2 de maio de 2009

Questão de coração

Faltam poucas horas para o segundo clássico que decide o título do Mineiro de 2009. Uma chuva fina e a queda da temperatura são pano de fundo perfeito para uma previsível melancolia atleticana.

Semana longa tiveram os apaixonados alvinegros. Com os torcedores adversários no pé e uma enxurrada de piadas – pessoalmente na escola, na rua e no trabalho, pela internet, na charge dos jornais, no discurso da mídia que se repete e se repete e se repete.

Um amigo atleticano me disse que estava miserável. Encontrou o filho prostrado diante da bandeira com um escudo em forma de coração e apenas duas cores que traduzem o infinito de maneira dialética – o branco, soma de todas as cores; o preto, ausência delas. Esse amigo não soube o que dizer ao filho e pôde apenas dar um abraço no moleque.

Esse amigo sabe bem o que é ser moleque diante da máquina cruzeirense. Na década de 60 colecionou brigas depois das aulas no Pandiá Calógeras para continuar uma contenda quando faltaram argumentos.

Bom que os arrufos de criança não têm consequências durarouras. Logo esquecidos porque há figurinhas a trocar, filar uma guimba de picolé ou cachorro-quente, comentar a matinê ou combinar uma partida de botão, mãe-da-rua, finca... Ou, claro, a velha pelada numa época em que havia terrenos baldios naquela Belo Horizonte em vez de escolinhas e uniforme completo.

Amanhã é dia de clássico. Kalil, que precisa aprender a cultivar o silêncio quando não tiver nada de essencial a dizer, afirmou depois da goleada que o título já é do Cruzeiro. Pode ser, mas não soa bem afirmar que uma batalha está perdida antes de seu início. Bom saber que os jogadores do Galo pensam de modo diferente e pretendem mostrar isso em campo. Revelam maior conhecimento do que significa a camisa alvinegra.

Análises racionais apontam o Cruzeiro como vencedor porque tem um time melhor, fruto de planejamento, investimento correto, vendas vantajosas. Deve ser. Da mesma maneira, o Galo coleciona insucessos porque vem de uma história de administrações incompetentes. Pode ser também.

Coisa aborrecida ter razão. Explicar tudo. Aos atleticanos todos – o tal amigo, o moleque dele e o resto desta torcida admirável – só posso dizer uma coisa: independentemente do resultado amanhã, o que um coração branco-e-preto espera, por sua história, é dignidade. Essa virtude tão importante e tão esquecida em tempos dominados por todo o enfadonho léxico da Administração de Empresas e pela razão instrumental, vazia de humanidade.

O Galo não é empresa e nunca será. Futebol é arte e sempre vai ser. Neste domingo tem clássico. A torcida alvinegra espera que Leão e seus comandados saibam colocar o coração no lugar que esse órgão bizarro da anatomia humana deve assumir diante de confrontos épicos.

Melancolia é algo que se dissipa com os primeiros raios de sol para os espíritos que não fogem à luta, que sabem que a beleza está no caminho, não na chegada.

Alexandre Freire

2 comentários:

  1. gostaria de perguntar o porque de não usar os zagueiros que estão na reserva.Pois sabemos que o leo fortunato e tiago eleno não produzem o resultado esperado,sem contar que o meio de campo não existe, cleber não pode vir buscar bola, cade o bernardo?.Desse jeito vejo a libertadores mais distante oque os senhores acham? boa noite!!!!

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  2. como fazer para que o adilson coloque sempre um time competitivo, já que possui um dos melhores elencos.Pois num jogo em que o time começa bem e acaba levando um gol desastroso como foi o primeiro na partida de hoje.Cadê a defesa, já que possui tantos zagueiros e o armador, ainda acho que o tecnico não tem o time 100% nas mãos ou é ignorante o bastante patra ver que desse jeito vai ficar a ver NAVIOS. Obrigado!!!!

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