O futebol é um dos últimos lugares em que práticas discriminatórias são toleradas, e isso precisa ser superado. Entre as torcidas, é comum que haja xingamentos que procuram ferir o adversário em sua identidade. Isso frequentemente é feito com base no preconceito. Em Minas, atleticanos fazem do preconceito ao gênero sua arma. Os cruzeirenses contra-atacam com um recorte de classe social. A gente dá de ombros e acha que isso faz parte da cultura do esporte.
Na vitória do Cruzeiro sobre o Grêmio ontem na Libertadores, essa nódoa do futebol voltou a aparecer. O atacante gremista Maxi López foi acusado por Elicarlos, volante celeste, de tê-lo chamado de macaco. A indignação do companheiro de equipe Wagner no lance indica que houve algum insulto ligado à cor da pele pelas imagens que a televisão mostrou e reprisou da discussão entre os adversários em campo.
Elicarlos registrou queixa contra o argentino, que em depoimento à polícia negou que tenha infringido a Constituição Brasileira de 1988. A nossa lei maior considera o racismo crime inafiançável e imprescritível. O volante do Cruzeiro, negro como os integrantes de uma galeria de heróis que no futebol vão de Friedenreich a Robinho, passando por Leônidas, Didi, Garrincha e Pelé, entre tantos, fez sua parte ao tornar público seu sentimento de dignidade ferida. Caberá à Justiça seguir seus trâmites e a nós, torcer para que seja justa.
Enquanto isso, todo amante do maior esporte do mundo deve refletir sobre atos como o de Maxi Lopez, que desembarcou em Porto Alegre sob gritos de apoio à sua truculência. Este é o lado sombrio do futebol. Uma zona turva que nutre o racismo, a violência, a corrupção, o ódio.
Neste jogo, devem se enfileirar todos os que vestem a camisa com as cores da humanidade, que são tantas. A coragem de Elicarlos ontem, assumindo publicamente ter sido humilhado, foi um lance de craque. Uma vitória sobre o racismo. Parabéns para ele.
E ao Cruzeiro, por outro triunfo.
Alexandre Freire é jornalista
Na vitória do Cruzeiro sobre o Grêmio ontem na Libertadores, essa nódoa do futebol voltou a aparecer. O atacante gremista Maxi López foi acusado por Elicarlos, volante celeste, de tê-lo chamado de macaco. A indignação do companheiro de equipe Wagner no lance indica que houve algum insulto ligado à cor da pele pelas imagens que a televisão mostrou e reprisou da discussão entre os adversários em campo.
Elicarlos registrou queixa contra o argentino, que em depoimento à polícia negou que tenha infringido a Constituição Brasileira de 1988. A nossa lei maior considera o racismo crime inafiançável e imprescritível. O volante do Cruzeiro, negro como os integrantes de uma galeria de heróis que no futebol vão de Friedenreich a Robinho, passando por Leônidas, Didi, Garrincha e Pelé, entre tantos, fez sua parte ao tornar público seu sentimento de dignidade ferida. Caberá à Justiça seguir seus trâmites e a nós, torcer para que seja justa.
Enquanto isso, todo amante do maior esporte do mundo deve refletir sobre atos como o de Maxi Lopez, que desembarcou em Porto Alegre sob gritos de apoio à sua truculência. Este é o lado sombrio do futebol. Uma zona turva que nutre o racismo, a violência, a corrupção, o ódio.
Neste jogo, devem se enfileirar todos os que vestem a camisa com as cores da humanidade, que são tantas. A coragem de Elicarlos ontem, assumindo publicamente ter sido humilhado, foi um lance de craque. Uma vitória sobre o racismo. Parabéns para ele.
E ao Cruzeiro, por outro triunfo.
Alexandre Freire é jornalista
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