegro em Brasileirões.
Esses são feitos que podem até ser alcançados por outros jogadores, embora eu ache quase impossível. O que não existe mais é um jogador que se identifique tanto com um clube, mesmo não tendo sequer nascido no Estado de origem desse clube.
A prova dessa identificação está no desapego financeiro demonstrado por Marques. Há alguns anos, Marques se desentendeu com o presidente eleito do Atlético, que à época era diretor de futebol, e foi embora deixando para trás um crédito trabalhista milionário.
Como quis voltar algum tempo depois, acabou perdoando parte da dívida para entrar no tal consórcio de credores criado por um ex-vice-presidente. Significa que para receber o que o clube lhe devia e, principalmente, para voltar a vestir a camisa preta e branca teve que abrir mão daquilo que lhe era de direito.
E para finalizar, Marques joga pelo Atlético nessa reta final de Campeonato Brasileiro sem receber salários. E ainda fala em entrevistas com orgulho de representar essa agremiação. Enquanto o clube acerta os quase três meses de atraso com os jogadores que podem lhe dar lucro um dia – as chamadas jovens promessas – o velho e honrado Marques serve de exemplo para eles.
Isso não existe mais!
Eduardo Almada escreve às quartas-feiras.
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