23 de fevereiro de 2011

Raimundinho


Raimundinho era o craque do Carijó Futebol Clube, da pequena cidade de Esmeralda. Camisa 10 habilidoso, de toque fácil, força física, bela visão de jogo e mau na hora que precisava. Era o terror dos adversários e das torcidas adversárias, que o xingavam todo jogo. Ele nem ligava, respondia com gols. Raimundinho era apaixonado por Dalva, a mulher mais bonita e desejada da cidade. Antes de toda partida, Dalvinha, como era conhecida, ia até o vestiário dar um beijo de boa sorte em Raimundinho. Era batata, gol na certa ou melhor em campo. Disso ninguém duvidava.

Mas, na última partida do campeonato regional, Dalvinha não apareceu. Raimundinho, apreensivo, não pode fazer nada. Aqueceu e entrou em campo. Lá do meio, antes de começar o jogo, avistou Dalvinha acompanhada do cartola do time adversário. Foi de partir o coração. Cinco a zero, cinco de Raimundinho, campeão. Acabou com o jogo, e no dia seguinte, com a carreira.


Andre Fidusi é convidado do Meio-de-Campo neste blog.


22 de fevereiro de 2011

Interesses por trás de títulos


“Pra mim não muda nada, pois sempre me considerei Campeão Brasileiro”. A frase foi dita por dois mágicos da bola: Tostão e Zico. Além de terem sido grandes jogadores e ídolos nos times em que jogaram, ambos sabem agir e se expressar.

No final do ano passado, o ex-craque cruzeirense não estava nem aí para o reconhecimento da CBF para o título da Taça Brasil de 1966 e, inclusive, não compareceu à festa concedida pelo Cruzeiro aos jogadores da época.

Agora, com o “decreto de lei” do título Brasileiro de 1987 para Flamengo e Sport, o Galinho acompanhou o pensamento racional de Tostão e afirmou que a “canetada” de Ricardo Teixeira não mudará em nada sua vida. Zico e Tostão estão certos. Quem foi campeão sabe da importância do título independentemente do reconhecimento de alguém.

A consideração dos títulos antigos reflete a total falta de credibilidade do mandatário-mor da CBF. Há anos, RT (atenção tuiteiros: significa Ricardo Teixeira) negou reconhecer como Campeonato Brasileiro os títulos do torneio Roberto Gomes Pedrosa e da Taça Brasil, assim como o Flamengo ser, ao lado do Sport, o Campeão Brasileiro de 1987.

De um dia para o outro resolveu acatar os títulos de 1959 a 1970 como Brasileirão para abafar escândalos envolvendo seu nome na Fifa, mas insistia em negar o reconhecimento do Fla campeão da Taça (des)União de 87. Porém, novos interesses fizeram RT voltar atrás e dar o título ao Mengão. O interesse maior é rachar o Clube dos 13, que inclusive já tentou, sem sucesso, criar uma Liga de Futebol independente da entidade de Teixeira.

Esse é o sujeito que comanda a (des)organização da próxima Copa do Mundo. Se a CBF também fosse responsável pelo Mundial de 2014, correríamos o risco de a seleção campeã só ser reconhecida daqui a trinta anos... mas, claro, se fosse de interesse dela.
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Fábio Rocha é convidado no Blog do Meio-de-Campo

21 de fevereiro de 2011

Vergonha!




Pelé foi “infeliz” ao dizer na semana que passou: “o Brasil está correndo o risco de envergonhar a gente”. Ele se referia à estrutura e às obras para a Copa do Mundo de 2014. Obras atrasadas, aeroportos em completo caos! Infeliz, pois o Brasil já nos faz passar vergonha.

Não bastasse estar com cronograma desatualizado, na rodada de abertura da Copa do Brasil, vimos um policial sacar uma arma e atirar no meio de uma arquibancada. Todo ano presenciamos vândalos travestidos de torcedores tirarem vidas. Já caiu na vala comum cartolas sem compromisso com o patrimônio maior de um clube: a torcida. O “país da Copa” não respeita!

Na partida entre Guarani de Divinópolis e Atlético, a imprensa teve que trabalhar em uma laje. Nada que denigra a imagem da cidade ou dos veículos que lá estiveram. Mas, que vai na contra mão do que diz o site do clube “a diretoria trabalha para aumentar a capacidade do Farião e melhorar a infra-estrutura do estádio”. Não foi o que se viu. E para aqueles que se comprometeram receber a imprensa de forma decente, que fiquem longe da organização de qualquer coisa relacionada ao futebol. Nesse ramo, já há incapacidade suficiente.

João Paulo Ribeiro é produtor do Meio-de-Campo.

16 de fevereiro de 2011

Clichê Futebol Clube

Se você pensa que o jogo de futebol se restringe apenas a uma bola, vinte dois jogadores, um juiz e dois bandeirinhas (árbitro e assistentes como queiram), está muito enganado. A arte do nosso esporte bretão vai além da correria em campo. Ela começa antes da pelota rolar e segue depois do apito final. Tudo aquilo que você vê, ouve ou sente, nem sempre é realmente aquilo que você vê, ouve ou sente, ou ainda, tudo aquilo que você vê, ouve ou sente, é aquilo mesmo que você vê, ouve ou sente, só que de uma outra forma. Calma, não estou te enrolando! Dá uma olhada nisso aqui:




Imprensa

“Bola pro mato que o jogo é de campeonato”: Momento de desespero! Seu time está todo recuado sofrendo uma pressão terrível. Nessa hora é bicudo para onde o nariz aponta (Se estiver apontado para o seu próprio gol... aí, meu filho, se vira...).

“O jogador estava completamente impedido”: Ora, ora, ora, vejamos, tem jeito de estar parcialmente impedido? Impedido pela metade?

“A bola entrou na forquilha”: O que diabos é forquilha*?

“Feliz com o gol?”: Não, está triste, foi gol contra...




Dirigentes

“O técnico está prestigiado”: Cuidado, perigo, alerta! Essa frase quer dizer exatamente o contrário. Se você é técnico e ouviu algum dirigente do seu clube falando isso, pode começar a arrumar as malas.

“Amanhã vamos nos reunir com o conselho”: O time está mal das pernas e você precisa dar uma satisfação à torcida.

“Vou morrer abraçado com o treinador”: Nunca diga isso! Nem de brincadeira.




Só sei que nada sei

“Estou sabendo através da imprensa”: É, já está vendido.

“Até agora só houve um contato com meu empresário”: É, já está vendido.

“Ainda não tem nada certo”: É, já está vendido.

“Eu mesmo não sei de nada”: Mentiroso. Já está vendido.

“Vou cumprir meu contrato até o final”: O que você está fazendo aqui ainda?




Explicando o inexplicável

“Eu fui infeliz no lance”: Jeito sutil de dizer que você falhou feio e seu time perdeu por causa daquele lance.

“É um jogo de 180 minutos e temos condições de reverter o placar”: Seu time levou aquela goleada e você ainda fica iludindo a torcida.

“Quem não faz leva”: Essa é clássica. Seu time perdeu um monte de gols e, no finalzinho, levou um e perdeu o jogo. Ou seja, incompetência.

“Pênalti é loteria”: Loteria coisa nenhuma. Quem mandou não treinar?

“Só erra quem tá lá”: Você perdeu cada gol feito e ainda quer tentar justificar.

“Levamos um gol de bola parada”: Bola parada? Só se for na foto.




Jogo é jogado

“Temos que respeitar o adversário”: Seu time vai enfrentar o lanterna, mas você não pode falar que vai ser fácil.

“Eles têm uma grande equipe”: Nessa hora todo mundo tem uma grande equipe, até o Íbis.

“Esse gol eu dedico para esta torcida maravilhosa”: No jogo passado você foi o pior do time e agora você fez o gol da vitória. Parabéns. É bom mesmo fazer uma média com a torcida.



* Forquilha: [Do esp. horquilla.]


S. f.

1. Pequeno forcado de três pontas. 2. Vara bifurcada na qual descansa o braço do andor; descanso. 3. Pau ou tronco bifurcado. 4. Cabide para dependurar qualquer coisa. 5. Bras. Gír. de gat. Denominação dos dedos médio e indicador, usados na punga. 6. Bras. Gír. Longa vara, aforquilhada numa das extremidades, que serve para impulsionar a canoa, tomando-se um ponto de apoio na margem do rio. 7. Bras. RS Sinal que se faz na orelha do gado, como marca.


Andre Fidusi é convidado do Meio-de-Campo neste blog.

Parabéns para poucos



Hoje é dia do repórter! Deveria ser o dia de todos os jornalistas, afinal é do nosso ofício recolher informações e divulgá-las nos meios de comunicação. Mas o profissional que está na rua tem a peculiaridade de captar em loco a notícia e dar sua versão dos fatos.

Em matérias especiais a ajuda da produção é fundamental. Dados, números, curiosidades que serão explorados pelo repórter estão na pauta que foi elaborada depois de um trabalho minucioso de pesquisa e apuração. Cabe ao repórter utiliza-los da melhor forma e encaminhar a matéria conforme a orientação.

No noticiário esportivo é prática comum a reportagem acompanhar treinos de futebol sem pautas. Cabe ao repórter definir o foco e a estrutura a ser utilizada nas matérias. Como as entrevistas com jogadores e técnico são coletivas, a banalidade tomou conta das perguntas e respostas no dia-a-dia. Isso é mais cômodo e os “profissionais” que temem levar um “furo” se escondem de uma falsa proteção de estarem fazendo uma cobertura completa. Resultado: matérias similares (pra não dizer idênticas) nas TVs, jornais e sites.

Até aí, vá lá! Mas quando chegamos para fazer uma matéria produzida e um “colega” literalmente “chupa” a pauta, sem citar a fonte, o limite da ética é quebrado. E pasmem quem acha que isso é raro.

Aqui no Meio-de-Campo fazemos questão de buscar a originalidade e o diferencial. Muitas vezes a pauta que produzimos durante a semana é destaque em outros meios, sem qualquer citação do programa, produtor ou repórter, nem por isso desanimamos. Afinal o repórter (jornalista) que não sabe perguntar em coletivas dificilmente sabe concatenar idéias e transforma-las em matérias de qualidade. Semana passada, por exemplo, um desses “colegas” errou até mesmo nos dados que perguntou ao nosso repórter.

Por causa disso tudo, os parabéns hoje vão para poucos, mas verdadeiros repórteres.
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Cláudio Gomes é editor-chefe do Meio-de-Campo

11 de fevereiro de 2011

Eu voltei ... mas não para ficar!

Foto Site UOL



Acabou a lua-de-mel! Depois da eliminação para o Tolima, na pré-Libertadores, a torcida baixou o sarrafo. Atos de violência, condenáveis, marcaram a semana pós-desclassificação. Nem a vitória sobre o rival Palmeiras acalmou os ânimos do enfurecido torcedor corintiano.


Ronaldo, maior contratação do clube, pensou em antecipar a aposentadoria, marcada para o final do ano. Voltou atrás e escreveu no twitter que não iria dar esse gostinho a torcedores que ele classificou de vândalos. Chicão deu a receita para que a paz volte a reinar no Parque São Jorge: títulos.


Mas Roberto Carlos parece não estar disposto a esperar por eles. Amedrontado e dizendo que a família não se sente mais segura, pode ter como destino Rússia ou Estados Unidos. O lateral percebeu que, ao contrário dos versos do xará famoso, “tudo NÃO estava igual como era antes.”


Por isso, Roberto Carlos está abrindo “O Portão” do Parque São Jorge e, mais uma vez, contrariando a música, vai cantando “Eu voltei, mas não para ficar, porque aqui não é o meu lugar!”


Luciano Moreira é apresentador do Meio de Campo.

Matadores do Clássico Mineiro


Não é qualquer atacante que recebe o apelido de matador, mas existem jogadores que conseguem manter essa escrita nos jogos mais complicados de um campeonato, os chamados clássicos. Nesse sábado, mais uma página será escrita nos 90 anos do jogo mais disputado e importante de Minas Gerais: Atlético e Cruzeiro.

Recentemente, Wellington Paulista decidiu dois clássicos a favor do Cruzeiro. Nas duas oportunidades, o time celeste venceu pelo placar de 1x0 e o atacante ganhou a fama merecida de matador e o temor da torcida atleticana.

Mais recente é a história de Obina, que deixou o Atlético neste ano para defender um time chinês. No ano passado, fez a torcida cruzeirense sofrer ao marcar três gols no clássico. O jogo terminou em 4x3 para o time alvinegro e o Cruzeiro viu seu caminho para o título brasileiro ficar mais difícil.

Mas fiquem atentos a um jogador! Magno Alves, quando ainda atuava pelo Fluminense, fez gols em nove clássicos cariocas e só perdeu um desses jogos. Com certeza, é um matador em potencial desse tipo de partida e merece atenção da zaga cruzeirense.

Clássico que se preze tem de ter bola na rede. Nesse sábado temos tudo para soltar o grito de gol várias vezes, afinal, Wellington Paulista e Magno Alves estarão em campo. E, se eles não resolverem, candidatos a matador não vão faltar.

Marlon Neves é estagiário do Meio-de-Campo

9 de fevereiro de 2011

Aquele gol

Seu time havia perdido o título. Um campeonato que era dado como certo. O trabalho, a dedicação e o empenho. Foi tudo por água abaixo! Ele, o camisa nove da equipe, capitão, jogador experiente, no auge da carreira, não aceitava a derrota. Resolveu sair de casa e ir ao bar da frente beber e tentar esquecer a tragédia, afinal, já havia uma semana que não saía do apartamento.

Foi entrando, sentou-se no balcão mesmo, e sem cerimônia, pediu:

- Manda um duplo, cowboy.

O barman encheu o copo, deixou cair a choradinha que mais parecia um pranto descontrolado e voltou ao trabalho. Mas antes que se virasse, ouviu:

- Manda outro...

Surpreso, mas sem esboçar tal reação, serviu o que o cliente pedira. Lá pela quarta dose, um outro homem sentou-se ao seu lado:

- Esse mundo é cruel, hein camarada?

Ao virar-se para o lado, o espanto: O sujeito era igualzinho a ele, sem tirar nem pôr, “cuspido e escarrado”. A diferença era que estava muito mais bem vestido e com uma cara ótima.

- Quem é você?!? – Perguntou meio abobalhado.

- Calma meu amigo, achei que você me reconheceria.

- Você se parece muito comigo, mas... sei lá... eu já bebi muito...

- Vou te explicar – disse o sujeito – Eu sou você se tivesse sido campeão.

- O quê? Como assim? Não estou entendendo...

- É isso, se você tivesse sido campeão semana passada, você seria eu.

- Mas eu não fui... perdemos...

- Eu sei. Por isso que eu não sou você.

- O jogo foi difícil...

- Era só chamar a responsabilidade pra você, quer dizer, pra mim, que daria tudo certo!

- Mas eu tentei.

- Tentou nada! Porque você tocou aquela bola paro o ponta? Lembra? Era só cortar pro meio e bater!

- Mas ele estava mais bem colocado.

- Não interessa! Você sabe onde ele dormiu na véspera da partida?

- Como assim? Na concentração...

- Ai, como eu sou besta, quer dizer, como você é besta! Só se foi na concentração do bordel, cheio de mulher pelada correndo de um lado para o outro.

- Putz! Então foi por isso que ele nem alcançou a bola...

- Pois é, se você tivesse marcado aquele gol tudo seria diferente.

- Diferente como?

- Seríamos campeões, só pra começar. Você teria sido o artilheiro da competição!

- É, mas eu não fui...

- Disso eu sei! A imprensa no seu encalço, entrevistas nas rádios, TVs, jornais. Você seria o herói!

- Ah não, porque eu não chutei aquela bola???? – Disse quase chorando.

- Na quarta-feira, encontro com os dirigentes do Barcelona. Sabe o Barcelona? É, o Barça. Contrato milionário, o maior do futebol brasileiro, um dos maiores salários da Europa. Tem noção?

- Ahhhhhhhhhhhhhhhh! Era só cortar pro meio...

- Na primeira temporada na Espanha, campeão e artilharia disparada. Tá achando pouco? Ainda tem o contrato de publicidade com aquela marca famosa, uma fortuna!

- Nããããããããão.... ponta filho da p... eu achei que ele tava melhor colocado...

- Depois desse sucesso, a titularidade na seleção brasileira foi questão de tempo.

- Eu fui pra Copa?

- Você não, eu fui!

- Não, não, não – disse de cabeça baixa e socando o balcão – eu tava de frente pro gol...

- Agora cê guenta! Na final nós pegamos a Argentina! Que jogo! Três a um pro Brasil, de virada. Advinha quem fez os três gols?

- Eu! – exclamou.

- Não, eu! E o último foi de bicicleta! Eu jogo muito mesmo! E no final do ano ainda fui eleito o melhor jogador do mundo.

- Para, pelo amor de Deus, para – dizia desesperadamente – Eu não quero saber de mais nada!

Nessa hora, um monumento de mulher entra no bar. Loira, olhos azuis, coxas torneadas, seios fartos, vestido preto e salto alto. Ela para ao lado do homem feliz e bem vestido e diz:

- Vamos meu bem?

Admirado com tamanha beleza, nosso amigo, que estava em prantos afogado no seu whisky, indaga:

- Peraí!!! Você não me falou dela!!!!!!

- Pra que? – Disse o homem – Você tocou a bola pro ponta.


Andre Fidusi é convidado do Meio-de-Campo neste blog.