Assim cantam, empolgados, os jovens madrilenhos nos arredores do Santiago Bernabeu, nas ruas, no metrô. Antes, durante e depois dos jogos da Espanha. E, cada dia que passa, mais gente de vermelho nas ruas, mais bandeiras nas janelas, mais vendedores ambulantes oferecendo faixas, pulseiras, bandeirinhas.
Mas demorou para que chegasse a esse ponto. No dia do primeiro jogo, lembro que parecia um dia comum. Era a tão esperada estreia de “La Roja” no mundial, como uma equipe vencedora da Eurocopa, a grande favorita e....nada. Pouquíssima gente vestida com as cores do país. Pouca animação. Foi uma decepção para mim, que esperava uma versão espanhola do Brasil em momentos “solenes” como o debut na Copa do Mundo. E essa falta de energia teve conseqüência: derrota para a Suiça, um balde de água fria.
Alguns amigos espanhóis me explicaram que vestir as cores do país e ser patriota ainda são coisas que muita gente relaciona diretamente com a extrema direita, ou que remetem à época da ditadura de Franco (1939-1975). E por isso não seria tão comum aqui como em outros países. Só que as novas gerações não compartilham essas referências. E estão mudando o cenário da capital espanhola a cada triunfo da seleção: passado o trauma do primeiro jogo, foi uma vitória atrás da outra.
Torço por eles! Posso até dizer que me emociona ver a cidade em ebulição. Agora, se o Brasil chega à final e a Espanha também, que eles me perdoem. Eu, sim, sou brasileira, como muito orgulho, e de vermelho só tenho o cabelo. Porque o resto, até o sangue, é verde e amarelo.
Carol Delmazo é jornalista e está participando do “Programa Balboa” em Madri.