Respeitar o próximo é uma premissa para convivermos em sociedade. Devemos evitar ofender moralmente as pessoas, agredir, ludibriar, enganar ou trapacear. E no jogo entre Brasil e Costa do Marfim tudo isso aconteceu.
Os marfinenses abusaram das faltas e não venham me falar de ingenuidade. Luís Fabiano usou a mão duas vezes e fez um gol irregular, Kaká fez cara de bom moço (que, geralmente, é), tentou agir como um malandro (que nunca foi) e foi expulso, Dunga esbravejou e xingou jogadores adversários e jornalistas.
Sobre o Kaká e os jogadores da Costa do Marfim, punições disciplinares serão suficientes. Quanto a Dunga, o problema é educação. E não é de hoje. O Capitão do tetra foi o único que agrediu o troféu conquistado. Enquanto Bellini (58), Mauro (62) e Carlos Alberto (70) beijaram a Jules Rimet, Dunga tratou de xingar a Copa do Mundo FIFA em 1994. Cafu pediu desculpas a ela e beijou-a em 2002.
No caso das mãos de Luís Fabiano, o imbróglio é ético. Não do atacante brasileiro. Afinal, “é do jogo”. Pelé enganou muitas vezes árbitros e auxiliares. Nilton Santos, na Copa de 62, contra a Espanha, fez falta dentro da área e conseguiu ludibriar o árbitro dando dois passos para fora dela. Maradona usou a “mão de Deus” para marcar contra a Inglaterra em 86. O mais recente caso foi o da classificação da França com uma ajudinha da mão de Henry, contra a Irlanda.
A ética também é deixada de lado quando, nós jornalistas, comentamos esses lances. Para muitos, Luís Fabiano fez um golaço e Maradona trapaceou. E há quem diga que esse é o charme do futebol.
Não, isso é um problema que a FIFA e a International Board precisam resolver. Afinal, o futebol deixou, a muito tempo, de ser apenas um entretenimento. O esporte envolve bilhões e a insistência em não utilizar recursos tecnológicos prejudica o espetáculo.
Cláudio Gomes é editor-chefe do Meio-de-Campo
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