19 de fevereiro de 2009

Camisa ganha jogo?

Em 30 anos de vida já vi, li e ouvi muita coisa sobre o futebol. Desde histórias maravilhosas - contadas por personagens ilustres do mundo da bola ou simplesmente protagonizadas por pernas-de-pau - a lendas, superstições e ditados populares criados geralmente pela fantasia de torcedores.

Uma dessas lendas fala sobre a tradição de alguns clubes. Sabe aquela história de que camisa ganha ou não ganha jogo? Pois é...

Para alguns, a tradição sempre fala mais forte. Por exemplo: Itabaiana-SE e Atlético, na quarta-feira passada, pela Copa do Brasil. A lógica diz que o Galo, campeão brasileiro em 71 e várias vezes o melhor time de Minas Gerais, não precisa temer o modesto Tremendão (e, realmente, não tinha motivos para tanto).

Mas para outros o futebol evoluiu. Qualquer timinho é capaz de surpreender os grandes. Exemplo? Copa do Brasil 2002. O ASA, da cidade de Arapiraca, em Alagoas, eliminou o Palmeiras (é, o Palmeiras! Aquele tetracampeão brasileiro, campeão da Libertadores e da própria Copa do Brasil).

Nesta quinta-feira li uma notícia, no mínimo curiosa, sobre uma partida pelo Grupo 3 da Copa Libertadores da América.

O Nacional, do Uruguai, foi enfrentar seu homônimo em Assunção, no Paraguai. De um lado, um tricampeão da Libertadores. Do outro, um clube que conquistou modestos seis títulos da primeira divisão paraguaia - o último em 1946!!!

Sabe-se lá como, as camisas de jogo da equipe uruguaia sumiram. Os dirigentes foram às compras e adquiriram 16 camisas da Umbro - não por acaso, pois é a fornecedora oficial de material esportivo do Nacional-URU.

Camisa provisória e a oficial do Nacional-URU. Foto: GloboEsporte.com

Os números, e principalmente, os nomes dos jogadores - obrigatórios nos uniformes dos times que disputam a competição - tiveram que ser improvisados a menos de uma hora da partida. Nem deu tempo de colocar o escudo nelas...

Mas os deuses do futebol pareciam estar ao lado dos descamisados atletas uruguaios. Não é que eles, aos trancos e barrancos, derrotaram os donos da casa, por 3 a 0? Gols de Fernández, Lodeiro e Mondaini.

Para a imprensa uruguaia, esta foi a melhor apresentação do Nacional em 2009. E não custa lembrar que foi esse time que perdeu por 4 a 1 para o Cruzeiro, em janeiro deste ano, na final do Torneio Verão, no estádio Centenário, em Montevidéu.

Agora só posso concluir uma coisa: camisa, realmente, NÃO ganha jogo!

Fábio Pinel é apresentador do programa Meio-de-Campo.

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