23 de junho de 2009

Libertadores: tradição e equilíbrio em campo


Depois de 12 anos, Cruzeiro e Grêmio voltam a se enfrentar em uma fase decisiva da Taça Libertadores da América. São dois bicampeões. Desta vez o confronto vale pela semifinal e há o prenúncio de uma guerra, uma vez que as duas equipes ganharam muita confiança ao longo da competição.

O Cruzeiro derrotou o São Paulo nas quartas e também as previsões de muitos analistas de futebol. Foram duas vitórias incontestáveis, sendo que na segunda partida o esquadrão celeste mostrou que não está na Libertadores a passeio. Fez 2 x 0 no Morumbi, implacável com o adversário.

O Tricolor dos Pampas não foi tão eficiente na última fase, classificou-se com dois empates com o Caracas. Passou à fase seguinte por ter marcado um gol jogando na Venezuela. No entanto, o Grêmio ostenta uma bela campanha, joga com ousadia e experiência na casa do adversário. Sempre consegue impor seu jogo cadenciado para ter o controle da partida.

O Cruzeiro concentra sua força no meio campo e não tem dificuldades para manter a qualidade na reposição de peças nesse setor. Mais do que isto, conserva o padrão de jogo a cada alteração feita pelo técnico Adílson Batista. Ter um atacante como Kleber em campo é um trunfo. Ele encarna o verdadeiro espírito da Libertadores e é a grande referência de garra para o time. A segurança de Leonardo Silva na zaga é outro ponto forte da Raposa. Leonardo é ainda um importante elemento surpresa em bolas alçadas à área do adversário.

Assim como o Cruzeiro, o Grêmio tem um meio campo muito forte, mas não conta com peças de reposição à altura de Tcheco e Souza. O ataque gaúcho tem mais alternativas. Paulo Autuori pode se dar ao luxo de ter o argentino Herrera no banco, para que Jonas ou Alex Mineiro joguem ao lado do outro argentino, o perigoso Maximiliano Lopes. A possibilidade de mudar o jeito de o ataque jogar, de acordo com o posicionamento do adversário, é maior para o Tricolor. São todos atacantes de características diferentes.

O Grêmio não é tão mortal quanto o Cruzeiro nos contrataques. Em compensação os gaúchos têm a recomposição muito rápida ao perder a bola no campo do adversário (herança deixada por Celso Roth). Fábio e Vítor são dois grandes goleiros, mas o Grêmio perde o arqueiro para o primeiro confronto, já que ele serve ao Brasil na África do Sul. Em compensação, o Cruzeiro perde Ramires. Assim como Vitor, o recém negociado cruzeirense disputa a Copa das Confederações. Nenhum dos dois times tem laterais capazes de desequilibrar. Já o zagueiro Léo Fortunato, da Raposa, pode desequilibrar entregando o ouro para o adversário.

Por conta de toda essa igualdade, é em tese impossível apontar um favorito. Cruzeiro x Grêmio é sempre uma disputa que envolve tradição. São dois times que jogam no 4-4-2. Nenhum dos dois tem pontos fracos que não possam ser administrados. Pode ser até que aquele que jogue melhor nem passe às finais. As copas costumam pregar peças nessas horas. O certo é que o torcedor vai sair ganhando por conta das fortes emoções que estão por vir. Vai valer a pena ver este jogão de bola!

Cyro Gonçalves é jornalista da Rede Minas

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