Domingo na capital, sol e frio. Bom pra futebol. A fila é grande, mas anda rápido. O guarda empurra o vendedor, chuta a caixa de cerveja. O vendedor: - Já vou, já vou. A torcida do São Paulo é só alegria. Compro arquibancada azul, do lado do sol. É ruim ficar na sombra nesse frio. Lá dentro, tudo é festa.
O Morumbi é um tapete verde quase perfeito. Os times entram. Do lado de lá, heróicos torcedores do Furacão coreografam os braços; do lado de cá, a Independente é festa. Por uns dois minutos, as torcidas ficam quietas enquanto toca um Hino Nacional minguado nas caixas de som. Começa o jogo. Durante quarenta e cinco minutos, o São Paulo anda em campo. Não almoçaram essas pessoas? Muricy fica no banco, sentado. Não almoçou também?
O Atlético se esforça, mas o time é tosco, domina mal a bola, chuta errado, passa mal. Fosse um time mais forte e o São Paulo teria visto três gols ou mais caírem para dentro de seus travessões. Aos 45 do primeiro tempo, o Atlético faz o primeiro – menos por seus méritos e mais pela apatia do adversário. Intervalo. Esfirras e refrigerantes, caixas e vendedores. O sol começa a sumir e acendem as luzes.
Os times voltam. Os primeiros quinze minutos são quase interessantes. O São Paulo marca de cara e parece acordar. As torcidas cantam o tempo todo, de um lado e de outro. Mas é só. Dos quinze minutos do segundo tempo em diante, começa de novo o futebol burocrático do São Paulo e o Atlético volta a dar trabalho, ainda que de má qualidade.
Escapam, no Atlético, o goleiro Gallato – firme em todas as defesas, sem voos espetaculares ou tombos cinematográficos, tão ao gosto de certos arqueiros – e o lateral Rafael Santos, autor dos dois gols, trabalhador competente e muito além da média de seus camaradas.
No São Paulo, não escapa ninguém. Piorado, o São Paulo dá espaço e o Atlético faz dois. Teria ficado assim não fosse, no último minuto, André Lima, em posição duvidosa, empatar a partida. 2 a 2, num jogo feio, feio. 11.500 pessoas cantaram e não receberam o que pediram: circo.
Fui de carona para o estádio, comprei a arquibancada a R$ 30,00, comi um kit salgado de R$ 5,50, um gigantesco copo dágua com 200 ml por R$ 2,00, um ainda mais gigantesco copo de refrigerante com 300 ml por R$ 3,50, voltei de lotação clandestina a R$ 5,00 e peguei um metrô de R$ 2,40. Total R$ 48,40. Saiu caro.
O São Paulo jogou em casa com a torcida cantando o tempo todo, contra um adversário fraco, com o elenco descansado, andou de lado, não marcou, foi facilmente marcado, não deu trabalho nenhum, ainda fez um gol discutível e terminou empatado. Saiu barato.
Guilhermino Domiciano é ator e, como sua mãe, só torce quando o Brasil joga.
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