Não confundam com arrogância: se o torcedor do Cruzeiro anda de nariz empinado, olhando sempre para o alto, essa atitude tem que ser buscada em suas origens. A resposta está no sangue, por dois motivos.
Primeiro, porque o cruzeirense é filho da mística imigrante do trabalho, herdeiro direto dos colonos italianos que em 1921 transformaram um sonho em time de futebol.
E quem em 1942 converteram o Palestra Itália em Cruzeiro Esporte Clube, sangue azul e brasileiro.
Em segundo lugar, o cruzeirense dirige de modo permanente o olhar para o alto porque ele também descende dos símbolos celestes, como o Cruzeiro do Sul, uma das mais importantes constelações do firmamento.
Exigente como poucos, o torcedor da Raposa, quando cobra do seu time, viaja em velocidade de cruzeiro: é um voo reto e nivelado, caracterizado pela altitude e a velocidade. Em outras palavras, um voo de quem sabe o que quer e não se contenta com pouco. Por isso chega a ser impaciente e pode abandonar o time nas horas difíceis.
No cruzeirense de repente a anatomia fica doida, e oitenta por cento de seu coração passa a ser comandado pela razão. Se os olhos estão no céu, o coração está sempre no chão, racional. Os outros vinte por cento, mineiros, desconfiam.
O cruzeirense vive a permanente experiência dos que, num passe de mágica, transportam o céu para os gramados. Por isso, tratou de abastecer o campo com uma constelação de estrelas: de Tostão, Dirceu Lopes e Palhinha, até Ramires, Fábio e Wagner, passando por Alex e Sorín. São referências que unem uma nação acostumada a conquistar seus objetivos.
Com todos esses atributos, fica difícil o torcedor cruzeirense não raro ter manias de grandeza: sente-se em casa na Libertadores da América e nos campeonatos de dimensão continental, como o Brasileiro e a Copa do Brasil. Parece soberba, mas não é.
Dono de uma alegria cartesiana, que o faz esquecer rapidamente das conquistas e ambicionar novas vitórias, o torcedor cruzeirense exige estar sempre no céu, que é um outro nome para ganhar títulos, corações e mentes.
O cruzeirense vive cheio de vaidade. O trem azul passa e logo na primeira viagem ele já vai na janela, pedindo passagem em direção às estrelas.
Fabrício Marques é jornalista e escritor
Nota: Fabrício escreveu também "O Atleticano", postado neste blog em 19 de setembro de 2008. Para achá-lo, basta usar a ferramenta de busca.
A única coisa que não concordo é que o cuzeirense pode abandonar o time. Isto jamais acontece, o cruzeirense é crítico, exigente e não aceita ser manipulado por discursos de dirigentes que gostam de jogos de palavaras.
ResponderExcluirSou brasileiro ruim de bola e ruim de grana...
ResponderExcluirPosso até concordar sobre as conquistas cruzeirenses, mas ser atleticano é muito melhor! Os atleticanos não vivem de dinastias. Vivem das lutas. Uma à uma com os corações a mil. Razão prá quê razão? A paixão desconhece este raciocínio.
Mas devo me render e parabenizar ao Cruzeiro e aos cruzeirenses.
Assim nos resta a máxima: "Ano que vem tem mais!"
Ser torcedor do cruzeiro é motivo de muito orgulho,lembro quando ainda menino meu PAI me levou pra conhecer o GIGANTE da PAMPULHA mas não me avisou que la dentro estava um GIGANTE AZUL fiquei deslumbrado com o que vi,mesmo que nesse dia o gigante azul foi derrotado por outro gigante o COLORADO do goleiro TAFFAREL,dai em diante o sangue que corria em minhas veias ficou AZUL,num PAÍS onde o povo sofre tanto com a corrupção e a desorganização geral, mas dentro de tantos clubes de futebol em nosso PAÍS existe um seleto grupo que contando nos dedos de uma mão ainda sim sobrarim alguns dedos o meu time do coração faz parte desse grupo.OBRIGADO CRUZEIRO POR SER GRANDE E POR MOSTRAR ME QUE SEMPRE PRECISAMOS BUSCAR A CONQUISTA MAIOR E A GLORIA E OBRIGADO AO MEU PAI POR ME MOSTRAR ESTE CAMINHO,QUE DEUS O TENHA!UM ABRAÇO A TODOS!
ResponderExcluirEste texto só poderia ser escrito por um dos grandes escritores mineiros dessa nova geração: Fabrício.
ResponderExcluirAs belas palavras dirigidas ao time Azul Celeste e a descrição ao pé da letra feita aos torcedores da rapoza, prendem a atenção do mais fanático torcedor rival. Isso não apenas pela história de um time que caminha para o centenário, mas também pela excelência e sensibilidade de um jornalista que escreve por amor.
Parabéns ao Meio de Campo e ao Jornalista Fabrício Marques.