2 de janeiro de 2009

Feliz aniversário, Cruzeiro!


No primeiro dia útil do Ano Novo, quando as pessoas renovam os votos de esperança para a próxima temporada, o Cruzeiro Esporte Clube completa mais um ano na história do futebol. No início dos anos 1920, os imigrantes italianos em Belo Horizonte, animados com o crescimento do futebol em todo o mundo, mas sem espaço nos clubes da cidade, resolveram fundar uma equipe para integrar toda a colônia. Assim, no dia 2 de janeiro de 1921, nascia a "Societá Sportiva Palestra Itália", pelas mãos dos trabalhadores que chegaram ainda durante a construção de Belo Horizonte. Em 1942 o governo brasileiro proibiu o uso de nomes referentes a adversários na 2ª Guerra, e o Palestra se tornou Cruzeiro, uma alusão ao cruzeiro do sul, um dos símbolos do Brasil.

As conquistas que o clube alcançaria, entretanto, o fariam ultrapassar os limites do país para inscrever o nome do Cruzeiro nas páginas heróicas e imortais das Américas e, porque não, do mundo inteiro. Com a paixão pela camisa celeste – que, como observou certa vez Tostão, tem o mesmo peso da camisa da seleção brasileira-, estrelas do futebol mundial ajudaram – e ajudam – a construir as memórias de um dos clubes mais vitoriosos de todos os tempos. Sem nenhum exagero.

E que o apelido de China Azul não deixe dúvidas quanto ao tamanho e o ao amor incondicional de sua torcida exigente, acostumada a comemorar e a lotar os estádios. 132 mil cruzeirenses na final do Mineiro de 97 – de longe o maior público que o Mineirão já presenciou – e o recorde mundial de média de público em um só campeonato – 75 mil por jogo na Supercopa de 92 – são fatos que só complementam a sua grandeza, mas que não impressionam tanto o torcedor, em vista dos títulos que a Nação Azul já conquistou. Pode não ser a mais querida pela imprensa (até por não ser do eixo Rio-SP) e por isso não receber algumas regalias, como áudio aberto na arquibancada para parecer para a TV que o público é maior. Mas deixa, Cruzeiro. Apenas estratégias de times que você vai deixar pelo caminho. Olha a cidade tomada de azul para comprovar a sua população. A sua China.

Com a aprovação de um projeto de lei no ano passado, hoje também é o dia do Cruzeiro e do cruzeirense. Apenas uma formalidade para o calendário. Dia do cruzeirense é todo dia, dias de treinos e dias de jogo, em que a bola encontra o fundo das redes, a mão suada do capitão encontra mais uma taça no estádio lotado e a torcida tem a certeza de mais uma vitória que pára a cidade para comemorar.

Sempre é dia de escolher a camisa para homenagear o time, e se divertir com a dúvida de vestir o uniforme de acordo com o título que determinado modelo conquistou. As estrelas soltas da Taça Brasil de 66 e Libertadores 76 ou o escudo da terceira Copa do Brasil, de 2000? O azul mais claro da primeira Copa do Brasil, de 93, ou a cor celeste forte, defendida na Tríplice Coroa de 2003? A camisa com detalhes nas mangas, da Libertadores de 97 ou a verde, vermelha e branca dos imigrantes italianos que fundaram o Palestra em 1921?

Dúvidas que poucos clubes no Brasil podem ter e que mexem com o coração celeste ao relembrar a força e a emoção de cada conquista. Mas, se nenhuma camisa estrelada estiver ao alcance, basta virar os olhos para o céu, em qualquer ponto do planeta no hemisfério sul, e lá estará o símbolo inconfundível deste time, que brilha com destaque entre milhões de constelações. Mesmo em dias de tempestade, quando o Cruzeiro paira acima das nuvens, no infinito, e deixa que a água lave nossa humanidade.

Enzo Menezes é jornalista
(Reprodução da primeira camisa do Cruzeiro, então Palestra, segundo o site do clube)

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