17 de maio de 2009

Sobre chutar tampinhas e os fundamentos do futebol

No início era só a alegria de correr atrás da bola. Na verdade, havia alguma coisa além da alegria. Citando de cabeça um repertório desorganizado sobre a história do futebol, havia mais coisa envolvida. Jogos violentos no Velho Continente. Jogos violentos no Novo Mundo entre as gentes pré-colombianas.

Não importa muito aqui. Este texto não merece credibilidade no que tange à história do esporte bretão, que é como os vencedores resolveram contar a história do fascínio do ser humano quando tem uma bola aos pés e algo em mente que se assemelhe ao gol.

Vem-me à cabeça uma referência que acho que está em Flávio de Campos, autor de livro sobre roteiros, em que ele fala da trama de um filme que põe frente a frente dois irmãos. Um, organizado, bem-sucedido, bem-casado e infeliz. Outro, desorganizado, confuso e viciado confesso em chute de tampinha na rua.

Via uma tampinha dando sopa sobre o calçamento e corria em direção a ela – as balizas imaginadas entre o poste e um sinal de trânsito – para desfechar um chute e tentar o gol. Com direito a fazer barulho de torcida com a boca caso marcasse. O irmão responsável detestava essa demonstração pública do que considerava um sinal insuportável de infantilidade.

Mas futebol, além de ritual importante entre os povos e manifestação lúdica na cabeça de quantos aficionados malucos e nem tanto, é também uma arte que tem seus fundamentos. O “De Salto Alto” foi à rua para investigar que troço é esse de fundamento no esporte em que, dizem os que não estão interessados no assunto, 22 correm atrás de uma bola.

Aprendemos com o quadro do “Meio de Campo” que existem fundamentos básicos e refinados. Aprendemos que as tais categorias de base os treinam, que atletas profissionais às vezes os desconhecem e que treinadores da estatura de Telê Santana foram o que foram porque reconheciam neles o ponto de partida para formar times vencedores.

Ao final, Carol Delmazo, de salto alto, se entusiasma e parte para um chute contra meta guarnecida por goleiro, em lance capturado pela lente do cinegrafista. A bola tira tinta no poste. Valeu, Carol. Se fosse gol iam dizer que tinha sido combinado. Sabemos que não foi. Foi puro amor pela bola. Puro desejo de balançar as redes e sair para o abraço.

Alexandre Freire

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