“Para avançar na vaga geometria
O corredor
Na paralela do impossível, minha nega
No sentimento diagonal
Do homem-gol”
O Futebol (1989), Chico Buarque
Ele fez de novo. Marcou um gol improvável, mostrando que futebol é arte. Contra todas as previsões e os juízos rápidos (como o meu), ele nos relembra de que grandes craques nunca foram exemplo.
Pelé com suas opiniões políticas, Garrincha com seu comportamento boêmio... Não se trata de tentar estabelecer regularidades que deixem as coisas claras. Futebol é arte, e arte não é clara.
Claro, há o futebol-jogo, presa de quantas amarras. Mas o futebol-arte desafia nossos enquadramentos. Foi feito para os sentidos, não para o cérebro. Ronaldo, acima do peso, nos mostra isso de novo. Se tem fôlego, joga. Se não, joga também. A bola é seu, digamos, objeto. Faz dela o que quer. Ou quase, porque ela não é coisa de se entregar a ninguém.
Corinthians 2 x 1 São Caetano. De virada. Ele de novo, no fim do jogo, com precisão, mostrando um artilheiro e seu sentimento diagonal.
Alexandre Freire
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