6 de março de 2009

Superstição e futebol

O pensamento mágico, o religioso e o racional. A civilização inventou os três assim como criou um monte de coisas, entre elas o futebol.

Domingo agora, no Dia Internacional de Mulher, o Meio de Campo aborda superstição e futebol no quadro “De Salto Alto”. Refiro-me à data porque há convergências aí. A mulher sempre foi injustamente acusada de ser irracional pelos homens, ciosos do logos masculino como forma de manutenção de um certo tipo de poder.

O poder que, por exemplo, pôs George W. Bush na Casa Branca. Um negócio sem sentido chamado razão instrumental. Ou melhor, com algum sentido, mas sem humanidade, o que é a mesma coisa. Barack Obama é a volta dialética do processo. Sensibilidade e inteligência – pluralidade, alteridade, polifonia, tolerância, incerteza.

A mulher sempre representou tudo isso que repousa sobre a delicada linha unindo sensibilidade e inteligência. Por isso tem a ver que o quadro “De Salto Alto” se debruce sobre a superstição – essa tentativa de, como diz com poesia o antropólogo José Marcio Barros em entrevista a Fábio Pinel, fazer com que nosso desejo materialize-se em realidade.

Fazer figa, seguir rituais, fechar os olhos, voltar as costas para o mundo e centrar-se num ponto bem no fundo da alma, da consciência. É mais ou menos isso que o supersticioso faz quando pede ao mundo simbólico da cultura que lhe conceda essa graça, esse intento, esse desejo.

Aprendemos que o ser humano percorreu uma trilha histórica que leva do pensamento mágico ao pensamento racional, passando pela crença numa ordem divina. Aprendemos aos poucos que no fundo nunca abandonamos nenhum dos três, ainda que a maioria dos que abraçam a ciência como profissão acabe dando mais crédito aos ditames da razão. Mas qual?

Aprendemos a desconfiar, por exemplo, da razão que nos guia para os precipícios da crise econômica atual, que deixa nua a fragilidade de um sistema cheio de siglas – OMC, FMI, Fed – e despido de humanidade, uma construção sem afeto que ruiu em silêncio, deixando muito sofrimento em sua esteira.

Por isso o futebol e suas práticas, entre elas a superstição. Eu, no Mineirão, prefiro ficar de costas para o campo na hora do meu time bater um pênalti. Prefiro mirar nos olhos esperançosos da torcida o desenlace dos acontecimentos e aguardo na ruidosa manifestação de júbilo a confirmação de um desejo que parece justo só porque encontra lugar no coração. Verdadeiramente.

Entre o pensamento mágico, o religioso e a razão, o futebol nos faz sonhar com um mundo redondo que gira como a bola. Que quica, rebate, confunde, pega um efeito e corta em trajetórias poéticas o nosso imaginário coletivo. A expectativa interrompe-se brevemente quando ela finalmente descansa nas redes, embalando nossa fé de que amanhã será um novo dia. E que seremos felizes sob as cores do time do nosso coração, torcendo, acreditando e defendendo racionalmente que vamos vencer, mesmo que estejamos errados.

Alexandre Freire

2 comentários:

  1. anderson......!!!! Montes Claros...
    É brincadeira falar que o galo tá em melhor momento do que o cruzeiro....(rsrsrsr)....
    Só foi perde uma partida!!!! Isso nao existi,o cruzeiro é superior que o galo, isto vai ser mostrado na final do estadual, 2009.

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  2. As vezes nos torcedores ficamos sem entender
    o que realmente ADILSON quer dos jogadores.Como exemplo o jogador Ramires,
    que caiu seu rendimento, por que sua escalação
    ja não estava mais o jogador surpresa. A caracteristica do jogador é desarmar e correr
    rumo ao ataque. Nunca ele pode jogar dando as costa para os zagueiro. Não tem esta habilidade...Cuidado para não estragar Ramires e Fabricio... Ai dá...

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