4 de agosto de 2009

"Torcer contra" acirra rivalidades

A confiança do Cruzeirense era quase inabalável. E os bares, as ruas, os carros, as janelas se enchiam de azul a cada fase conquistada. Adeus Universidad de Chile, adeus São Paulo, adeus Grêmio, que venha o Estudiantes! Empate na primeira partida, então? Ah, é o tri da competição! Enquanto isso...

O Galo ia de vento em popa. Líder do Brasileirão, time entrosado, Mineirão lotado em qualquer partida. Tardelli neles!! Os mesmos vendedores de sinal que carregavam as bandeiras azuis passaram a oferecer as alvinegras. A boa fase celeste ganhou uma rival à altura: a confiança da torcida do Atlético. Estava armado o circo.

Aí veio o dia 12 de julho. O clássico. Há quem diga que não vale, porque o Cruzeiro poupou boa parte dos titulares e por isso perdeu o jogo. Mas, para Atleticano não importa. Venceu o rival e acabou com o tabu de doze jogos. Festa da massa alvinegra. Calma, diziam os cruzeirenses. A festa mesmo seria na quarta-feira, dia do jogo contra os argentinos.

Aí veio o dia 15 de julho. A grande final da Libertadores. E o fim dessa história todo mundo sabe. A dor dos Cruzeirenses foi incontrolável, enquanto os atleticanos comemoraram como se fossem eles os campeões. Quem não se lembra da cena dos torcedores do Estudiantes vibrando no dia seguinte com os alvinegros?

Aí começou um ritual que parece não ter fim. Pimenta nos olhos do rival é refresco e motivo de alegria a noite toda. Se é dia de jogo, não tem jeito: lá vem ela, a buzina. E nem precisa terminar a partida! Um gol, um jogador expulso, uma falta perigosa, qualquer indício de uma possível derrota já é suficiente para desencadear a gritaria, os fogos, as manifestações de toda natureza.

Torcer ganhou um sinônimo esquisito: desejar a derrota alheia. Claro que a vitória do próprio time faz bem, mas o que está lavando a alma é o tropeço do outro. Fazia tempo que essa rivalidade não chegava a um nível tão forte. Os ânimos exaltados estimulam a paixão pelo futebol. Mas esse clima tem um lado perigoso, que leva a um temor quanto ao próximo clássico local. Os torcedores estão preparados para um confronto saudável e seguro? Está previsto para 10 de outubro. Mas, independente do resultado, o que se espera é um comportamento nota 10 das torcidas.


Carol Delmazo em breve de volta no quadro "De Salto Alto"

Um comentário:

  1. Tem que ficar bem claro que a rivalidade tem que existir, mas em campo. Fora do campo tem que ter uma harmonia, segurança entre os torcedores.
    Mas, existem muitas pessoas que não estão preparadas para um confronto saudável e seguro.

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