1 de junho de 2009

Sobre desastres, falta de ambição e “jogadores-cabeça”

Os tropeços dos times de Minas no Brasileirão no final de semana mostram algo que todo mundo que acompanha o campeonato já sabe: não há jogo fácil e, numa jornada longa como essa, só disputam o topo da tabela os clubes que reunirem apuro nos planos técnico, físico e tático, banco de reservas, um técnico estudioso e, cada vez mais importante, equilíbrio emocional.

Por exemplo, faltou esse quesito a Atlético e Cruzeiro em seus compromissos da quarta rodada. O Galo poderia ter vencido o Santo André no sábado se tivesse um pouco mais de tranqüilidade. Com um jogador a mais e atuando no Mineirão, com aquele espaço todo, não havia como o alvinegro não impor toque de bola e chegar ao gol. Talvez tenha sido isso que Celso Roth, num excesso retórico, tenha classificado de desastre.

Do mesmo modo, o Cruzeiro é muito forte para ser goleado pelo São Paulo. As duas equipes, entre as cinco ou seis melhores do país hoje, estão num patamar muito próximo em todos os aspectos – qualidade de elenco, treinador, estrutura, capacidade financeira.

Adílson Batista depois do jogo reclamou de falta de ambição de seus atletas, que de fato criaram muito para deixar passar em branco o marcador do próprio lado. Ambição, em bom português, significa a determinação de ir atrás do resultado com base nas próprias virtudes. E virtudes, com Ramires ou sem ele, é algo que não falta ao time celeste.

O futebol é um esporte curioso. Quando tudo contribui para que ele se equilibre em alguns aspectos – repito: técnico, tático, físico, financeiro – entra um fator que é capaz de fazer a balança pender: o equilíbrio emocional, ter cabeça boa.

Quem viu jogadores como Tostão, Reinaldo, Zico, Sócrates (que era até doutor), Paulo César Caju, Afonsinho... sabe que existe uma coisa em todo jogo, atitude. Ter atitude para ganhar, ter atitude para perder. No fundo, fica a atitude. Entre as coisas que podem integrar os centros de treinamento com toda sofisticação que hoje os cerca, deveria constar uma biblioteca, palestras de interesse geral, cinema de arte, enfim, um pouco mais de cultura.

Videogames, sinuca, pagode, programas ruins de televisão, um uso trivializado da internet e o cinema da indústria cultural não precisam ser execrados. Mas que ninguém duvide: futebol também é cultura. Biscoito fino.

Alexandre Freire

Um comentário:

  1. Acho que o Galo tá no caminho certo... Com a contratação do Aranha, a volta do Renan Oliveira e do Serginho, com mais um zagueiro estamos na Libertadores do ano que vem! Abraços!

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