16 de fevereiro de 2009

Lucas não pôde ir ao clássico

A morte de um torcedor e o ferimento em outro, a bala, enquanto esperavam o transporte público para ir ao Mineirão, no dia do clássico, mostram que um nível inaceitável de selvageria ainda existe na sociedade. Que pessoas são essas que saem de casa para tirar a vida de gente inocente, que fazia algo que qualquer um de nós poderia ter feito – ir ver o maior jogo de futebol de Minas?

O atleticano Lucas Marcelino Batista, 20 anos, não pôde ver que seu time de coração evoluiu, que poderia ter inclusive vencido o jogo se o árbitro não tivesse errado feio na sua primeira participação da partida. A falta de Leo Fortunato em Carlos Alberto aos seis minutos de partida quando aquele tinha chance real de gol é lance para cartão vermelho e ponto.

O que teria sido o Cruzeiro jogando com dez desde aquele momento inicial é outra questão porque nada ficaria definido pela vantagem numérica do Galo, dado que o time celeste é nitidamente superior. Mas Lucas Marcelino Batista não pôde ver nada disso porque um criminoso covarde esperava por uma vítima desavisada.

O erro de Alicio Pena Júnior, que se perdeu na partida depois disso, deve ter sido apenas incompetência ou falta de personalidade. Kalil ajudaria o Atlético mantendo-se mais comedido. O time de Leão já mostrou grandes progressos, mas claramente precisa de um jogador de armação e de um goleiro. Pelo menos. Isso de que há um esquema de favorecimento ao Cruzeiro não cola. O time da Toca é muito rápido e leve, fácil de derrubar e levar o adversário a acumular cartões. Mas Lucas já não verá nem as jogadas brilhantes de Ramires nem Tardelli numa bela paradinha.

O jogo foi bonito apesar de tudo. Os dois times jogaram buscando o gol, perderam muitas chances, honraram suas cores. O Galo, dentro de sua tradição, lutou sempre e até o fim para igualar na bola o que o sopro de um apito talvez tenha lhe tirado ainda uma vez mais.

O Mineirão estava colorido para festejar o momento maior de seu futebol. Havia crianças, jovens, amigos, famílias – gente alegre, em busca de grande espetáculo na tarde domingo. Lucas Marcelino Batista, 20 anos, saiu de casa para participar dessa festa. Mas no caminho de Lucas havia uma bala.

Alexandre Freire

Um comentário:

  1. Ontem o Galo igualou na raça a tal superioridade técnica do cruzeiro que tanto os comentaristas dizem, e mais uma vez fomos garfados por um arbitro despreparado, não sei como ainda aceitam este Alicio apitando os jogos do CAM.

    ResponderExcluir