22 de dezembro de 2008

Tédio, futebol e xadrez

Fim de temporada é um tédio. No futebol, beira o insuportável. Jornalistas esportivos oscilam entre retrospectivas enfadonhas, olhar para o futebol europeu ou engrossar a bolsa de especulações sobre o entra-e-sai de jogadores do lado de cá das fronteiras.

Como é importante manter o blog com novas postagens, dou aqui uma contribuição insossa dentro do quadro descrito acima.

Revendo a entrevista de apresentação do técnico Leão na semana passada, cujos principais trechos foram ao ar ontem no “Meio de Campo”, achei que o novo comandante do Galo deu mostras de que, além de futebol, conhece os princípios de xadrez.

Isso porque, ao elogiar a autonomia que lhe foi dada pelo presidente do Atlético, Alexandre Kalil, para mexer no time, dispensar e reivindicar esforços – que mais adiante serão motivo de cobrança por resultados –, Leão ao mesmo tempo colocou o manda-chuva do Galo em xeque: o ex-goleiro da Seleção Brasileira quer contratações ("na frente, no meio e atrás").

Ele dispensa a bacia de gente medíocre que deu os contornos de pesadelo ao ano do centenário. Prefere quatro ou cinco jogadores que resolvam. Afinal, alfinetou Leão, de nada vale ter um banco de reservas que se limita a assistir aos jogos.

Vale lembrar que o Cruzeiro tem feito movimentos claros e objetivos para que seus 88 anos sejam lembrados no futuro como um momento de reencontro com títulos de expressão, no que é claramente mais competente que o rival alvinegro. Wellington Paulista já é do Cruzeiro, e Fred, ainda que não venha, evidencia que Perrela enxerga longe.

Kalil e Leão formam uma mistura explosiva. Ambos gostam dos holofotes, têm temperamentos difíceis e não costumam deixar perguntas incômodas sem resposta. Kalil – dentro da lógica do xadrez – fez uma bela abertura ao trazer Leão, encerrando a especulação com nomes que tiram o sono da estressada massa atleticana, na linha de Celso Roth.

O xadrez é um jogo que se define por três eixos: iniciativa, posicionamento diante do adversário e capacidade de fazer conquistas materiais. Enquanto a bola não rola, temos em Lourdes um tabuleiro armado com peças brancas e pretas. De cada lado, um estrategista – Kalil e Leão. Vamos aguardar os próximos movimentos e ver até quando dura a lua-de-mel entre presidente e técnico.

Como costuma acontecer quando o assunto é Atlético, 2009 promete grandes emoções. Esperemos que boas.

Alexandre Freire

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