27 de fevereiro de 2009

"Heleno" - que o cinema imite o futebol arte

Ele teve dinheiro, fama e as mulheres mais desejadas do mundo em sua cama. Suas vontades eram ordens no Copacabana Palace, o hotel de sempre dos chiques e endinheirados no Rio de Janeiro. Era advogado e falava fluentemente português, inglês, espanhol e alemão. Seus ternos – de cortes impecáveis, por sinal – tinham de ser feitos pelo mesmo alfaiate do presidente Getúlio Vargas. Foi o primeiro homem a romper com o amadorismo no futebol e encher os bolsos com gols no Brasil. Morreu pobre aos 39 anos. Torrou a fortuna em bordéis e farras ao mesmo tempo em que a sífilis devorava o seu cérebro. O sujeito em questão é Heleno de Freitas, místico e mítico atacante do Botafogo, que também emprestou sua genialidade para a seleção brasileira, o Vasco, o América-RJ, o Boca Juniors, o Atlético Barranquilla, da Colômbia, e agora vai virar filme. Sua vida, sem dúvida, um roteiro perfeito com todos os elementos dramáticos. No entanto, fica a pergunta: José Henrique Fonseca, diretor de o premiadíssimo “O Homem do Ano”, conseguirá, finalmente, retratar o futebol brasileiro como ele merece na telona?

Para fazer “Heleno - o homem que chutava com a cabeça” um sucesso de bilheteria, José Henrique Fonseca terá no elenco Rodrigo Santoro, o ator brasileiro de maior sucesso no exterior atualmente no papel principal. Contra si, ele terá a má vontade do público, que recentemente viu a vida dos dois maiores jogadores da história do país se transformar em fiasco na telona. Em “Pelé Eterno”, obra que consumiu R$ 6 milhões, Anibal Massaini Neto ficou preocupado em falar das glórias do rei, repetidas à exaustão em qualquer programa de esporte e que todos estão cansados de saber. Falta de criatividade é igual a cadeiras vazias nas salas de exibição e DVD´s encalhados nas locadoras. Baseado no excelente livro “Estrela Solitária”, o filme “Garrincha”, de Milton Alencar, chuta para escanteio a história de outro atormentado ídolo botafoguense. Com atuações desastradas de André Gonçalves e Taís Araújo, o filme está na lista daqueles que NÃO devem ser vistos. Sobram chavões, casos batidos, uma edição mal feita e o telespectador fica com a sensação de já ter visto aquilo em algum lugar com uma produção melhor.

Além de Rodrigo Santoro, José Henrique Fonseca tem um trunfo importante. O filme é baseado em “Nunca Houve um Homem como Heleno”, biografia escrita pelo jornalista carioca Marcos Eduardo Neves. No livro, é possível esmiuçar a vida de Heleno desde o nascimento em São João Nepomuceno, na Zona da Mata de Minas Gerais, em 1920. Com a morte precoce do patriarca da família Freitas, em 28, a família se muda para o Rio de Janeiro, então capital da República. Heleno nasce de novo. Lá, começa a jogar futebol de praia, conhece João Saldanha, tem uma rápida passagem pelo juvenil do Fluminense e surge no Botafogo. Tendo o futebol como pano de fundo, Heleno vira personagem da vida do Rio de Janeiro. Ganha – muito – dinheiro com o futebol. Fica milionário. Desponta o primeiro astro do futebol brasileiro. Tamanho prestígio abre as portas das mais badaladas casas de shows, quartos de mulheres e dos vícios. Dentro de campo, o gênio intempestivo e brigão rende a simpatia dos botafoguenses. Cada tapa na cara de um beque inimigo é comemorado nas arquibancadas.

Em uma época em que a mídia engatinhava, Heleno, que é primo do atual diretor de futebol do Atlético, Bebeto de Freitas, era um personagem e tanto para rádios e jornais. Fazia gols aos montes – é o quarto maior artilheiro da história do Botafogo com 209 gols em 235 partidas, mas supera Quarentinha, Carvalho Leite e Garrincha na média – e provocava polêmica. Não tinha vergonha de dizer que preferia uma noitada a um treinamento. A partir da metade da década de 40, o comportamento intempestivo começa a despertar nos familiares a suspeita de que Heleno pode estar doente. Que a excentricidade, de fato, é uma perversidade mental. Por ironia, jamais levantou um caneco com a camisa alvinegra. As saídas noturnas o apresentam ao vício em éter. A falta de títulos, as noitadas, as brigas até com companheiros de time mandam-no embora do Botafogo. Tenta recomeçar em vão no Boca Junior, no Atlético de Barranquilla, no Vasco e no América-RJ. Uma desavença com o técnico Flávio Costa, em São Januário, por sinal, o impediu de sair na foto do título carioca de 1949. E pior, fez o treinador riscar Heleno do grupo que perdeu a Copa de 1950, no Brasil.

Com pouco mais de 30 anos e a vida pessoal comprometida, a família constatou que Heleno estava demente. Diagnosticado como esquizofrênico, não lembrava o homem de cabelos impecavelmente penteados e que tinha mulheres se atirando ao seu colo. Entre 50 e 54, sofre com choques elétricos e internações mal-sucedidas. O personagem Heleno tinha acabado. Em 54, o irmão Heraldo o interna em uma Casa de Saúde em Barbacena. Os psiquiatras finalmente descobrem que Heleno era sifilítico, seguramente contaminado por uma de suas dezenas de amantes. Tinha os nervos comprometidos. Por quatro anos, ele morou no hospício. Em 59, sozinho em um quarto do Hospital São Sebastião, aos 39 anos, põe fim ao seu martírio. Na cama, um cadáver raquítico, com pouco mais de 40 quilos, não lembrava nem de longe o galã goleador das multidões.

Caberá ao diretor José Henrique Fonseca a difícil tarefa de condensar em cerca de uma hora e meia uma das páginas mais dramáticas do futebol brasileiro. Nos Estados Unidos, Hollywood já provou que a combinação entre esporte e cinema é sucesso. Do beisebol, o rebatedor Babe Ruthe, de tragédia similar a de Heleno nos anos 30, voltou a emocionar o público com a interpretação de John Goodman. “Carruagens de Fogo” narra a saga de dois atletas britânicos e arrebatou o Oscar de 81 como melhor filme. Michael Jordan quebrou recordes de bilheteria com o insosso “Space Jam” contracenando com Pernalonga, Patolino e mais alguns vilões de desenho animado.

Com “Heleno”, o cinema nacional terá a grande chance de ter seu primeiro sucesso com uma história nascida dentro de um estádio e que moldou um personagem da sociedade carioca dos anos 40 e 50. Mas fica a torcida para que a película seja feita sem os vícios e os erros de projetos que tinham tudo para dar certo, mas ficaram no meio do caminho. Sem dúvida, o enredo, os personagens, os atores e o drama deixam no ar a expectativa de um filme capaz de lotar os cinemas, agradando quem gosta e quem não gosta de bola. É hora de cruzar os dedos para que o futebol brasileiro finalmente marque um golaço que possa ser visto na telona.

Pedro Blank é jornalista freelancer

26 de fevereiro de 2009

Subir para aprender


Mais uma vez o Cruzeiro precisou de uma partida bem acima do nível do mar para tirar uma lição na Taça Libertadores. Seria compreensível se o time não tivesse ganhado duas vezes a competição (76 e 97), entrasse como um dos favoritos ao título deste ano e não tivesse fama de time copeiro.

O jogo foi truncado, duro e com jogadas mais bruscas do que as praticadas nos campeonatos brasileiros. Coisas que não são novidades nem mesmo para garotos que jogam mais Playstation do que acompanham jogos pela TV.

Após a partida os cruzeirenses reclamaram muito dos xingamentos e agressões dos equatorianos. A arbitragem também foi alvo de queixas dos jogadores brasileiros.

Acredito que o juiz e os auxiliares poderiam ter uma atuação melhor. Mas reclamar de fatos que são exaustivamente anunciados e rotineiros no torneio Sul-americano soa como forma de desculpa ou inocência demais (nesta última acredito pouco).

Mesmo assim o empate contra o Deportivo Quito na capital do Equador não pode ser considerado ruim, apesar do gol dos adversários aos 46 minutos do segundo tempo. O Cruzeiro lidera o grupo cinco com quatro pontos e independentemente do resultado do jogo de entre Estudiantes e Universitário a Raposa segue na ponta.

O importante é que a lição do jogo de ontem tenha sido aprendida para que os erros não possam atrapalhar o futuro do Cruzeiro com aconteceu no ano passado na goleada para o Real Potosí.

Cláudio Gomes escreve às quintas-feiras

20 de fevereiro de 2009

Charge Duke

14 minutos...

O que se pode fazer nesse período? São 840 segundos... É tempo de sobra para muitas coisas!

Em setembro de 2007 o discurso de defesa do ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) - acusado de pagar despesas pessoais com recursos da construtora Mendes Junior - teve exatamente 14 (argh!) minutos.

Em fevereiro de 2008, a Rede Record exibiu uma reportagem sobre o processo da Igreja Universal contra o jornal Folha de São Paulo e a jornalista Elvira Lobato. A ação contestava uma matéria sobre os negócios da instituição, publicada em dezembro de 2007. Foram 14 (longos) minutos na televisão.

O episódio "The Laundry", produzido em 1923, do popular seriado cômico americano dos anos 20 e 30, Comedy Capers - conhecido no Brasil como Reis do Riso - teve 14 (engraçados) minutos. Lembro-me de que a Rede Minas chegou a exibir alguns episódios.

Uma pesquisa realizada na Inglaterra mostrou que os jovens do país passam cerca de 14 (essa eu deixo para vocês concluirem) minutos diários em sites pornográficos. Mais de 1.000 adolescentes, entre 13 e 15 anos, participaram do estudo.

No mundo da bola, 14 minutos podem parecer uma eternidade. Que o diga o atacante Edmundo - o Animal! No Brasileirão do ano passado, o Cruzeiro venceu o Vasco por 3 a 1, em São Januário. O terceiro gol foi de Guilherme, cobrando pênalti. Edmundo era o goleiro. Assumiu o posto aos 31 minutos do 2º tempo, depois que Thiago foi expulso e a equipe carioca já havia feito as três substituições. Ou seja, 14 (humilhantes) minutos...

Mas 14 minutos também podem ser muito pouco. Mineirão, 19 de fevereiro de 2009. Cruzeiro e Estudiantes se enfrentaram pela 1ª rodada do Grupo 5 da Copa Libertadores. Kléber entrou no segundo tempo. Foi acionado em quatro oportunidades. Chutou duas vezes a gol, mas foi o suficiente. Recebeu dois cartões amarelos e acabou expulso. Enloqueceu 33.969 torcedores pagantes e outros milhares pelo Brasil afora. Tudo isso em apenas 14 (fulminantes) minutos...

Foi só a estréia do Gladiador com a camisa celeste. Imaginem quando estiver em campo durante 90 minutos.

Fábio Pinel é apresentador do programa Meio-de-Campo.

19 de fevereiro de 2009

Camisa ganha jogo?

Em 30 anos de vida já vi, li e ouvi muita coisa sobre o futebol. Desde histórias maravilhosas - contadas por personagens ilustres do mundo da bola ou simplesmente protagonizadas por pernas-de-pau - a lendas, superstições e ditados populares criados geralmente pela fantasia de torcedores.

Uma dessas lendas fala sobre a tradição de alguns clubes. Sabe aquela história de que camisa ganha ou não ganha jogo? Pois é...

Para alguns, a tradição sempre fala mais forte. Por exemplo: Itabaiana-SE e Atlético, na quarta-feira passada, pela Copa do Brasil. A lógica diz que o Galo, campeão brasileiro em 71 e várias vezes o melhor time de Minas Gerais, não precisa temer o modesto Tremendão (e, realmente, não tinha motivos para tanto).

Mas para outros o futebol evoluiu. Qualquer timinho é capaz de surpreender os grandes. Exemplo? Copa do Brasil 2002. O ASA, da cidade de Arapiraca, em Alagoas, eliminou o Palmeiras (é, o Palmeiras! Aquele tetracampeão brasileiro, campeão da Libertadores e da própria Copa do Brasil).

Nesta quinta-feira li uma notícia, no mínimo curiosa, sobre uma partida pelo Grupo 3 da Copa Libertadores da América.

O Nacional, do Uruguai, foi enfrentar seu homônimo em Assunção, no Paraguai. De um lado, um tricampeão da Libertadores. Do outro, um clube que conquistou modestos seis títulos da primeira divisão paraguaia - o último em 1946!!!

Sabe-se lá como, as camisas de jogo da equipe uruguaia sumiram. Os dirigentes foram às compras e adquiriram 16 camisas da Umbro - não por acaso, pois é a fornecedora oficial de material esportivo do Nacional-URU.

Camisa provisória e a oficial do Nacional-URU. Foto: GloboEsporte.com

Os números, e principalmente, os nomes dos jogadores - obrigatórios nos uniformes dos times que disputam a competição - tiveram que ser improvisados a menos de uma hora da partida. Nem deu tempo de colocar o escudo nelas...

Mas os deuses do futebol pareciam estar ao lado dos descamisados atletas uruguaios. Não é que eles, aos trancos e barrancos, derrotaram os donos da casa, por 3 a 0? Gols de Fernández, Lodeiro e Mondaini.

Para a imprensa uruguaia, esta foi a melhor apresentação do Nacional em 2009. E não custa lembrar que foi esse time que perdeu por 4 a 1 para o Cruzeiro, em janeiro deste ano, na final do Torneio Verão, no estádio Centenário, em Montevidéu.

Agora só posso concluir uma coisa: camisa, realmente, NÃO ganha jogo!

Fábio Pinel é apresentador do programa Meio-de-Campo.

Algum jogador faz você ir ao estádio?

Há um tempo venho me sentido cada vez mais desmotivado a ir ao estádio. Não bastasse a forma como somos tratados como consumidores, há os riscos que corremos ao sair de casa em uma cidade grande, como BH.
Mas, tudo isso poderia ser superado! Se dentro campo houvesse motivo para assentar nas cadeiras do estádio. Quando eu era adolescente, podia ir ao Mineirão despreocupado, pois veria Éder (mesmo no fim de carreira era muito bom vê-lo bater na bola), Marques e Guilherme (em 1999), Renato Gaúcho (no Cruzeiro) Ronadinho e mais recentemente Alex, no Cruzeiro.

Alex e Éder: eles valiam o ingresso!


O futebol mineiro anda escasso desses jogadores que nos faziam ir a campo. Diria que apenas um teria a capacidade de me deixar eufórico. A técnica e a forma física de Ramires impressionam. Ele joga com alma. No Atlético, Diego Tardelli ainda tenta ocupar um espaço vago há tanto tempo.
Se corrermos o Brasil, a história não é muito diferente. O Corinthians tem um Ronaldo Fenômeno. O Palmeiras ainda começa a apresentar uma nova atração: Keirrison. No São Paulo, talvez valha a pena ir ao Morumbi ver Washington ou Hernanes. No Inter, Alex enche os olhos dos Colorados. São poucos os nomes pelo Brasil.
No jogo de estréia do Cruzeiro, na Libertadores, o torcedor cruzeirense deve lotar o Mineirão. Mas, com certeza, sentirá falta daquele que, hoje, tem a capacidade de deixar todos com vontade de voltar ao estádio.

Carlos Júnior entrou e fez o que sabe

A goleada do Galo sobre o Itabaiana na estréia do alvinegro na Copa do Brasil ontem à noite em Sergipe não é para entusiasmar ninguém. O time da casa, quase amador, mostrou vontade, mas futebol muito pouco. Aliás, a Copa do Brasil, esse bizarro torneio que corta o país de uma ponta a outra reunindo 64 equipes completamente desniveladas, até as quartas-de-finais vale mais pela sua dimensão anedótica do que pelo futebol.

Apesar de o futebol apresentado ontem pelo Atlético não ser digno de nota – não dá para avaliar um time contra adversário tão inferior –, vale destacar a presença de dois jogadores lançados por Leão que marcaram gols contra o Itabaiana: Marcos Rocha e Carlos Júnior.

Marcos Rocha, como lembra o colega da equipe do Meio de Campo João Paulo Ribeiro, pode até acabar repetindo a história de Dedê, o lateral esquerdo que ganhou confiança sob o comando de Leão no Galo em 97 e acabou construindo uma carreira de sucesso no BoRússia Dortmund.

Mas coube ao estreante Carlos Júnior roubar as atenções da noite, quando ao ser entrevistado em campo pelo repórter Odilon Amaral, que lhe perguntou quais tinham sido as instruções de Leão, não titubeou: “O professor me mandou entrar e fazer o que eu sei”.

Carlos Júnior entrou no lugar de Yuri e fez dois gols. No primeiro, acertou um belo chute na entrada da área. No segundo, escorou passe açucarado de Éder Luís. Num jogo sem maior brilho, deu gosto ver a confiança do rapaz. A sofrida torcida alvinegra tem mais um motivo para olhar para 2009 com renovada esperança. No banco, o Galo tem agora Carlos Júnior, que entra para fazer o que sabe.

Alexandre Freire

18 de fevereiro de 2009

Kaká voltará ao futebol mais fragilizado

Seguem alguns comentários sobre a lesão do Kaká.

As entorses de tornozelo são comuns tanto em atletas quanto em não-atletas. O que acontece pode ser comparado com as lesões de ligamentos do joelho como, por exemplo, a lesão do ligamento cruzado anterior.

A diferença é que na articulação do tornozelo a cirurgia é quase sempre dispensável, desde que se faça um programa de reabilitação apropriado (não basta fortalecer o músculo, é preciso reeducar o mesmo a reconhecer o momento apropriado para agir).

Trocando em miúdos, o que tem de ser feito é transferir a função de estabilização do tornozelo, anteriormente feita pelos ligamentos (que não se regeneram), para os músculos.

Vê-se, portanto, que um atleta com histórico de entorses no tornozelo é muito mais susceptível a novas lesões, tanto no próprio tornozelo acometido (às vezes até fraturas) quanto nas articulações adjacentes (como o joelho). Isso porque se a estabilidade é precária no ponto de apoio do corpo ao solo, as sobrecargas nas outras articulações tornam-se maiores.

Apesar do pouco tempo de afastamento do atleta, este tipo de lesão não pode ser minimizada, seja você atleta ou não. Teremos Kaká de volta à Seleção, mas ele terá mais chances de voltar a se contundir. Infelizmente.

Cláudio Alvim Scianni
Especialista em Fisioterapia Esportiva e mestre em Ciência da Motricidade Humana

O destempero de Kalil

Já definiram Cruzeiro e Atlético como um clássico que nunca termina quando o juiz apita. E para confirmar a tradição do pós-jogo, os erros de arbitragem voltam aos holofotes. Alexandre Kalil quer jogar para a torcida acusando a arbitragem de formação de quadrilha e desviar do torcedor a preocupação com o desempenho em campo. O incômodo fato de 10 jogos sem vencer o rival pode ser explicado pela qualidade técnica e pelo empenho tático das equipes, mas o presidente atleticano insiste em buscar culpados externos e com isso só aumenta a pressão para o próprio lado. Inclusive ao pontuar que o Atlético foi extremamente superior e que só perdeu por obra de um juiz mal-intencionado.

Kalil preferiu não destacar o principal - o crescimento do Atlético, que com o comando de Leão começa a ter cara de time, apesar dos desfalques e das limitações. Foi valente o jogo todo e criou boas oportunidades. Adílson Batista, pelo lado do Cruzeiro, preferiu não enaltecer a superioridade em termos do grupo que teve em mãos e se limitou a criticar a equipe que, mesmo com time misto, fato inédito em termos de clássico, poderia ter ampliado o placar se não tivesse abusado dos gols perdidos.

Os dois lados têm razão em reclamar do juiz, mas a responsabilidade dos dirigentes deve(ria) prevalecer. Kalil afirmou, ao assumir o Atlético, que era um presidente mais maduro, ciente dos erros cometidos diante dos microfones no passado. Até agora pouco havia polemizado. No primeiro clássico oficial do ano, em um primeiro turno de campeonato estadual, já escancarou o destempero para tentar colocar a torcida contra a arbitragem mineira – sendo que o próprio Kalil foi o único a rechaçar, antes do campeonato, que clássicos tivessem árbitro de outro estado.

Enzo Menezes é jornalista

17 de fevereiro de 2009

16 de fevereiro de 2009

O Medo de Alício

Alexandre Kalil expeliu os perdigotos da revolta depois do clássico. Jurou de pé junto que haveria uma quadrilha especializada em dar vitórias ao Cruzeiro e impor derrotas ao Atlético.

Sua teoria da conspiração, como todas, carece de comprovação científica e não se sustenta nem por algumas horas depois da raiva. Mas ele está certo num ponto: o Atlético, realmente, foi prejudicado.

Alício Pena Júnior nada marcou no lance em que Léo Fortunato empurra Carlos Alberto logo aos seis minutos. Teve medo de marcar um pênalti ou de expulsar um jogador no começo da partida.

Como sempre, vai esperar a poeira baixar para dizer que, depois de ver pela TV, ele realmente deveria ter marcado falta. Fora da área.

Sua omissão deixou-o perturbado o resto do jogo. E numa atitude, de compensação psicológica, passou a não marcar várias faltas para o Cruzeiro, distribuiu cartões a rodo, inventou uma penalidade para o Atlético e jogou o nome da já combalida arbitragem mineira na lama.

O que não dá para entender é porque, com um clássico de grande potencial polêmico no Mineirão, o presidente da comissão de arbitragem preferiu se esconder no Alçapão do Bonfim onde ficou segurando plaquinhas de substituição de jogadores de Vila Nova e América.

Lucas não pôde ir ao clássico

A morte de um torcedor e o ferimento em outro, a bala, enquanto esperavam o transporte público para ir ao Mineirão, no dia do clássico, mostram que um nível inaceitável de selvageria ainda existe na sociedade. Que pessoas são essas que saem de casa para tirar a vida de gente inocente, que fazia algo que qualquer um de nós poderia ter feito – ir ver o maior jogo de futebol de Minas?

O atleticano Lucas Marcelino Batista, 20 anos, não pôde ver que seu time de coração evoluiu, que poderia ter inclusive vencido o jogo se o árbitro não tivesse errado feio na sua primeira participação da partida. A falta de Leo Fortunato em Carlos Alberto aos seis minutos de partida quando aquele tinha chance real de gol é lance para cartão vermelho e ponto.

O que teria sido o Cruzeiro jogando com dez desde aquele momento inicial é outra questão porque nada ficaria definido pela vantagem numérica do Galo, dado que o time celeste é nitidamente superior. Mas Lucas Marcelino Batista não pôde ver nada disso porque um criminoso covarde esperava por uma vítima desavisada.

O erro de Alicio Pena Júnior, que se perdeu na partida depois disso, deve ter sido apenas incompetência ou falta de personalidade. Kalil ajudaria o Atlético mantendo-se mais comedido. O time de Leão já mostrou grandes progressos, mas claramente precisa de um jogador de armação e de um goleiro. Pelo menos. Isso de que há um esquema de favorecimento ao Cruzeiro não cola. O time da Toca é muito rápido e leve, fácil de derrubar e levar o adversário a acumular cartões. Mas Lucas já não verá nem as jogadas brilhantes de Ramires nem Tardelli numa bela paradinha.

O jogo foi bonito apesar de tudo. Os dois times jogaram buscando o gol, perderam muitas chances, honraram suas cores. O Galo, dentro de sua tradição, lutou sempre e até o fim para igualar na bola o que o sopro de um apito talvez tenha lhe tirado ainda uma vez mais.

O Mineirão estava colorido para festejar o momento maior de seu futebol. Havia crianças, jovens, amigos, famílias – gente alegre, em busca de grande espetáculo na tarde domingo. Lucas Marcelino Batista, 20 anos, saiu de casa para participar dessa festa. Mas no caminho de Lucas havia uma bala.

Alexandre Freire

13 de fevereiro de 2009

Bate, coração

Sessenta mil pessoas verão de perto um dos maiores clássicos dos últimos tempos por que – além do fato de que clássico é clássico, como explicou Carol Delmazo – esse vem tensionado por exemplares polarizações.

De cara, tem a incômoda série de jogos em que o Cruzeiro vence. Bateu o Galo em oito das nove últimas partidas. O outro foi empate... Para um clube grande, o Atlético está em maus lençóis. Do presidente Kalil ao porteiro da instituição, passando pela sofrida torcida alvinegra, o retrospecto é osso. Há então uma forte polarização em relação ao favoritismo do Cruzeiro, que nunca jogou tanta bola desde que Tostão resolveu fazer outras coisas.

Outra polarização está no túnel, ou melhor, em ambos. De um lado, Emerson Leão, que se identifica com o Galo inclusive por um fato que marca a identidade: ela se configura por atrito, por contraste, por negação. Leão, quando passou pelo Cruzeiro, deixou claro que não se via nas cores do clube. E vice-versa. O time da Toca nunca morreu de amores pelo treinador.

Do outro lado do túnel tem Adílson Batista – para mim um dos maiores treinadores de futebol do país; como de resto Leão também. Mas Adílson me parece um técnico mais moderno, um estrategista que gosta de técnica e velocidade e sabe tirar isso de seus jogadores.

Uma terceira polarização também reúne dois nomes. Ramires, o maior craque dos últimos tempos, um Cerezo mais negro, e Diego Tardelli, um fora-de-série amadurecido e consciente de que se o cavalo não passa selado duas vezes diante da mesma pessoa, no caso do atacante-artilheiro, o alazão cismou de ser a exceção ao ditado da sabedoria popular.

Outro cabo-de-guerra tem goleiros nos extremos. Juninho, extremamente ameaçado, precisando convencer (se é que isso é possível – mas a chance é esta, a última). Fábio, favorito, mas ciente de que, se o bicho for pegar, é domingo. E goleiro é aquela história. Falhou é gol.

Por último mas, como diriam os ingleses, não menos importante, os presidentes. Zezé Perrela, com seu riso nervoso, sabe o que Kalil vai fazer de uma vitória alvinegra. E já deve ter passado algum recado para o elenco celeste sobre o significado de colocar dez jogos de invencibilidade sobre o rival. Kalil, com cara de poucos amigos, certamente deixou claro o que espera dos onze escalados por Leão.

Domingo à tarde, com uma hora a mais na contabilidade do fim do horário de verão, o melhor lugar para se estar é num dos 60 mil assentos do Gigante da Pampulha. Ouvindo seu estômago roncar forte com os cantos das torcidas enquanto o coração da gente bate no peito com suas asas de borboleta.

Alexandre Freire

Duelo de Titãs

Segundo a mitologia grega, Titãs são seres que antecederam os deuses do Olimpo. Eram enormes, com uma força descomunal. Eles se juntaram à Cronos na guerra contra Zeus pelo domínio do universo. Os Titãs foram derrotados depois de dez anos de batalha e acabaram confinados ao Tártaro.

Guardadas as devidas proporções, podemos dizer que neste domingo, às 16h, no Mineirão, haverá uma nova guerra. E desta vez, os Titãs vão duelar entre si.

De um lado, Ramires - o volante cruzeirense que também pode ser associado à Ares, deus guerreiro, respeitado por sua força. Do outro lado, Diego Tardelli - o atacante atleticano que mais se parece com Dionísio, já que está fazendo da vida do atleticano uma verdadeira festa.

Os dois atuam em posições diferentes, mas são semelhantes em vários aspectos. Ambos são artilheiros em seus clubes (nesta temporada, Ramires tem cinco gols em cinco partidas, enquanto Diego Tardelli tem nove gols em seis jogos).

Com a bola rolando, parecem onipresentes - como os Deuses! - já que estão em toda a parte do campo. Se livram facilmente dos adversários, ajudam na marcação, têm visão de jogo e parecem incansáveis.

É claro que o clássico não será só entre Ramires e Diego Tardelli. Além deles, estarão em campo outros 20 guerreiros, com o mesmo ideal. Mas podem ter certeza que o resultado da partida terá a participação ativa de um desses personagens... Ou quem sabe, dos dois!

Fábio Pinel é apresentador do programa Meio-de-Campo.

10 de fevereiro de 2009

Se a moda pega...

Essa vem de fora. O Galactico Pegaso, da cidade de Tres Cantos, é um clube que disputa a 3ª Divisão Grupo VII do Campeonato Espanhol. Ele passa por uma crise financeira. Há três meses os atletas e demais funcionários não recebem seus salários. Para protestar, os jogadores tiveram uma idéia inusitada...

Antes da partida contra o Real Madrid C, pela 25ª rodada, colocaram a idéia em prática. Vejam o vídeo e tirem suas próprias conclusões.



Em tempo: O jogo terminou empatado em 1 a 1. O Galactico Pegaso está 17º lugar na tabela de classificação, na zona de rebaixamento.

Fábio Pinel

Charge Fidusi


9 de fevereiro de 2009

A sombra que faltava


Ricardo Teixeira já mandou avisar que não demite ninguém por derrota em amistoso. Um recado para deixar Dunga mais tranquilo para o jogo contra a Itália nesta terça-feira. O problema aqui deixa de ser o adversário e passa a ser o local da partida: Londres. Cidade do Chelsea, clube que acabou de demitir o treinador, Luís Felipe Scolari.

Pense no pesadelo de Dunga : Em Londres, desempregado, Felipão terá todo o tempo do mundo para se encontrar com Ricardo Teixeira. E, se este encontro se realizar, vão conversar sobre a Copa de 2010 e a Seleção Brasileira.

Felipão era a sombra que faltava a Dunga. Faltam praticamente 15 meses para a Copa Do Mundo da África do Sul, o Brasil, definitivamente, não tem um treinador com cara de campeão do mundo. Dunga ainda está no cargo por falta de uma boa opção para substituí-lo. A boa opção agora está desempregada. Se a Itália vencer, Ricardo Teixeira pode mudar sua opinião sobre amistosos.
Túlio Ottoni

Tarde, mas ainda em tempo!

Dunga prefere Felipe Melo a Hernanes e Ramires. Felipe Melo era reserva do mediano Augusto Recife no Cruzeiro. Ele foi convocado porque Dunga e muitos jornalistas acham que ser destaque na Fiorentina, hoje um time médio na Itália, é mais importante que ser destaque do São Paulo ou Cruzeiro.”
Tostão, colunista da Folha de São Paulo e do Estado de Minas.

Sobe... (continuação do post anterior)

Agora, a parte de cima. O líder é o Cruzeiro, que manteve os 100% de aproveitamento na temporada, mesmo com um time misto. Prova de que tem elenco bom para se manter bem em duas competições paralelas. Ramires? Dispensa comentários, não é mesmo?

O Democrata-GV é a agradável surpresa da competição. Com uma campanha irretocável (três vitórias em três jogos), a Pantera tem o melhor ataque, ao lado da Raposa, com 10 gols. O atacante Alan (ex-Tupi) é um dos destaques da equipe.

Aos trancos e barrancos, o América vai se readaptando ao Módulo I. Surpreendeu o Atlético na estréia e venceu apertado o Uberlândia e o Rio Branco, ambos no Independência. O elenco é bom, mas longe de ser o ideal. Vamos aguardar...

Uberaba e Ituiutaba estão empatados, com campanhas semelhantes, mas o Zebu leva vantagem no saldo de gols, apesar de ter balançado as redes apenas duas vezes até agora. Certamente os dois vão se classificar para as oitavas-de-final.

O Atlético ainda está se adequando ao estilo de Émerson Leão. Um grupo novo, com alguns bons jogadores. Diego Tardelli? É o mesmo caso do Ramires... dispensa comentários! O time só venceu o Social, mas pelo menos não perdeu para América e Tupi. Atleticano: tenha paciência.

O Tupi, atual campeão da Taça Minas Gerais, tem campanha semelhante à do Galo. Mas ainda tem que provar algo no Campeonato Mineiro. O Rio Branco tem um time interessante e pode crescer mais na competição, mas ainda pega a dupla Atlético e Cruzeiro.

Por enquanto é isso. O tempo dirá se eu estou no caminho certo...

Fábio Pinel é apresentador do Meio-de-Campo.

Desce...

Após três rodadas, já é possível prever algumas coisas sobre esta edição do Campeonato Mineiro. Quem vai brigar pelo título, quem corre o risco de ser rebaixado para o Módulo II, quem está se destacando entre os jogadores...

Então, vamos por partes, começando pela de baixo da tabela de classificação. Quatro equipes parecem fadadas a passar as rodadas restantes sob a ameaça de queda para a segunda divisão estadual: Social, Guarani, Uberlândia e Villa Nova.

O Social enfrentou adversários difíceis no começo. Teoricamente tem mais chances de se reabilitar a tempo. Empatou em casa (0 a 0) com o Tupi, foi goleado pelo Cruzeiro (5 a 0, no Mineirão) e vem de derrota para o Atlético, em Ipatinga (3 a 0).

O Guarani vive uma situação pior. Perdeu os três jogos: 3 a 2 para o Democrata-GV, na casa do adversário, e 1 a 0 para Uberaba e Tupi, ambos em Divinópolis. Além disso, já trocou de treinador. Nei da Mata assumiu o posto deixado por Brandãozinho.

E o Uberlândia? Deu trabalho ao Cruzeiro na estréia, ao vender caro a derrota por 2 a 1. Depois, caiu diante do América, no Independência: 1 a 0. Por último, perdeu o clássico contra o Uberaba, também por 1 a 0. Destaque para o goleiro Paulo César.

Mas o Villa Nova... Ah, esse Leão! Não ruge mais como antes. Três jogos, três derrotas: Rio Branco (3 a 2), Democrata-GV (3 a 1) e Cruzeiro (3 a 2). Tem a pior defesa, com nove gols sofridos. Também já trocou de treinador, saindo Wagner Oliveira e chegando Brandãozinho. A crise financeira é o maior adversário. O time caminha a passos largos para o Módulo II.

É bom essa turma abrir o olho. Foram apenas três rodadas, mas por outro lado só faltam oito...

Fábio Pinel é apresentador do Meio-de-Campo.

5 de fevereiro de 2009

Dr. Jekyll or Mr. Hide?

Kléber é apresentado junto com a nova camisa (foto: Globo.com)
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Kléber chega ao Cruzeiro com fama de indisciplinado e como o atacante que tem a cara da Libertadores.

Sim! Kleber é bom jogador e provou isso no Palmeiras, ano passado, e pode ser o companheiro ideal de Wellington Paulista.

Talentoso, o atacante possui habilidade e eficiência para fazer gols e principalmente dar assistências aos colegas. Sabe marcar as saídas de bola, pode ajudar na armação do meio campo e tem “raça”, qualidade importantíssima para um jogador que vai disputar um Copa Libertadores.

Por outro lado, o atacante tem fama de mau caráter. Agride colegas de profissão como fez com André Dias do São Paulo na primeira fase do campeonato paulista do ano passado. Abusa de entradas violentas e costuma responder, de forma nada amistosa, às ordens da arbitragem.

Contra ele depõe o número de cartões que recebeu no campeonato brasileiro do ano passado. Até outubro ele foi expulso 3 vezes e levou oito cartões amarelos em 19 partidas (Revista Placar edição 1323). Uma média que envergonha até mesmo aquele zagueirão estilo André Luiz.

No caso específico de jogadores como Kléber, o rótulo é muito mais de Bad Boy do que artilheiro.

Neste conto de médico e monstro a torcida é de que o jogador encontre a cura para seu temperamento nada compatível com um profissional que pretende chegar à seleção brasileira. Mas também não é recomendável que o atacante se transforme num cordeirinho na hora de disputar bolas em gramados sulamericanos.

Gostaria de escrever aqui mais sobre seus gols e atuações do que agressões e processos no STJD.
Que o polegar do Gladiador aponte para o alto!
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Cláudio Gomes volta a escrever às quintas-feiras.

A força do interior

1.523 pessoas pagaram para ver o triunfo do América por 1 a 0 sobre o Rio Branco, de Andradas, na noite desta quarta-feira, no Independência. Uma vitória que só saiu (pasmém) aos 50 minutos do 2º tempo! Má fé do árbitro Átila Carneiro? Não creio... Mas que é uma situação que provoca dúvidas como esta, isso é verdade.

E não se deixem enganar pelo resultado! O América não apresentou um bom futebol. Aliás, foi bem diferente daquele que surpreendeu o Atlético, na estréia, e pior do que o da semana passada, contra o Uberlândia (sim, eu estava lá!). Dominado pelo Rio Branco, o Coelho levou pouco perigo ao goleiro Glaysson.

Chico Marcelo contra defensores do Rio Branco. Foto: Jorge Gontijo/EM

O Rio Branco, inclusive, me parece uma equipe certinha, só que sem grandes nomes. Alguns podem me contestar, falando sobre a campanha do Azulão neste Estadual (uma vitória e duas derrotas), mas é preciso analisar todos os detalhes. Venceu bem o Villa Nova, em Andradas, na estréia (3 a 1) e perdeu dois jogos seguidos, só que como visitante - para o Ituiutaba (que vem bem no Estadual, 3 a 2) e agora para o América, sem jogar mal.

E tem ainda um garoto que está jogando muito bem: o meia Márcio Diogo, 23 anos. Quem acompanha o futebol mineiro já o conhece, seja do Ipatinga, do Democrata-SL, do Villa Nova, do Cruzeiro (onde não teve muitas chances) ou até mesmo do próprio América. Ontem, ele deu trabalho à dupla Wellington Paulo e Micão, mas não conseguiu marcar seu terceiro gol na competição.

Onde eu quero chegar? É isso, futebol tem dessas coisas... Às vezes se perde um jogo sem merecer tal resultado, às vezes se ganha uma partida que parecia impossível. O fato é que o futebol do interior parece ter se preparado bem para esta edição do Campeonato Mineiro. E longe de mim menosprezar a vitória americana, que ao meu ver também tem um time, digamos, interessante, mas falta alguma coisa...

E que venha Democrata-GV e Ituiutaba, nesta sexta-feira, às 21h45, em Governador Valadares. Duelo de líderes. Dois times invictos, com 100% de aproveitamento. Muitos acharão que estou fazendo piada, mas acredito que vale a pena conferir! Bendito pay-per-view...

Fábio Pinel volta a escrever no Blog do Meio-de-Campo depois de um mês, e está disposto a publicar textos constantemente.

3 de fevereiro de 2009

Complexo Mineirão-Mineirinho




Essas são fotos do projeto Mineirão-Mineirinho, para a Copa de 2014. Pelo projeto, o Mineirão terá capacidade para 69.950 pessoas assentadas. O Ginásio Mineirinho passará a ser um espaço multiuso. O Estado tem até 31 de dezembro para informar ao comitê organizador da Copa do Mundo, o nome dos investidores privados. O estádio será fechado no final deste ano e as obras estão previstas para começar até 31 de janeiro de 2010. A entrega da obra tem que ocorrer até 31 de dezembro de 2012, prazo estipulado pela Fifa.

1 de fevereiro de 2009

Favoritismo no Mineiro

A goleada do Cruzeiro sobre o Social no Mineirão nesse domingo pelo elástico placar de 5 a 0 diante de quase 16 mil pagantes, com jogo transmitido pela TV aberta, deixou claro que o título de Campeão Mineiro deste ano tem um favorito disparado.

Nesse torneio sem graça, em que Cruzeiro e Atlético se revezam no primeiro lugar, com as exceções de praxe, só uma zebra tira do time celeste o bicampeonato. Com a ressalva de que a fórmula do mata-mata na segunda fase costuma beneficiar desempenhos pontuais, em que uma partida acaba prejudicando quem tem maior regularidade, talento e competência.

É esta a esperança que alimenta os outros onze competidores, Atlético incluído. Quem acompanhou o Cruzeiro nesse domingo contra o Social viu um massacre que só não foi refletido no placar porque a equipe de Adílson Batista se desinteressou pela partida, coisa normal quando há tamanha diferença de nível entre dois times dentro das quatro linhas. A ponto de o comandante celeste ter puxado a orelha de seu elenco, criticando “individualismos”. Mas, cá pra nós, todo mundo queria fazer seu golzinho.

Em alguns momentos, o jogo lembrou aqueles episódios de vida animal, em que o predador brinca com a presa antes de cravar-lhe os dentes. Foi 5 a 0, mas poderia ter sido de dez. Diferentemente do que houve no confronto entre Atlético e Tupi no sábado, quando o Galo deixou de marcar e cedeu o empate ao alvinegro de Juiz de Fora, o Cruzeiro brincou em campo. Não que tenha desrespeitado o Social. Ninguém fez firula, mas estava fácil demais. É claro que o time do Vale do Aço teve um jogador a menos desde os 21 minutos da primeira etapa, mas não foi isso que determinou a desenlace do confronto.

Não há como deixar de falar de Ramires. Craque. Se conseguir manter o nível e não embarcar no oba-oba da crônica esportiva, o meia levará o Cruzeiro ao podium de qualquer disputa – Libertadores, Brasileiro, o que vier. Isso se a administração do Cruzeiro não passá-lo no dinheiro.

Mas o grupo da Toca não é somente Ramires. O Cruzeiro tem um time. E vai ficar ainda mais qualificado com a vinda de Kleber. O presidente Zezé Perrela fez um movimento de mestre e deixou o elenco mais forte para encarar os adversários na Libertadores, a começar pelo Palmeiras de Luxemburgo, para onde o atacante poderia voltar.

Enfim. O desenrolar do Mineiro pode até revelar alguma surpresa da tal caixinha que alimenta as lendas do futebol. Mas eu não apostaria minhas fichas nisso.

Alexandre Freire é jornalista

Hora de atitude

Chegou a hora de o Atlético ter atitude em campo. A mesma atitude que revelam sua história, sua torcida, sua mística.

O empate contra o Tupi no sábado por 2 a 2 em Juiz de Fora foi muito ruim. Pelas circunstâncias, pelo fato de o time estar deixando uma primeira impressão sob o comando de Leão, pelo passado recente.

Perder uma enxurrada de gols quando o adversário dá sinais de fragilidade tem um custo alto atualmente. O Galo sentiu o peso dessa verdade ao deixar o Carijó da Zona da Mata arrancar a igualdade no placar na metade da segunda etapa.

Vejam o Corinthians em São Paulo, arrasando no campeonato paulista. Com Ronaldinho suando na retaguarda para fazer da volta à série A uma afirmação de que o Curingão continua sendo um dos maiores times do Brasil, vale dizer, do mundo.

Está cedo para cobranças para cima do Galo, dirão alguns. Não acho. Esse grupo de jogadores precisa entender a missão que carregam sobre os ombros. Não se trata apenas de reequilibrar o duelo regional, impondo ao Cruzeiro uma dose generosa de derrotas convincentes, não se trata de voltar a disputar títulos importantes, ocupando mídia e ganhando manchetes, não se trata de honrar uma tradição que não pode mais definhar: trata-se de respeitar o amor de um torcedor que não se abate e que põe um sentimento de fidelidade exemplar como escudo diante dos golpes seguidos contra sua auto-estima.

Está na hora de o time mostrar em campo atitude. Em uma palavra, é disso que o time precisa. É isso que mantém a camisa alvinegra tremulando.

Alexandre Freire é jornalista