28 de dezembro de 2008

Feliz ano novo, Silvestre.


O “Meio de Campo” de hoje relembra a tragédia que marcou a vida do Atlético e, em particular, de um jogador, na decisão do título brasileiro de 1980 contra o Flamengo no Maracanã. Trata-se da história do zagueiro Silvestre, recontada no último programa do ano, dedicado ao magro centenário alvinegro.

Tragédia, no sentido dado pelo teatro grego de Sófocles, Eurípedes e Ésquilo, cujas origens nos fazem recuar 2500 anos, narra o sofrimento humano diante de forças que não pode controlar e em face das quais tem de tomar uma decisão. Silvestre foi personagem de uma situação assim na tarde de 1º de junho daquele ano.

O cenário armado era digno dos grandes momentos de catarse e expiação, característicos da tragédia grega. No Maracanã, quase 150 mil torcedores assistiam ao confronto entre as duas melhores equipes da competição, num dos mais tradicionais clássicos do futebol brasileiro. Dentro de uma escala que remete ao Olimpo do futebol, titãs estavam frente-a-frente. Do lado do Flamengo, Raul, Júnior, Carpegiani e Zico. Defendendo as cores alvinegras, Luisinho, Cerezo, Éder e Reinaldo.

O empate daria o título ao Galo, dono do time mais brilhante e do melhor desempenho no campeonato. O Flamengo saiu na frente duas vezes, com Nunes e Zico. Reinaldo, mesmo sentindo dores musculares na coxa, calou duas vezes o Maracanã ao igualar o marcador para o Galo.

Como nas tragédias, tecidas pelo capricho dos deuses, um ser humano demasiadamente comum, o juiz José de Assis Aragão, não apenas marcou erradamente um impedimento como expulsou Reinaldo por reclamar do lance. A poucos minutos do final, o Galo enfrentava com dez jogadores a força do destino. É aí que aparece Silvestre.

Para ser mais exato, surge Nunes, diante de Silvestre, os dois cara-a-cara, dentro da grande área; o zagueiro, a poucos minutos do apito final que lhe daria acesso ao panteão de heróis de Lourdes. Naquela fração de segundos que envolveu o drible de Nunes, Silvestre escolheu o que lhe pareceu certo – prever a carga do centro-avante flamenguista para dentro da área. Nunes fez o contrário – cortou para a linha de fundo e encontrou por lá o caminho para as redes de João Leite e a imortalidade.

O que a reportagem de Roberto Amaral mostra no programa de hoje são as marcas deixadas pelo episódio trágico na face do cidadão Geraldo André Silvestre. Responsabilizado injustamente por uma derrota que se assentou sobre os ombros da equipe e dos erros de arbitragem que sempre roubaram do Atlético o lugar de destaque que merece no “cenário esportivo mundial”, Silvestre foi negociado e teve sua carreira, estigmatizada pelo episódio, abreviada.

Na delicada abordagem levada ao ar hoje no programa, encontramos um Silvestre de sorriso triste, ainda envergando as camisas do Galo, para o qual não deixou de torcer. Vítima de outros revezes do destino, como o da doença que lhe levou uma filha que não completara 14 anos, Silvestre, digno, controla as lágrimas e diz que “continua correndo atrás”. Ele vende coco verde e caldo de cana num bairro humilde de Contagem.

Silvestre, quase 30 anos depois, continua correndo atrás. Movido pela convicção de quem agiu como lhe pareceu certo, o zagueiro segue adiante, defendendo a meta da família e sonhando com um título do Galo para colocar no lugar, hoje como torcedor, daquele que um capricho da bola fez escapar na condição de atleta.

Ao atleticano Silvestre, personagem da tragédia alvinegra, fica uma homenagem do ”Meio de Campo” no apagar de luzes do centenário. Feliz ano novo!

Alexandre Freire

25 de dezembro de 2008

Natal em famílias

Então é Natal! Família, presentes, fé e união! Sentimentos meio confusos numa época que o nascimento de Cristo deveria ser reverenciado como uma renovação as solidariedade e esperança.

No futebol duas famílias em especial têm motivos para celebrar e refletir: os Perrellas e os Kalil.

Alexandre e Zezé vão passar os próximos anos como presidentes dos maiores clubes de Minas. As famílias dos dois vão viver tempos de pressões e desafios, mas que ambos têm consciência e sabiam previamente que essa é uma sina que teriam de passar.

Já outras duas famílias as dos atleticanos e dos cruzeirenses não pediram por isso, pelo contrário, os conselheiros que foram os responsáveis pelas suas eleições. É fato que as candidaturas vencedoras eram preferência dos torcedores, mas eles mesmos, ao contrário da política, serão os primeiros a cobrar sucesso em seus pleitos.

As decisões tomadas hoje vão refletir no futuro dos clubes e do relacionamento entre dirigentes e torcedores. Por isso desejo a eles neste Natal sabedoria nas contratações, menos avareza nas negociações, prudência nas declarações e generosidade nas conquistas que torço para que sejam conquistadas.

Na Páscoa, onde os cristãos confirmam sua fé no renascimento do menino Jesus, as equipes estejam consolidadas e um ano de harmonia e de felicidade seja dividido entre todos aqueles que fazem do futebol a paixão dos mineiros.

Cláudio Gomes escreve às quintas-feiras.

22 de dezembro de 2008

Tédio, futebol e xadrez

Fim de temporada é um tédio. No futebol, beira o insuportável. Jornalistas esportivos oscilam entre retrospectivas enfadonhas, olhar para o futebol europeu ou engrossar a bolsa de especulações sobre o entra-e-sai de jogadores do lado de cá das fronteiras.

Como é importante manter o blog com novas postagens, dou aqui uma contribuição insossa dentro do quadro descrito acima.

Revendo a entrevista de apresentação do técnico Leão na semana passada, cujos principais trechos foram ao ar ontem no “Meio de Campo”, achei que o novo comandante do Galo deu mostras de que, além de futebol, conhece os princípios de xadrez.

Isso porque, ao elogiar a autonomia que lhe foi dada pelo presidente do Atlético, Alexandre Kalil, para mexer no time, dispensar e reivindicar esforços – que mais adiante serão motivo de cobrança por resultados –, Leão ao mesmo tempo colocou o manda-chuva do Galo em xeque: o ex-goleiro da Seleção Brasileira quer contratações ("na frente, no meio e atrás").

Ele dispensa a bacia de gente medíocre que deu os contornos de pesadelo ao ano do centenário. Prefere quatro ou cinco jogadores que resolvam. Afinal, alfinetou Leão, de nada vale ter um banco de reservas que se limita a assistir aos jogos.

Vale lembrar que o Cruzeiro tem feito movimentos claros e objetivos para que seus 88 anos sejam lembrados no futuro como um momento de reencontro com títulos de expressão, no que é claramente mais competente que o rival alvinegro. Wellington Paulista já é do Cruzeiro, e Fred, ainda que não venha, evidencia que Perrela enxerga longe.

Kalil e Leão formam uma mistura explosiva. Ambos gostam dos holofotes, têm temperamentos difíceis e não costumam deixar perguntas incômodas sem resposta. Kalil – dentro da lógica do xadrez – fez uma bela abertura ao trazer Leão, encerrando a especulação com nomes que tiram o sono da estressada massa atleticana, na linha de Celso Roth.

O xadrez é um jogo que se define por três eixos: iniciativa, posicionamento diante do adversário e capacidade de fazer conquistas materiais. Enquanto a bola não rola, temos em Lourdes um tabuleiro armado com peças brancas e pretas. De cada lado, um estrategista – Kalil e Leão. Vamos aguardar os próximos movimentos e ver até quando dura a lua-de-mel entre presidente e técnico.

Como costuma acontecer quando o assunto é Atlético, 2009 promete grandes emoções. Esperemos que boas.

Alexandre Freire

20 de dezembro de 2008

Cruzeiro tem de planejar para 2009

A temporada de 2009 já começou para o Cruzeiro. Após a boa campanha no Brasileirão – o 3º lugar foi a melhor posição desde o título de 2003 -, a diretoria celeste renovou com o técnico Adílson Batista e, com isso, antecipou o planejamento para o próximo ano. A permanência de Adílson – que gosta de ser reconhecido como estrategista - antecipa a preparação da equipe para 2009, que não deve sofrer grandes alterações em relação a 2008. Não faltam exemplos de times que apostaram em equipes modestas mas bem planejadas para chegar ao topo, como o Grêmio e o hexacampeão São Paulo, e esta postura deve ser levada a sério por quem tem pretensões na Taça Libertadores.

Em tempos de mercado especulativo sobreposto aos interesses das quatro linhas, os grandes craques ficam pela Europa, os medianos se espalham em clubes asiáticos e europeus de menor expressão e as grandes revelações costumam resistir ao assédio por poucos meses. Resta aos clubes brasileiros investir em equipes medianas que podem se revelar fortes se bem planejadas, com jovens apostas e eventualmente atletas já em fim de carreira - com os inconvenientes que estes não servirão de moeda de troca e ainda ganham altos salários.

O primeiro reforço anunciado pelo Cruzeiro é Soares, atacante de 23 anos que se destacou sob o comando de Adílson no Figueirense em 2006, quando anotou 13 gols no Brasileiro. Atleta do Fluminense, estava no Grêmio e foi trocado por Leandro Domingues, que não seria aproveitado na Toca por causa de desentendimentos com Adílson às vésperas do jogo contra o Boca pela Libertadores, em maio. Os torcedores esperam o anúncio de mais dois nomes, já que a diretoria definiu como prioridades um atacante e um zagueiro experientes para a disputa do torneio sul-americano. Em tempos de férias dos campos especulações não faltam, mas a diretoria não nega nem confirma os nomes discutidos pela imprensa. Zezé Perrella tenta fechar, ainda antes do natal, um desses reforços para presentear a torcida.

Do atual elenco, pode-se considerar: permanecem o goleiro Fábio e o zagueiro Espinoza, ambos com contrato renovado. Thiago Martinelli foi emprestado para o Cerezo Osaka, do Japão, até o fim de 2009, e Thiago Heleno, pelo crescimento na temporada, é moeda forte e pode deixar o clube em janeiro. Para a lateral esquerda, a torcida aguarda ansiosa a volta de Sorín, com Fernandinho na reserva. Jonathan segue na direita.

O meio de campo ainda é a maior incógnita, já que a diretoria precisa vender um jogador para equilibrar as contas do clube. Por enquanto, Ramirez e Wagner continuam; o clube tenta renovar o empréstimo de Henrique junto ao Jubilo Iwata, e Camilo deve ir para o futebol alemão. Marquinhos Paraná, que chegou ao clube sob desconfianças e terminou a temporada como peça fundamental, também continua. Fabrício renovou por dois anos esta semana e o Cruzeiro finaliza a compra de 63% de seus direitos por 1 milhão de euros.

No ataque, apostas para 2008 que irritaram a torcida não devem permanecer. Weldon e Reinaldo Alagoano, que não se firmaram na equipe, devem ser emprestados, além de Jajá. Guilherme, por enquanto, permanece como o jogador mais valorizado da posição para uma possível transferência, e Thiago Ribeiro ainda tem quatro anos e meio de contrato para cumprir. O primeiro compromisso do Cruzeiro em 2009 está marcado para 17 de janeiro, no Uruguai, onde o clube disputa o Torneio de Verano, uma espécie de pré-temporada na qual enfrenta, logo na estréia, o maior o rival, o Atlético-MG. Participam ainda o Peñarol e o Nacional do Uruguai.

Enzo Menezes, jornalista

19 de dezembro de 2008

Galo e Leão

O técnico Emerson Leão veio de carro a BH porque não é homem de recuar diante do mau tempo. Cara do Galo. Kalil parece ter amadurecido um horror nesses tempos parcos de Zizas e que tais. Sabia que tinha de jogar uma cartada forte. Do tipo que produz mídia num momento em que já não há o que falar. Que fixa a agenda.

Fez, guardadas as devidas proporções, o mesmo que o Corinthians com a ridícula apresentação de Ronaldo, que de fenômeno só tem mesmo o marketing que se ancora em sua figura fora de forma. Nada contra Ronaldo. O rapaz é um cara que tem muitas virtudes. Inclusive já jogou muita bola.

Leão, respondendo a uma repórter-mulher, que fez a melhor pergunta da entrevista, disse o que pensa de Ronaldo contratado pelo Curingão recém resgatado do inferno da segunda divisão. Kalil fez algo parecido com bem menos dinheiro e, cá entre nós, riscos. Trouxe Leão e começou transferindo para um ex-arqueiro da Seleção, com envergadura nacional, a missão de defender a meta alvinegra.

Não é à-toa que ele fustigou os medianos Juninho e Edson. E com toda a razão. Olhando para o passado, o torcedor do Galo lembra-se de Kafunga, Renato, Marzukievicz, Taffarel, Diego. De quebra, inventou expressões – tipo posição de precisão. O cara tem a manha. Chegou do Oriente Médio, foi testado em São Paulo, a Meca do futebol atual, e conhece o estado da arte dentro das quatro linhas.

Um parágrafo em homenagem ao Marcelo de Oliveira, a quem o Galo muito deve. É um desses caras cuja maior virtude é o bom senso. O ex-jogador que nunca foi exatamente uma estrela. Mas cuja qualidade de passe sempre fez diferença. Desejamos a ele muita sorte nas novas equipes em que deve construir carreira antes de voltar ao Galo para dizer ao mundo a que veio. Boa sorte, Marcelo! Torcerão por você como só a massa alvinegra sabe torcer. Torcer é amar mesmo no sofrimento. Algo de que o amor de shopping centre se esqueceu.

2009 aponta na curva do caminho. O centenário ficou para trás e já foi tarde. Leão falou pouco e disse tudo. O Galo é grande. E numa época em que todo mundo tem medo do amanhã, nunca foi tão importante sonhar. Saudações! Feliz Natal. Um ano bem novo!

Alexandre Freire devia ter escrito domingo passado

18 de dezembro de 2008

Atirando o Salto Alto


Ontem cedo o João Paulo atendeu o telefone aqui na redação e logo me chamou apontando para o aparelho. É a sua mãe - disse ele

- Alô!
- Você viu que absurdo? Estou com ódio daquele homem! Isso é demais
-Alô mãe! Alô! O que foi?
- Você não viu?
- O QUÊ?
- O presidente do Fluminense!

Ela me ligou indignada com as palavras de Roberto Horcades, que disse:

- Ele foi treinar as meninas lá em Atenas e aí conseguiu fazer com que as mulheres, com dois neurônios, chegassem a vice-campeãs mundiais.

A intenção de Horcades era fazer um elogio a René Simões, técnico do tricolor carioca.

Atitudes como essa mostram como os dirigentes brasileiros ainda são despreparados, preconceituosos e ultrapassados. Horcades não é o único “homem do futebol” a externar sua empáfia futebolística sobre o sexo oposto. Wanderley Luxemburgo também desferiu contra as mulheres dizendo que elas não entendem de futebol. Emerson Leão, em outra passagem pelo Galo, foi grosseiro com uma repórter da Rede Minas que fazia a cobertura do Atlético.

Dentro e fora de campo as mulheres mostram, a cada dia, que o mundo da bola fica mais feminino. Martas e Cristianes não param de surgir nos gramados. E na crônica esportiva elas promovem uma verdadeira invasão, nas redações, nas reportagens e apresentação.

Para aqueles que se julgam melhores, superiores ou entendidos de futebol fica a dica de assistir ao Meio-de-Campo neste domingo que terá a participação da jornalista Dimara Oliveira. Uma outra opção é acompanhar nas edições que vamos preparar para 2009 o quadro “De Salto Alto” com Carol Delmazo. Certamente vocês verão como o sexo frágil é bom de bola e sabe o que fala.

Para minha mãe ficou a vontade de estar na entrevista coletiva, e assim como fez o jornalista iraquiano com George W. Bush, atirar o sapato em Horcades.

- Alô mãe, a Carol disse que te empresta o Salto Alto!

Cláudio Gomes escreve às quintas-feiras.

17 de dezembro de 2008

Palavras que brincam com os fatos e enchem os olhos diante do monitor

Desde o mês de setembro o blog do Meio de Campo publica com periodicidade definida textos dos integrantes da editoria de esportes da Rede Minas, dentre outros de colaboradores que se dispuseram a enriquecer a ferramenta. Dois deles, em especial, me chamaram a atenção.

Primeiro, o texto escrito pelo editor-chefe, o faz-tudo Cláudio Gomes, que traz uma historinha (ainda estou em dúvida se não seria estória, considerando o lado ficcional de uma narrativa absolutamente real) sobre dois pequenos atleticanos.

O nome do texto, publicado no dia 6 de novembro, faz alusão a adjetivos que servem de alcunha para os personagens: Travesso e Zangado. Destaca-se aqui a capacidade do autor de criar uma (es)história com todos os requisitos que encontramos naquilo que faz o gênio dos quadrinhos, Maurício de Sousa. Voltei à infância e aos tempos em que lia freqüentemente a Turma da Mônica.

Só que a narrativa imprimida por Cláudio Gomes tem a vantagem de abordar um assunto que me agrada muito, o futebol mineiro, sem ser infantil e superficial como as estorinhas de Pelezinho e seus companheiros Canabrava e Frangão.

Outro texto de encher os olhos e a expectativa desse humilde leitor foi escrito ontem e postado hoje, por razões só explicadas pelos magos da virtualidade e pelos técnicos em informática.

O autor – um misto de produtor, editor e repórter – João Paulo Ribeiro faz uma abordagem que sugere aflição de quem vive de dar notícias de futebol na entressafra do esporte mais popular do planeta. Dentre esses, nós, jornalistas esportivos.

Um primor na capacidade de atestar que a grande imprensa trabalha incansavelmente para noticiar fatos. Mas também de constatar que, se eles não existem – pelo menos com o viés esportivo – alguns veículos não se fazem de rogado e forjam notícias, ainda que elas não caibam na editoria própria.

Pobres daqueles que precisam encher páginas, cadernos, que necessitam produzir 20, 30 minutos de noticiário esportivo. Pior ainda para quem está do outro lado do monitor, do jornal ou do aparelho de rádio, recebendo a polpa de uma fruta colhida fora do tempo, ou melhor, na entressafra, quando o momento não é apropriado para a plantação. Ou é?

Eduardo Almada escreve às quartas-feiras.

Será este mais um dos “passos maiores do que a perna”?

O clube Atlético Mineiro acertou recentemente a vinda do treinador Emerson Leão, em substituição ao comandante de 2008, Marcelo Oliveira.

Será que tal contratação não é mais um dos “passos maiores que a perna” que o clube vem dando ao longo dos últimos anos e, que o colocou na situação financeira de crise em que se encontra atualmente? Como mineiro, torço para que o “Galo das Minas Gerais” reencontre o caminho das glórias de antigamente, mas com consciência, sem atropelos e contratações a peso de ouro que possam comprometer o planejamento financeiro e administrativo do clube. Torço ainda para que, caso os resultados não venham e a massa atleticana re-convoque Marcelo Oliveira ou, o mais comum “tapa buracos” do clube, Procópio Cardoso, que este quando vier possa ter do clube uma confiança maior que possibilite o desenvolvimento de um planejamento de longo prazo.

Lucas Leão trabalha na assessoria de imprensa da Rede Minas.

Qual é o melhor time de futebol do mundo ?

Foto Reuters

Luis Bolaños, da LDU, comemora gol na vitória de 2 X 0 sobre o Pachuca hoje em Tóquio. Amanhã Gamba Osaka e Manchester United
Disputam a outra vaga na final do Mundial de Clubes da Fifa.

Ah-Ahly, Adelaide, Pachuca, Gamba Osaka, Waitakere. Não parecem, mas são nomes de times de futebol. Até aí tudo bem. O mais surpreendente é que estes times são os melhores do mundo. Se não fossem, não estariam no Mundial de Clubes da FIFA. Ela mesma, a entidade máxima do futebol.

Não foi só por implicância que Nelson Rodrigues escreveu uma vez que o sétimo cavalo, da esquerda para a direita, do famoso quadro da Independência do Brasil, entendia mais de futebol que todo o conselho da FIFA reunido.

Hora das férias!

Em época de falta de notícia no futebol brasileiro o que mais chama a atenção no noticiário é justamente “não notícia” publicada. Principalmente na internet, que se sente obrigada a publicar alguma novidade a todo tempo.

Os fatos que cercam a vida de Ronaldo ganham destaque nas manchetes, mesmo com o fenômeno longe dos campos. Hoje ao abrir o primeiro site de esporte na internet vejo estampado "Ronaldo vai à balada de Madonna. Após o show no Maracanã, cantora vai para uma boate. Festa conta com várias celebridades, como o atacante corintiano e a noiva grávida.”
Fiquei em dúvida o que isso tinha relação com o esporte. Então fui em busca de mais notícias sobre Ronaldo. “Mesmo com cerca de 95kg, Ronaldo está liberado para guloseimas da ceia de Natal.” Essa já tinha mais cara de futebol. Afinal, se ele conseguir mais uns cinco quilinhos vai ficar pronto pra entrar em campo. Mas, não como jogador, se é que você me entende!

Desisti de procurar informações de Ronaldo relacionadas ao futebol. Queria saber do Flamengo, time com maior torcida do país. Encontrei isto: "Rei do gol na Turquia, Mezenga não desiste de sonho rubro-negro. Artilheiro pelo modesto Orduspor, fenômeno da base projeta voltar ao Flamengo e fazer tudo o que esperavam dele”.
Um fenômeno na Turquia? Mas fenômeno não é Ronaldinho? Mezenga não é personagem de novela? Será que eu estava na editoria certa? Pior que estava. Bruno Mezenga, que achei que fosse o rei do gado e não o rei da bola, quer voltar ao rubro negro. E quem não quer sair do “modesto” ORDUSPOR e jogar no Flamengo?

Com essa vi que o negócio era ir buscar notícias lá de fora. Seleção inglesa de futebol. Foi lá na terra da rainha que tudo começou. Em uma época em que tantas coisas eram só detalhes, como a grama. E vejo estampada uma manchete “Capello mede grama de Wembley com régua e exige 17 milímetros de altura”. Essa notícia mudou a minha vida. Pois, não sabia que a grama com 19 milímetros era pior que uma grama a 17 milímetros. O treinador da Inglaterra nos deu uma verdadeira aula de, de, de, de que mesmo?

Resolvi mudar de editoria. Fui para entretenimento. Lá estava “Ronaldinho Gaúcho entre os 20 mais feios do mundo”. Vi que o melhor era tirar férias nesse período de bola parada. E é o que vou fazer! A partir da semana que vem vou aparecer menos aqui pelo blog. Mas, no final de janeiro, com início do campeonato mineiro, estarei de volta. E as notícias de futebol também!

João Paulo Ribeiro escreve às terças. (a crônica era para ter sido publicada ontem, mas por motivos ocultos da informática, só consegui publicar hoje)

16 de dezembro de 2008

Conjunção de egos

Um triunvirato vai comandar o Atlético 2009. O presidente Alexandre Kalil, o futuro diretor executivo Bebeto de Freitas e o treinador Emerson Leão.
Os três têm duas coisas em comum. A primeira é que são profissionais dedicados e com pleno conhecimento da área na qual estão atuando. É uma virtude que andava faltando ao Atlético.
A segunda é que são dotados de um temperamento explosivo. Um defeito que pode por tudo a perder.
O que pode fazer esta mistura dar certo é que os três sabem muito bem onde estão metendo o nariz. E todos eles buscam uma chance.
Kalil quer ser um presidente como foi seu pai, que formou um grande time e foi amado pela torcida. Bebeto quer viver um grande momento como um dirigente, depois de uma fracassada administração no Botafogo. E Leão precisa mostrar que não é só um treinador implicante e que sabe, também, conquistar títulos. É o que a torcida espera.

2008 não deixa saudades para o futebol de Minas

Não foi um bom ano para os times mineiros, ainda que o Cruzeiro tenha garantido vaga na Libertadores, o Galo tenha alcançado a Sul-Americana e o América tenha voltado à primeira divisão do Mineiro -- o que é pouco para a tradição do alvi-verde que até há pouco figurava na elite do futebol brasileiro. Em relação ao Ipatinga, pior do que 2008, vai ser difícil aparecer...

Quanto ao Coelho, acho que o clube tem vocação para celeiro, para formação de atletas e toda vez que se desviou deste caminho, se deu mal. Esse negócio de ficar contratando jogadores do interior paulista e de times do Norte e Nordeste poucas vezes produziu resultados. Os caras chegam aqui fazendo pouco do clube e da torcida e logo se acomodam. O América deve fazer o que sabe: criar gerações de jogadores, que em pouco tempo dão o resultado esperado. Mesmo que isso signifique falta de títulos, até porque eles não têm aparecido com freqüência.

Em relação ao Tigre, o erro foi desfazer a parceria de sucesso com o Cruzeiro. O Ipatinga tirou os pés do chão, ficou deslumbrado com o sucesso e a recente conquista do mineiro e também perdeu o foco, a exemplo do América. Também investiram na equivocada fórmula de trazer uma "barca" de gente de fora a cada instante – o resultado não poderia ser mais desastroso: um bi-rebaixamento que coloca freio na meteórica ascensão que o clube vinha experimentando em sua curta existência.

As tais "barcas", aliás, continuaram sendo o grande pecado atleticano, no tão esperado ano do centenário. E que diante dos fracassos, custou a passar... 2008 começou cheio de esperanças – e de promessas – para a massa. Mas faltou de novo priorizar as coisas. Se era para ser um ano de êxitos, a diretoria passada começou errando feio ao despedir Emerson Leão, no final de 2007 (nota do editor: esse texto foi produzido pouco antes do anúncio da volta do Leão ao Galo para a temporada 2009).

Vieram as promessas de grandes craques e nada acontecia. Ou melhor, acontecia sim: os jogadores que se destacaram na volta da “segundona” e na conquista do mineiro de 2007 foram sendo vendidos ou liberados, aos poucos, “a preço de banana". O dinheiro que entrou não deu nem para quitar as folhas salariais até o final de 2008, como todos viram. E Ziza saiu sem explicar por que prometeu, se não tinha como cumprir e por que desfez o time promissor por valores tão irrisórios. Não teria sido muito melhor se tivessem mantido o time de 2007, com mais uns dois ou três reforços de bom nível??? O Galo, certamente teria ido muito mais longe...

Kalil chega de novo sob o signo da esperança. Ele é um dirigente que agrada ao torcedor atleticano. É polêmico sim, mas tem posições firmes, característica importante para um clube que precisa recuperar o rumo administrativo e de conquistas.

Já o Cruzeiro fez bem, a meu ver, em renovar com Adílson Batista. É um cara vibrante, estudioso, dedicado e que conseguiu montar um ótimo time. Tá certo: perdeu a Libertadores para o Boca, o que não é motivo de vergonha pra ninguém. E deixou escapar o bicampeonato nacional em alguns vacilos. Mas a experiência adquirida agora pode impedir que tais erros voltem a aparecer em 2009.

O Cruzeiro tem uma base muito boa para chegar às conquistas no ano que vem. O negócio é resistir à tentação de vender os principais destaques, pelo menos durante a disputa da Libertadores, o que sabemos, não é fácil em vista dos milhões de euros que podem render ao clube... Em matéria de negociação de jogador e formação de times, o Cruzeiro está a anos-luz de seus concorrentes no futebol mineiro.

O jornalista Paulo César Jardim é editor da Rede Minas

12 de dezembro de 2008

Olê, Marques!

Na quinta-feira, 11 de novembro de 2008, o Atlético, 100 anos, e o atacante Marques, 35 anos, celebraram um novo acordo entre as partes e, por conseqüência, a renovação de contrato até o final do Campeonato Mineiro de 2010. Os valores acertados não foram divulgados, mas certamente se adequam à realidade financeira do clube.

A trajetória de Marques no Atlético é digna de respeito. É o 12º jogador que mais vezes vestiu a camisa do time, com 369 partidas. É o atleta com o maior número de jogos disputados pelo clube em Campeonatos Brasileiros: 190, no total. Em um deles - contra o Goiás, em 30 de setembro de 2001 - marcou o milésimo gol atleticano na história da competição. Com 131 gols marcados, é ainda o 9º maior artilheiro do Galo.

Marques comemora gol sobre o Sport, no Mineirão. Foto: Superesportes

Títulos? Sim, ele também foi campeão vestindo o manto alvinegro. Em 1997 comemorou os títulos da Copa Conmebol e da Copa Centenário. Em 1999 conquistou o Campeonato Mineiro e por pouco não ergueu o taça do Brasileirão. Em 2001 voltou a celebrar o título estadual. Tantos números e estatísticas transformaram Marques no Xodó da Massa.

Discutir tudo o que ele fez pelo Atlético e sua paixão por este clube seria como uma heresia. Mas a dúvida sobre a permanência dele por mais um ano e meio é justificada. Creio que suas duas últimas passagens deixaram incertezas na cabeça do mais fiel dos atleticanos...

Em 2005, Marques fez o possível, mas não foi suficiente para o time a escapar do dramático rebaixamento para a Série B. Este ano, contusões constantes também não permitiram ao atacante lutar como queria para evitar que o centenário do Galo fosse marcado por eliminações marcantes (na Copa do Brasil e na Copa Sul-Americana, ambas para o Botafogo), goleadas humilhantes (melhor nem lembrar deleas) e uma campanha medíocre no Estadual e no Brasileirão.

Enfim, torço para que a aposta do novo presidente do Atlético, Alexandre Kalil, seja certa. Afinal, ele tem chamado para si todas as responsabilidades. Apontado como salvador da pátria por grande parte desta impaciente - mas sempre fiel - torcida, Kalil terá muitos problemas caso suas decisões se mostrem equivocadas.

Fábio Pinel escreve às sextas-feiras.

11 de dezembro de 2008

Trípice Coroa, e só!


Chega ao fim a gestão de Alvimar de Oliveira Costa à frente o Cruzeiro. Foram dois mandatos e seis anos que começaram de forma excepcional (Tríplice Coroa – Mineiro, Copa do Brasil e Brasileiro) e só!

- Só?

- É! Só!

Podemos dizer que Alvimar foi predestinado?

Não!

Alvimar, assim como Roberto Dinamite no Vasco, colheu os frutos de administrações passadas. Só que em condições totalmente distintas.

Desde Felício Brand, passando por Carmine Furletti e pelos Masci (Benito, Salvador e César) até chegar ao irmão Zezé, o clube construiu um verdadeiro império futebolístico. Não só de títulos como também de estrutura, que causa inveja na grande maioria dos times do mundo. A conseqüência: Tríplice Coroa no primeiro ano de Alvimar no comando do Cruzeiro.

Claro que para o ano seguinte a venda de jogadores e ajustes para pagar as contas são necessários, mas o São Paulo provou que uma boa estrutura supera essas adversidades.

Fora 2003, Alvimar deixa o clube com apenas três campeonatos mineiros. Acho que o dirigente perdeu uma ótima oportunidade de transformar o Cruzeiro no que o Inter e o São Paulo fizeram juntos este ano. Ser o primeiro tricampeão do brasileirão e campeão de tudo.

Por isso Alvimar de Oliveira Costa foi campeão da Tríplice Coroa e só!

Cláudio Gomes escreve as quintas-feiras.

10 de dezembro de 2008

Uma jogada oficiosamente fenomenal

A contratação de Ronaldo nem foi oficialmente anunciada pelo Corinthians e o clube já começa a capitalizar os dividendos dessa pretensa negociação. A partir do momento em que alguns órgãos de imprensa resolveram bancar a assinatura de um contrato que ainda está na fase da verbalização, deu-se início a uma corrida em busca da confirmação do negócio.

Quase todos os veículos de comunicação deram a negociação como concretizada – a Rede Minas tratou como possibilidade – mas o próprio interessado, o Corinthians, ainda não bateu o martelo, ou melhor, não dispõe do “chamegão” de Ronaldo Luiz Nazário de Lima, ou de quem o represente.

Mas o departamento de marketing do Timão não perdeu tempo e colocou camisas com o nome de Ronaldo à venda. E as informações dão conta de que aproximadamente 40 torcedores adquiriram o produto (receita de + ou – R$ 7 mil) que, apesar de ser oficial, não reflete a realidade, já que tudo indica que Ronaldo será jogador do Corinthians em 2009, mas nada foi confirmado documentalmente pelo clube.

Aliás, até o presidente André Sanchèz já deu entrevistas falando da certeza de ter Ronaldo na próxima temporada. E o jogador já tem até data para ser apresentado: sexta-feira. Mas sem assinar nada e com a chiadeira do Flamengo, tudo por acontecer. E tem mais! Nem o amor pelo rubronegro carioca, nem a Fiel, nada motiva mais o Fenômeno que contratos milionários em euros. Vamos aguardar para ver o que o tempo irá dizer.
Eduardo Almada

9 de dezembro de 2008

Coração azul

Ramires pulsa vibração! Quando ele está em campo não falta empenho. E isso vem junto com o bom futebol praticado por ele. Ramires tem as características de um atleta na acepção da palavra. Se procurarmos no dicionário, lá encontraremos “defensor de uma causa”. Ele defende com unhas e dentes o Cruzeiro, mostra que tem o "coração azul". Determinação que chama atenção até dos rivais. Ou alguém tem dúvidas que os atleticanos ficariam orgulhosos de ter um atleta como Ramires?
Na premiação da CBF, Ramires foi reconhecido pelo Brasil. É o único jogador cruzeirense a fazer parte da seleção do Brasileirão 2008, premiação da CBF. Vale lembrar que ele já havia ganhado a Bola de Prata da Revista Placar.

Confira os premiados da CBF:

Goleiro:
1º Victor (Grêmio)
2º Rogério Ceni (São Paulo)
3º Marcos (Palmeiras)

Lateral-direito:
1º Leo Moura (Flamengo)
2º Vitor (Goiás)
3º Elder Granja (Palmeiras)

Zagueiro pela direita:
1º Thiago Silva (Fluminense)
2º André Dias (São Paulo)
3º Fábio Luciano (Flamengo)

Zagueiro pela esquerda:
1º Miranda (São Paulo)
2º Ronaldo Angelim (Flamengo)
3º Réver (Grêmio)

Lateral-esquerdo:
1º Juan (Flamengo) 2
º Leandro (Palmeiras)
3º Kleber (Santos)

Volante pela direita:
1º Hernanes (São Paulo)
2º Rafael Carioca (Grêmio)
3º Pierre (Palmeiras)

Volante pela esquerda:
1º Ramires (Cruzeiro)
2º Guiñazu (Inter)
3º Diguinho (Botafogo)

Meia-direita:
1º Diego Souza (Palmeiras)
2º Tcheco (Grêmio)
3º Ibson (Flamengo)

Meia-esquerda:
1º Alex (Inter)
2º Wagner (Cruzeiro)
3º Lucio Flavio (Botafogo)

Primeiro atacante:
1º Kléber Pereira (Santos)
2º Guilherme (Cruzeiro)
3º Keirrison (Coritiba)

Segundo atacante:
1º Alex Mineiro (Palmeiras)
2º Nilmar (Inter)
3º Kléber (Palmeiras)

Treinador:
1º Muricy Ramalho (São Paulo)
2º Vanderlei Luxemburgo (Palmeiras)
3º Celso Roth (Grêmio)

Craque:
1º Hernanes (São Paulo)
2º Kléber Pereira (Santos) e Alex (Inter)
Craque da Galera:
1º Thiago Silva (Fluminense)
2º Juan (Flamengo)
3º Hernanes (São Paulo)

Revelação:
1º Keirrison (Coritiba)
2º Marquinhos (Vitória) e Jean (São Paulo)
Árbitro:
1º Leonardo Gaciba (RS)
2º Leandro Vuaden (RS)
3º Carlos Eugênio Simon (RS)

João Paulo Ribeiro escreve ás terças-feiras.


8 de dezembro de 2008

Nada além do previsível

Quando o embalado São Paulo tomou a frente da tabela no Brasileirão 2008, ficou óbvio que seria muito difícil alguém tirar o título do Tricolor Paulista. O valente Grêmio até que tentou, mas a taça ficou em boas mãos. Nas mãos de quem realmente é diferenciado em relação aos demais, nas mãos do clube brasileiro que tem um abismo separando-o dos outros em termos de organização e infra-estrutura.

Quanto às vagas preenchidas para a Libertadores 2009, também não houve nenhuma surpresa. Mérito para Cruzeiro e Palmeiras pela regularidade. O Flamengo recebeu o devido castigo pela arrogância do seu presidente, o falastrão Márcio Braga. Que lhe sirva de lição. Não se vence uma partida de futebol antes que a bola role.

Entre os classificados para a Copa Sul-Americana também não houve sustos. A lista começa com o castigado Fla e termina com o enxovalhado Flu, sobrevivente da tempestade pós-Libertadores. Mas para essa competição, o difícil é não se classificar e, no meio desse bolo, está o Galo. Ah, o que deve estar sentindo o atleticano ao final do Brasileirão 2008? Alívio por não cair? Decepção pela mediocridade do ano do centenário? Deve ser um misto disso.

Por fim, como se tornou comum nos últimos anos, tem gente grande tomando o bonde para a Série B. O Vasco se juntou aos já rebaixados Ipatinga, debutante sem força para ficar, e à prima Portuguesa, uma agremiação simpática, mas sem fôlego para permanecer na Série A, além do Figueirense, que reagiu tardiamente no torneio.

Mas a imagem que roubou a cena no final de semana que decidiu o Campeonato Brasileiro foi a do desesperado torcedor vascaíno que ameaçou se atirar da marquise de São Januário e acabou salvo pelos bombeiros. Pelo menos nesse sentido, as coisas terminaram bem.

Cyro Gonçalves é jornalista da Rede Minas

Muricy é Rei


Olhem bem esta foto coroada de Muricy Ramalho, tricampeão brasileiro. Não é um técnico qualquer. Ele é campeão brasileiro de 2008, 2007 e 2006, dirigindo o time de São Paulo. O Colunista da Folha, PVC, mostrou que neste três anos, Muricy mudou o esquema tático do time de acordo com os jogadores que tinha a mão, e também de acordo com o condicionamento físico de cada um.
Para fazer isso Muricy teve competência e , principalmente, tempo para trabalhar. Deve conhecer a fundo cada jogador da sua equipe. E sabe quando um jogador está bem ou quando não está.
O exemplo de Muricy e São Paulo começa a contaminar outros clube brasileiros. O Cruzeiro renovou com Adilson, O Grêmio com Roth, O Palmeiras pode manter Luxemburgo. E é isso mesmo que a gente espera que aconteça. Ou quem não vai querer um time hexacampeão brasileiro?

HEXACAMPEÃO, Melhor time do Brasil, ou menos pior?


Enfim posso comemorar mais um título do meu time. Mas ele mereceu ser campeão? Fiz essa pergunta durante grande parte desse campeonato, e aí cheguei à conclusão que devido à mediocridade do futebol brasileiro atual e o fato de ninguém mais ter merecido, sim ele mereceu.

Como estatístico de ofício, lá prá Setembro comecei a fazer uma tabela invertida do campeonato, onde contabilizava apenas os números “negativos” dos times da parte de cima da tabela, como por exemplo quando um time deixava de ganhar de outro “teoricamente” mais fraco (pontos perdidos), gols sofridos, goleadas sofridas, etc. . . Se essa fórmula fosse aplicada ao campeonato, com certeza o meu São Paulo seria campeão também, pois perdeu o seu último jogo há quase quatro meses atrás. Como torcedor apaixonado, me perguntava como um time com Joílson, Dagoberto, Borges, Hugo, Jean, Rodrigo e cia. poderia ser campeão brasileiro, por outro lado como estatístico, tinha a prova contrária de, senão o São Paulo, quem o mereceria?

Durante muitos momentos deste ano, deixei de ver os jogos ao vivo do meu tricolor e acabei recorrendo a jogos de outras épocas de minha coleção particular de DVD´s (possuo todas as finais que o tricolor venceu desde 1986), não suportava aquele joguinho medíocre, amarrado, chamado atualmente de “ jogo de marcação”. Futebol pra mim, é a seleção de 1982, o título brasileiro contra o Guarani de 1986, a final do Mundial interclubes de 1993, e outros tantos jogos que me emocionam até hoje, mesmo sabendo o resultado. Ah se o Sr. TELÊ tivesse ganhado aquela copa na Espanha, como o futebol seria diferente. . .

Claro, não sou tão inocente, e sei que o êxodo também é uma das principais causas do nível baixo de nosso futebolzinho doméstico, mas a maneira de jogar mudou, isso é inegável. Ainda mais depois do “seu” Parreira ganhar a copa de 1994, aí o tal futebol de resultados tomou o lugar do tão saudoso futebol arte em nosso país, para o azar de todos nós.

O que podemos fazer então, senão torcer para que no ano que vem apareçam novos Éders e Reinaldos no Galo, novos Ronaldinhos e Tostões no Cruzeiro, Carecas, Raís e Kakás no meu São Paulo, novos Zicos e Júniors no Flamengo, novos Falcões no Inter, outro Sócrates naquele freguês que está de volta e tantos outros que não me obrigariam com certeza a recorrer para DVD´s antigos em horários de jogos ao vivo. Isso sem contar o Dunga como técnico da seleção brasileira (risos). Mas isso é uma outra coluna. Obrigado. Saudações TRIcolores e até a próxima.

Eduardo Marcondes é Tricolor e Analista de Processos

Um Real Madrid tupiniquim?

O Campeonato Brasileiro de 2008 sepultou de vez o choro das viúvas do mata-mata, que ainda pregam que um competição por pontos corridos não tem a mesma emoção dos "playoffs". O Brasileirão chegou à última rodada com todas as lutas possíveis: por título, vaga na Copa Libertadores e briga contra a queda, o que dificilmente acontece nos principais certames europeus. Até a concorrência pela artilharia foi acirrada, com Kerrison, do Coritiba, Kleber Pereira, do Santos, e Washignton, do Fluminense, travando uma batalha à parte. Ou seja, o campeonato manteve o interesse do torcedor até o último apito final.

O caneco merecidamente foi parar nas mãos do São Paulo, que errou menos que os outros postulantes ao título. O time paulista só não faturou o campeonato com mais antecedência porque custou a "entrar" no Brasileiro, curtindo a ressaca da eliminação na Libertadores por muito tempo.

Aliás, os outros grandes times brasileiros precisam ficar atentos para que o tricolor do Morumbi não se transforme numa espécie de Real Madrid tupiniquim e passe a papar quase todos os Brasileiros daqui em diante.

Como o São Paulo é disparadamente o time mais organizado do futebol nacional, isso não é impossível de se imaginar. O maior mérito da equipe paulista é repor os jogadores que perde para o futebol exterior com habilidade. E, é claro, a manutenção do treinador Muricy Ramalho foi fundamental para o tricampeonato.

Por falar em manutenção, o São Paulo joga com três bons zagueiros, independentemente de quem sejam, desde 2005. Sem querer dar razão aos retranqueiros, o maior campeão do Brasil se faz a partir de uma defesa sólida. É só reparar que, mesmo nas derrotas, dificilmente a equipe tricolor leva mais de dois gols.

Com relação aos classificados para a Copa Libertadores, Cruzeiro e Palmeiras já eram favoritos para as vagas antes do início do Brasileiro. A vaga para o torneio internacional consola um pouco a perda do título. A boa surpresa do Brasileiro foi o Grêmio, que chegou ao vice-campeonato sem grandes jogadores, mas com um time compacto e bem armado.

Quanto à Copa Sul-Almericana, talvez ela passe a ser mais valorizada pelos times brasileiros após a conquista do Inter. Mas por enquanto, ainda é uma insossa compensação para quem não conseguiu chegar à mais importante competição continental. Cabe também à Conmebol dar mais importância ao torneio, conferido mais vagas na Libertadores para os primeiros colocados e aumentando as cifras da premiação ao campeão.

Já sobre o rebaixamento, o maior destaque é mais uma queda de time grande. O Vasco vai visitar pela primeira vez a segunda divisão, conservando um rodízio de quedas das equipes tradicionais nos últimos anos. Ironicamente, tendo na presidência o maior ídolo de sua história: Roberto Dinamite.

No entanto, há de se frisar que o principal responsável pela queda vascaína ainda é Eurico Miranda, que arruinou o time cruzmaltino nas últimas temporadas. Como principais lições, o Nacional de dois mil e oito deixa claro mais uma vez que organização leva a títulos e que tradição sozinha não impede vexames como o do Vasco. Basta lembrar que Fluminense e Santos escaparam da degola por pouca coisa.

Perspectivas para o ano que vem. O Cruzeiro precisa contratar uns quatro reforços, se quiser vencer a Libertadores. É necessário um velocista no ataque, um bom zagueiro, um lateral-direito, pois Marquinhos Paraná rende melhor no meio. E um lateral-esquerdo, se Jadílson sair mesmo, pois Sorín é uma incógnita. E, é claro, repor à altura o elenco após as saídas inevitáveis de jogadores para o exterior. Além disso, o time precisa ser mais ousado fora de casa. Na prática, só ganhou duas partidas importantes e decisivas fora de seus domínios em todo o ano: contra Cerro Porteño e Fluminense.

Quanto ao Atlético, Alexandre Kalil vai ter de tirar alguns coelhos da cartola. Vai ter de contratar meio time para tornar o Galo mais competitivo e manter atletas importantes como Renan Oliveira, Leandro Almeida e Serginho. Como é sabido que o clube não tem dinheiro para grandes contratações, o dirigente alvinegro vai ter de lançar mão de certa criatividade. Mas mesmo sem grana, é possível montar elencos honrosos, como fizeram Coritiba e Vitória, que não lutaram pelo título, mas sempre se mantiveram longe da zona de rebaixamento, desde o início do Brasileirão.

Flávio Henrique Silveira trabalhou seis anos na editoria de "O Tempo" como repórter e redator. Atualmente é produtor executivo da rádio Inconfidência, onde trabalha com e sobre a música popular brasileira. No entanto, o futebol ainda corre em seu sangue.

7 de dezembro de 2008

Gols da 38ª rodada do Brasileirão

Torcida deve repudiar arranjos do poder econômico

Numa época em que o poderio econômico avança sobre todas as esferas da vida, não é de se admirar que surja uma história mal contada como essa de uma suposta tentativa de suborno para arranjar resultados usando o nome do juiz Wagner Tardelli no jogo Goiás e São Paulo na última rodada do Brasileirão.

Depois de duas semanas de malas cruzando o país para dar “incentivos” a times pouco motivados pela fórmula do torneio, chegou a hora de expedientes ainda mais bizarros.

O futebol – como a economia e o ensino superior, para ficar em dois exemplos apenas – tem sofrido negativamente com o poder do capital especulativo, que vê em tudo negócio e uma oportunidade de ganhar, não importa a que custo, como bem o demonstra a crise imobiliária nos Estados Unidos, que repercute mundo afora, deixando uma trilha de destroços em todos os continentes.

O que um blog sobre futebol tem com isso?, um leitor mais desavisado pode estar se perguntando. Tem que o futebol é patrimônio cultural dos povos, em particular do brasileiro, que vê na esfera de couro a linha narrativa de um riquíssimo universo simbólico, para muito além do que pode ser reduzido a cifrões.

Neste domingo, os times entram em campo para as derradeiras pelejas. Dois jogos em particular marcam o rumo das coisas porque definem o título – além do confronto do tricolor paulista com o time esmeraldino do centro do país, o Galo enfrenta o Grêmio no estádio Olímpico. Esses quatro times, mais que todos os outros, têm o dever de zelar pela honra do esporte nacional.

Portanto, que os jogadores sejam maiores que suas limitadas biografias e traduzam em arte, empenho e espírito esportivo a resposta que o pais deve dar aos corruptos que se instalam em todos os cantos da cultura nacional, de onde devem ser varridos com a participação de cada pessoa de bem. A nação estará de olho na bola.

Alexandre Freire

4 de dezembro de 2008

Barbaridade, sô!

Seria fácil comparar os times do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais neste momento em que o Inter é o campeão da Copa Sul-Americana e o Grêmio ainda sonha com o título do brasileiro deste ano. Mas não acho que esse momento é adequado.

Isso porque o Grêmio, assim como o São Paulo, não jogou um futebol bonito, não encantou, nem se quer foi considerado favorito, mesmo liderando boa parte do Brasileirão. Já o Inter, só concentrou forças na Sul-Americana quando percebeu que não brigaria por mais nada no campeonato brasileiro.

A Copa Sul-Americana vai continuar sendo uma competição secundária para os times do Brasil. Afinal somente nas fases finais é que ela se torna interessante financeiramente e o torneio é realizado no mesmo período em que os clubes estão numa fase de definições do campeonato nacional.

A diferença entre os clubes do sul e os das Alterosas é que eles pensam no futuro com os olhos na história, os pés no chão e com uma mentalidade visionária. Ontem, o Beira-Rio estava lotado de sócios-torcedores, que dão rentabilidade o ano todo, com direito a voto e de interferir na vida social e esportiva de seu time do coração. No Grêmio a torcida também já lotou o estádio com os sócios-torcedores para a partida decisiva contra o Galo, e se for campeão a grande mídia terá de se curvar ao tricolor gaúcho. Matérias sobre a organização, manutenção do técnico, estrutura, planejamento não serão exclusividade do São Paulo.

Além, disso as conquistas são incontáveis. O Inter é o campeão de tudo! É tricampeão brasileiro, campeão da Copa do Brasil, campeão da Libertadores da América e campeão mundial de clubes pela Fifa. O Grêmio já venceu o Brasileirão por duas vezes, a Copa do Brasil quatro, e duas vezes a Libertadores e o mundial.

Tudo bem o Cruzeiro tem conquistas invejáveis para a grande maioria dos clubes brasileiros e mundiais. Claro que o Atlético puxa Minas pra baixo essa competição entre os estados.

Mas o fato dos sulistas se modernizarem em suas gestões é o “pulo do galo” no futebol brasileiro tão desorganizado.

Que este exemplo TRILEGAL seja seguido, UAI!

Cláudio Gomes escreve as quintas-feiras (mesmo com atraso)

Inter coloca a Sul-Americana na agenda

O empate que deu o título da Sul-Americana de 2008 ao Internacional de Porto Alegre contra o Estudiantes, da Argentina, nos primeiros minutos de hoje, no Beira-Rio, colocou o torneio na agenda. O colorado torna-se o primeiro time brasileiro a vencer a competição, que tem hegemonia argentina nas edições anteriores.

A Sul-Americana foi tratada pela equipe gaúcha como uma copa que merece ser levada a sério. O técnico do Inter, Tite, poupou a equipe no Brasileiro, onde seus comandados já não disputavam mais nada, a dez pontos do último colocado na zona de classificação para a Libertadores, a fim de se concentrar no confronto continental. Foi uma boa aposta, que deu certo e que possivelmente coloca a competição, antes esnobada, sob outra luz.

O resultado no Sul – Internacional 1 x 1 Estudiantes, com gol gaúcho na prorrogação, que lhe valeu a taça por ter vencido no jogo de ida da decisão – coloca mais motivação na última rodada do Brasileiro, pois ainda resta pelo menos uma vaga para a edição da Sul-Americana do ano que vem.

A conquista do Inter – somada ao fato de que o Grêmio é o único capaz, neste momento, de desafiar a superioridade dos paulistas no Brasileirão, representada pelo time do São Paulo uma vez mais – deixa bem claro o quanto o futebol mineiro precisa se reinventar para voltar a ter um lugar de destaque no cenário nacional.

Inter e Grêmio têm, entre si, todas as conquistas mais importantes do futebol dentro e fora do Brasil. Do lado de cá das montanhas, quem tem currículo melhor é o Cruzeiro, ainda que pálido comparado aos adversários dos pampas. O Galo, infelizmente, hoje freqüenta o esquadrão intermediário da elite do futebol brasileiro e não tem muito a mostrar diante da galeria de troféus dos outros três.

Mas, voltando ao Beira-Rio, parabéns ao Internacional! Coube aos brasileiros da fronteira mandar um recado aos hermanos de todas as latitudes: de agora em diante, vamos levar a Sul-Americana a sério, tchê! Que o exemplo colorado sirva para motivar o alvinegro centenário, que já garantiu a participação na competição em 2009 e foi sempre tão mal quando tomou parte nela.

Alexandre Freire

3 de dezembro de 2008

O exemplo que vem de (o) São Paulo

A maioria dos times que deram certo no Campeonato Brasileiro pode não manter os treinadores para a temporada 2009.

Caio Júnior anuncia que irá para o Japão, já que é bastante questionado pela torcida do Flamengo, quinto colocado na competição.

Adilson Batista deve acertar hoje a renovação com o Cruzeiro, quarto colocado, embora a resistência de parte da torcida possa inviabilizar o projeto do ano que vem. Ou a permanência dele ser condicionada à conquista da vaga na Libertadores

Nem aquele que era unanimidade, Vanderlei Luxemburgo, está garantido no Palmeiras para a próxima temporada.

E o vice-líder Grêmio? Ora os dirigentes do clube gaúcho manifestam satisfação com Celso Roth, ora anunciam que não renovarão o contrato dele.

Enquanto isso, o São Paulo se desdobra para tentar satisfazer as pretensões salariais que manteriam Muricy Ramalho para o próximo ano, o que deixa claro porque o tricolor do Morumbi é o clube mais vencedor do futebol brasileiro nos últimos anos.

Justamente no momento em que se acreditava que a consolidação da fórmula por pontos corridos traria a conscientização dos dirigentes dos maiores clubes do Brasil, o que se vê é exatamente o contrário.

O futebol de resultados prevalece para boa parte dos grandes do nosso futebol, enquanto o São Paulo mostra que os resultados dependem de estrutura, planejamento e, principalmente, competência para construir essa estrutura e planejar o futuro.

E se aquela máxima que impõe “que vença o melhor” prevalecer, o São Paulo já é o campeão. Falo do melhor clube do Brasil. Não de times, que são montados e desmontados a cada ano.

Por isso, torço para ouvir no próximo domingo, ao final da última rodada, o hino do Tricolor paulista.

Eduardo Almada escreve às quartas-feiras.

2 de dezembro de 2008

Quem foi o melhor?

A Fifa quer saber quem é o melhor capitão de todos os tempos. No site da entidade pode-se deixar o comentário e o nome do escolhido. Na chamada em que a entidade coloca no ar, o atual técnico da seleção brasileira, Dunga, aparece como destaque. (foto abaixo)


Aproveitando, já deixo o nome do melhor capitão que já vi jogar. Lothar Matthaus, capitão da Alemanha, na Copa de 1990, em que os alemães venceram a Argentina de Maradona. Além de técnica em campo, mostrava comando e isso de forma muito natural. Quem quiser votar no site da fifa entre no link http://www.fifa.com/worldfootball/news/newsid=966265.html#who+best+captain. Mas, não deixe de postar nesse blog qual o seu capitão favorito.
João Paulo Ribeiro

1 de dezembro de 2008

Sobre malas e ética

A discussão sobre a interferência do incentivo financeiro nas rodadas decisivas da série A, a mais rentável do futebol brasileiro, é assunto que rende longas e freqüentemente tediosas discussões. Correndo o risco de somar nestas, mas com a intenção de ajudar a esclarecer as implicações do problema, deixo minha opinião neste blog.

As principais posições podem ser resumidas entra as que são tolerantes com a mala branca – incentivo para que a equipe vença – e as que consideram a mala preta – receber dinheiro para perder – inaceitável. Trata-se de um caso típico de perspectiva ética ligada a fins, quer dizer, dar dinheiro para ajudar a vencer (o fim), pode; para incentivar a perder (outro fim), não pode.

Talvez isso seja suficiente para resolver o problema dentro do universo simplório do futebol, dominado por jogadores, cartolas e empresários, e movido pelos interesses econômicos.

Entretanto, se olharmos o futebol como cultura, a simplificação no tratamento das malas não dá conta de apaziguar os corações. A questão principal é a noção de deontologia, quer dizer, de ética das profissões. Se a lógica aplicada ao futebol deixasse as quatro linhas para mudar de campo, por exemplo, para um hospital, as coisas mudariam de figura.

Pensemos num cirurgião que receba incentivo financeiro para operar melhor porque embolsará algo além dos rendimentos que recebe do convênio médico. Como ficariam os pacientes que não têm capacidade econômica para competir com os mais abastados?

Sabemos que isso já acontece por outras vias – a diferença entre o SUS e o hospital particular. Mas podemos insistir. Deixemos de lado as cirurgias programáveis e nos debrucemos sobre o atendimento de urgência, para os quais o palco deixa de ser os hospitais dotados de requintes de hotelaria e transforma-se nas frias e eficientes salas da excelência médica.

Fazer pouco caso da influência das malas é subestimar o que um time representa para sua torcida. Como explicar, por exemplo, os mais de 57 mil torcedores do Atlético no Mineirão ontem contra o Santos? Um jogo que valia pouco levou essa multidão ao estádio apenas para despedir-se de seu time. Trata-se de cultura, não de mercado.

Um time de futebol, no Brasil, convoca apegos, identificações e compromissos que escapam à visão estreita do mercado. Duvido, para citar outro exemplo de torcida, que os botafoguenses estejam satisfeitos com a atitude dos atletas que vestem a camisa com a estrela solitária.

Ontem, em De Salto Alto, vimos que o Direito costuma se socorrer na confortável posição de que o que não é proibido não é ilegal. Ética fica para outros discutirem. Também aprendemos, com o quadro do Meio de Campo, com um professor de história do esporte, que a mala é antiga.

Legal foi ver duas pessoas do povo, interpeladas pela repórter Carol Delmazo, condenarem a mala. Ouvir de gente simples, comum, as verdades que escapam aos especialistas nos faz pensar. A ética sofre à medida que a eficiência reina. Daí que precisemos tirar um pouco de nosso tempo para pensar na prática humana. É reconfortante ouvir um pouco do velho bom senso. Da lealdade de Dario em 1971, quando rejeitou a mala preta, aos depoimentos de gente que enxerga no futebol mais esporte que negócio, mais paixão que cálculo, mais arte que técnica.

Alexandre Freire escreve às segundas-feiras

Todos por Santa Catarina

Qualquer dúvida confira o site http://www.desastre.sc.gov.br/

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