Lucas Leão trabalha na assessoria de imprensa da Rede Minas
30 de janeiro de 2009
Campeonato Mineiro 2009
Lucas Leão trabalha na assessoria de imprensa da Rede Minas
27 de janeiro de 2009
Será que vi outro jogo?
Jornalistas dos principais jornais mineiros não gostaram do clássico que marcou o começo do Campeonato Mineiro 2009. “FALTOU TUDO”, gritou o jornal O Tempo. “CLÁSSICO FEIO”, acrescentou o Hoje em Dia. Em letras garrafais, o Estado de Minas cravou: “CLÁSSICO RUIM”.
Sou obrigado a discordar dos três. Será que vi outro jogo?
Bem, o jogo terminou zero a zero. Mas tanto o América quanto o Atlético tiveram suas chances de gol. O Atlético teve mais, o América a melhor: Ao sair jogando, o Goleiro Juninho acerta Bruno Mineiro, ele recupera a bola e consegue chutar para o gol vazio, aí aparece Leandro Almeida para tirar em cima da linha. Foi um lance espetacular.
Feio, ruim, faltou tudo? Acho que não. Talvez tenha faltado um pouco de boa vontade aos jornalistas...
26 de janeiro de 2009
Brasil x Itália
Goleiros
Julio César - Internazionale
Doni - Roma
Laterais
Maicon - Internazionale
Daniel Alves - Barcelona
Adriano - Sevilla
Marcelo - Real Madrid
Zagueiros
Lúcio - Bayern de Munique
Juan - Roma
Luisão - Benfica
Thiago Silva - Milan
Meias
Gilberto Silva - Panathinaikos
Elano - Manchester City
Anderson - Manchester United
Josué - Wolfsburg
Ronaldinho Gaúcho - Milan
Julio Baptista - Roma
Felipe Melo - Fiorentina
Kaká - Milan
Atacantes
Robinho - Manchester City
Luís Fabiano - Sevilla
Alexandre Pato - Milan
Adriano - Internazionale
Algumas considerações:
- Adriano ganhou de presente mais uma convocação. Voltou bem ao time da Inter de Milão. Só que a cabeça continua ruim. Acaba de ser suspenso por agredir um jogador na partida do último domingo, pelo campeonato italiano. Fica para avaliação do torcedor.
- Anderson está machucado. Alguém avise ao Dunga, por favor.
- São onze os jogadores convocados que jogam na Itália. Seria uma tentativa de fazer um amistoso, bem amistoso. Quem sabe não rola até um churrasco depois, com o Adriano comandando a festa!
-Acabei de ler que Felipe Melo não acreditou na convocação. Nem eu!
João Paulo Ribeiro
23 de janeiro de 2009
Saia justa na Toca
O grupo celeste já conta com um batalhão de atacantes que certamente passarão por uma avaliação do técnico Adílson e da diretoria para saber quais deles deixarão o clube no segundo semestre. Será que cabe mais um? Um que faça a diferença, talvez.
Wellington Paulista, o grande investimento recente, e Guilherme, a “mina de ouro”, são intocáveis. O segundo desde que não seja vendido nesta janela européia, claro. Mas o mesmo não acontece com Rômulo, Thiago Ribeiro, Wanderlei, Jael, Soares e Alessandro. Para um time que joga no 4-4-2, como gosta o Adílson, cinco atacantes são mais que suficientes para a temporada inteira. O mesmo acontece em relação aos zagueiros. O próprio Adílson já fez esta análise diante dos microfones.
Se o Fred chegasse, seriam nove atacantes para duas vagas. Fred ostenta o status de ídolo e isso é realmente um trunfo para quem quer iniciar uma negociação de valores, principalmente em tempos de crise. O presidente Zezé Perrela publicou uma nota no site oficial do Cruzeiro (http://www.cruzeiro.com.br/?section=noticias&idn=4207) afirmando que não mediria esforços para trazer Fred caso o atacante possa mesmo acertar com um clube brasileiro.
Ficou subentendido nas palavras do presidente o forte temor de perder o apoio do maior aliado que tem hoje em seu início de mandato: a torcida. O cruzeirense já deve ter imaginado o Fred fazendo um gol no Fábio jogando pelo Palmeiras em um mata-mata pela Libertadores. O Zezé também. Ele sabe que essa hipótese pode vir a se tornar um pesadelo. Então é melhor que ele se esforce mesmo para contratar o ídolo, antes que venha outro mais “esperto”.
Torneio Verão
Até quando pode valer a pena deslocar uma equipe profissional de futebol para outro país em plena pré-temporada para fazer amistosos de luxo? Por incrível que pareça, o Torneio Verão foi produtivo.
O experiente Leão conseguiu começar a corrigir de um jogo para outro uma série de defeitos que sua equipe apresentava. Para o Cruzeiro o torneio valeu não só pelo título, mas também para o Adílson ganhar mais confiança em uma equipe que parece que vai “voar” na temporada, entrosada e com um preparo físico privilegiado.
Quem quiser apostar no sucesso dos mineiros, já pode colocar as fichas sobre a mesa.
Cyro Gonçalves é jornalista da Rede Minas
21 de janeiro de 2009
O Torneio de Verão é boa idéia?
Se formos levar em conta o entusiasmo dos técnicos, parece que a opinião não é muito favorável à iniciativa. Não me recordo de ter visto o técnico do Cruzeiro, Adílson Batista, se pronunciar a respeito, mas o comandante do Galo, Emerson Leão, criticou a competição em várias oportunidades, talvez porque tivesse uma missão muito mais difícil que a do colega rival, que traz um time meio pronto do ano passado.
Para o telespectador, a competição não passa de morna. Claro que é interessante assistir a clássicos logo no início da temporada, mas nem quem ganha, nem quem perde parece dar muita importância ao que vê, uma vez que falta de entrosamento, más condições dos atletas e certa desmotivação dentro das quatro linhas refletem-se no entusiasmo de torcedores de fora.
A mídia, que se encarrega de enquadrar os acontecimentos, atribuindo-lhes mais ou menos importância, em vários momentos se referiu ao Torneio de Verão no Uruguai como "treinos de luxo" para o Mineiro, a Copa do Brasil e a Libertadores, torneios que abrem o primeiro semestre.
As respostas às perguntas formuladas aqui terão de aguardar um pouco, uma vez que estarão refletidas nos rendimentos das equipes nas diversas competições. A partir de então devem merecer a atenção de quem administra o futebol. Se “torneios de verão” acabarem por prejudicar as pré-temporadas, cuja qualidade é determinante no desempenho adiante, precisam ser revistos. Caso contrário, são uma alternativa de conteúdo num momento em que o futebol fica por conta da garotada na Copa São Paulo.
Alexandre Freire
19 de janeiro de 2009
Cruzeiro arranca na frente
O confronto de sábado mostrou duas equipes um tanto desentrosadas, comportamento normal tendo em vista o início de temporada. O sistema com três zagueiros não funcionou no Galo, mas o ataque parece que pode engrenar ao longo da competição. Já torcedor cruzeirense saiu com uma idéia positiva e outra negativa: a positiva mostra que o elenco melhorou, a as alternativas no banco se qualificaram; a negativa é que a zaga continua preocupante.
O ano é longo, e essa foi apenas a primeira partida, mudanças irão ocorrer. A análise que se faz é que tanto Cruzeiro quanto Atlético fortificaram seus grupos, o que significa que possuem condições de fazerem um 2009 melhor do que 2008.
Jhonny Póvoa é estudante de Jornalismo e estagiário da equipe de Esportes
16 de janeiro de 2009
Clássico é clássico
O Cruzeiro anunciou nesta quarta a delegação que viaja com Adílson Batista. Três lances para nota: 1º) ausências de Fabrício e Guilherme – lesionados, Espinoza – que atrasou a apresentação por problemas pessoais e Jael – fora de forma (mais Jael logo abaixo); 2º) a confirmação de Sorin: mesmo ciente de que ainda não tem condições totais de jogo, o argentino viaja como líder da equipe, e pode desequilibrar mesmo começando no banco; 3º) a presença dos reforços, que serão testados pelo técnico.
Wellington Paulista, atacante que estava no Botafogo, é a promessa de gols para a temporada. Anotou 29 ao longo do ano passado, sendo artilheiro do Carioca e da Copa do Brasil. A torcida o recebeu com desconfiança, pois esperava um reforço de renome internacional para a Libertadores, mas logo deve se empolgar com o jogador. O homem de área que o Cruzeiro precisava.
Jancarlos chega para a lateral direita, setor dos improvisos em 2008. Teve boa passagem no Atlético/PR, mas ficou apagado no São Paulo. Chega para disputar com Jonathan. Leonardo Silva é zagueiro, estava no Vitória/BA e tem como ponto forte as bolas aéreas. Alessandro, revelado pelo América/MG, foi artilheiro no Ipatinga em 2007 e estava no Japão, mas ainda precisa mostrar futebol em times de ponta. Após bom começo no Fluminense, não se firmou no Vasco nem no Flamengo. É uma boa aposta para compor um elenco forte que disputa três competições no primeiro semestre. Todos estes jogadores viajam hoje para o torneio.
Jael é a incógnita. Dispensado pelo Atlético/MG em dezembro, foi oferecido ao Cruzeiro e já chegou fora de forma, tanto que não vai para o Uruguai. Será mais uma cartada do Perrella para tentar "furar o olho" do rival e negociar bem, no fim do ano, uma promessa dispensada do outro lado da lagoa? Ou teria sido apenas um mau negócio?
Cruzeiro e Atlético se enfrentam sábado, pela primeira vez, fora do Brasil. A motivação não será de final de campeonato, o entrosamento deve ficar devendo dos dois lados e o barulho da torcida será incomparável ao que estamos acostumados. Apesar disso, o futebol (ou os cronistas) gosta(m) de seus clichês: veremos se clássico, de fato, é clássico. Ainda que na pré-temporada em terras uruguaias
Enzo Menezes é jornalista
12 de janeiro de 2009
Galinho decepciona e sugere declínio
Minas segue representada pelo Cruzeiro, que há uma década é o principal time do Estado em conquistas, e pelo América, cuja tradição em formar jogadores nas categorias de base permanece como a tênue esperança de refundação do time alviverde – hoje sem nenhuma expressão nacional.
A massa ficou sabendo, pouco depois do apito final que mandou de volta para casa os jogadores do Atlético, que o presidente Alexandre Kalil demitiu técnico e preparador físico do Galinho. A decisão revela traços que preocupam a sofrida torcida alvinegra, que conhece de sobra histórias de bodes expiatórios, como a que exibimos sobre Silvestre no último programa do ano passado.
Digo isso porque demitir os dois funcionários imediatamente é apenas um gesto retórico. Afinal, a derrota humilhante ontem e a conseqüente desclassificação do Galinho – um time de tradição no torneio – foram inesperadas ou são corolários de incompetência administrativa? Como o exemplo do São Paulo revela claramente, títulos são produto de trabalho sério – planejamento, marketing inteligente, administração transparente.
Voltando ao campo, ficamos sabendo também que o infantil alvinegro caiu fora da Copa Votorantin hoje pela manhã, depois de perder para o Fluminense por 1 a 0. Como sempre, nos últimos anos, o Cruzeiro avança no mesmo torneio. Tudo isso enquanto o torcedor do Galo escuta que atualmente o clube dispõe de todas as condições para um bom trabalho com a meninada da base etc e tal. Será? A propósito, o que foi feito do Marcelo Oliveira, a quem o time tanto deve por bons trabalhos com a meninada?
Coincidentemente, um telespectador do “Meio de Campo” enviou-nos um email, que vamos estudar, reclamando do trabalho nas categorias de base do Atlético. Fala como pai de um garoto que sonha em se tornar um astro do esporte, como milhares de outros que se submetem às peneiradas (testes de habilidade), e como atleticano apaixonado, que não se conforma com a falta de grandes revelações no Galo.
Em 2008, no centenário do clube alvinegro, a torcida não teve o que comemorar. Kalil começou bem 2009, reacendendo a esperança dos atleticanos ao trazer um técnico de primeira linha e alguns reforços que parecem acertados.
Mas o Galo começou mal dentro das quatro linhas. Fez feio na Copa São Paulo. Vamos ver o que vem pela frente. O Torneio de Verão está aí.
Alexandre Freire
4 de janeiro de 2009
"Diabo Louro", identidade celeste e lições para o Galo
Entre aspectos anedóticos da Raposa de quarenta anos atrás, como a fama de bom prato de Piazza ou o jeito retraído de Tostão, e aspectos de uma vida menos glamourosa dos jogadores, que lavavam os próprios uniformes e se alimentavam de arroz-com-feijão básico, a fala de Natal toca em aspectos importantes da identidade do time celeste, cujos traços marcariam o percurso posterior do clube.
Como defende o professor e escritor Marcelino Rodrigues da Silva, pesquisador do futebol e dos discursos criados em torno do esporte, não é fácil descrever claramente os percursos que deram a Cruzeiro e Atlético as características de times de grandes torcidas. De maneira simplificada, contudo, poderíamos dizer – a partir das reflexões do especialista –, que o Galo se estrutura em torno de um eixo que combina tradição (time de famílias ligadas à construção de Belo Horizonte) e mudança (rápida passagem ao profissionalismo e à inclusão de jogadores negros).
Já o Cruzeiro se funda primeiro na matriz da imigração italiana para a infante capital – no Palestra Itália – e depois se abre aos contingentes da população que fizeram do trabalho o caminho para a ascensão social e expressão de uma identidade. Curioso é perceber que grandes torcidas celestes, como a China e Máfia Azul, trazem no nome referências ao estrangeiro.
De tal forma que podemos defender, quando falamos sobre a identidade de Atlético e Cruzeiro, e sempre correndo o risco que a simplificação do pensamento no âmbito de um texto para blog impõe, que o primeiro está mais próximo da tradição e o segundo da modernização.
Natal, na entrevista, lembrando sua época de jogador sob a administração modernizadora de Felício Brandi, reforça essa hipótese. Brandi cuidou dos interesses do Cruzeiro olhando para frente e assumindo riscos para formar um time de expressão nacional. Nessa construção, valores mais racionais, ligados ao trabalho duro, ao sacrifício para investir, ao espírito de equipe, ajudam a explicar o fato de o Cruzeiro ser mais bem-sucedido que o rival alvinegro em termos objetivos – conquistas, títulos.
O “Diabo Louro”(como ficou conhecido o ponta cruzeirense por seus cortes rápidos em direção ao gol adversário), ao prestar homenagem ao profissionalismo emergente dos jogadores de seu tempo no clube celeste, nos leva a entender um pouco mais da lógica que explica o time da Toca.
Isso também ajuda a pensar que cabe ao Galo perseguir uma administração eficiente, com trabalho e sacrifícios, para voltar efetivamente a fazer parte do primeiro escalão do futebol brasileiro. Os velhos bordões alvinegros de tradição, raça e torcida apaixonada já se esgotaram como elementos capazes de garantir títulos. E, sem esses, o clube centenário só verá aumentar sua distância para o rival, que em doze anos atingirá a prestigiosa marca de existência.
O futebol, ao contrário do que imagina muita gente – sempre convém repetir – não é um esporte como outro qualquer. Da Sociologia à Propaganda, da Psicologia à Poesia, da Ética à Política, os tais vinte-e-dois jogadores correndo atrás de uma bola levantam – além de poeira – hipóteses para entender melhor o que somos e por que esse esporte sempre falará de vida e paixão.
Alexandre Freire é jornalista
2 de janeiro de 2009
88 anos e saudades de Felício Brandi
Isso porque, por trás deles, existe um mentor – de nome José Francisco Lemos Filho –, que não pode ser apontado como um dirigente de visão. Explico a razão.
Quando eu e meu pai, Plínio Barreto, preparávamos material para escrever o livro “De Palestra a Cruzeiro, uma Trajetória de Glórias”, entrevistamos o Lemos para fazer parte dessa história tão bela e vencedora. O que mais me impressionou naquele papo foi a afirmação de que “para o Cruzeiro, ser campeão era sempre uma agonia, pois representava despesas e mais despesas”. Quer dizer, fazer um time campeão fica muito caro. Esse era o pensamento de pessoas influentes na direção do Cruzeiro, então um simples clube do Barro Preto.
O quadro começou a mudar quando um torcedor de nome Felício Brandi deu início ao trabalho como diretor de futebol. Homem de visão avançada para a época – anos 50 –, imaginava um Cruzeiro tão forte quanto os maiores do Brasil. E, é claro, tinha oposição ferrenha do grupo então comandado por José Francisco Lemos Filho. Era chamado de visionário, louco. Lemos foi uma das principais vozes contra a compra do sítio que se transformaria na Toca da Raposa. Pois Brandi não se deixou abater, com o próprio dinheiro comprou a propriedade e iniciou a construção daquela que seria a melhor concentração do futebol brasileiro e, porque não dizer, do mundo.
Sob a direção de Felício Brandi, o Cruzeiro passou a ser um dos grandes do futebol brasileiro e mundial. Foi a visão dele e a mania de pensar grande que fizeram o clube ser vencedor nas décadas de 1960 e 70. Campeão Brasileiro em 1966 depois de derrotar o poderoso Santos de Pelé, campeão da Libertadores em 1976, nove títulos mineiros. Nos times formados, despontavam jogadores que sempre eram lembrados para a Seleção Brasileira: Tostão, Dirceu Lopes, Piazza, Zé Carlos, Evaldo, Procópio, Nelinho, Joãozinho, Raul e muitos outros. Começava ali a arrancada.
Retornei no tempo para explicar o porquê do meu pessimismo. Os atuais administradores abandonaram a máxima de que time campeão tem que ter craques, jogadores que desequilibram e, por isso mesmo, caros. Zezé Perrella e Alvimar de Oliveira Costa, que se despediu da presidência no ano passado, assumiram mesmo o pensamento dos anos 50 do século passado – montar um time barato e de desconhecidos. Assim, podem revelar algum “gato pingado”, auferir lucros, não ter que pagar prêmios pelos títulos e manter o clube com caixa alto. Só não sei para quê? Talvez algum dia alguém possa me dizer de que adianta um clube ter dinheiro e não montar um time forte.
É isso. Parabéns ao Cruzeiro pelos 88 anos. E que as cinco estrelas – que agora “eles” tentam fechar de novo neste círculo de altíssimo mau gosto, figura geométrica que havia sido riscada da gloriosa camisa por Felício Brandi – possam iluminar a cabeça do presidente Zezé Perrella, que ele volte a ser aquele dirigente audacioso que assumiu pela primeira vez em 1995. Que Perrella se afaste das idéias atrasadas de quem ainda vive nos anos 50 do século XX e faça de novo a alegria do torcedor, conquistando títulos importantes. Ser campeão mineiro não basta mais para nós, cruzeirenses.
Luiz Otávio Tropia Barreto é jornalista da Rede Minas.
Feliz aniversário, Cruzeiro!
As conquistas que o clube alcançaria, entretanto, o fariam ultrapassar os limites do país para inscrever o nome do Cruzeiro nas páginas heróicas e imortais das Américas e, porque não, do mundo inteiro. Com a paixão pela camisa celeste – que, como observou certa vez Tostão, tem o mesmo peso da camisa da seleção brasileira-, estrelas do futebol mundial ajudaram – e ajudam – a construir as memórias de um dos clubes mais vitoriosos de todos os tempos. Sem nenhum exagero.
E que o apelido de China Azul não deixe dúvidas quanto ao tamanho e o ao amor incondicional de sua torcida exigente, acostumada a comemorar e a lotar os estádios. 132 mil cruzeirenses na final do Mineiro de 97 – de longe o maior público que o Mineirão já presenciou – e o recorde mundial de média de público em um só campeonato – 75 mil por jogo na Supercopa de 92 – são fatos que só complementam a sua grandeza, mas que não impressionam tanto o torcedor, em vista dos títulos que a Nação Azul já conquistou. Pode não ser a mais querida pela imprensa (até por não ser do eixo Rio-SP) e por isso não receber algumas regalias, como áudio aberto na arquibancada para parecer para a TV que o público é maior. Mas deixa, Cruzeiro. Apenas estratégias de times que você vai deixar pelo caminho. Olha a cidade tomada de azul para comprovar a sua população. A sua China.
Com a aprovação de um projeto de lei no ano passado, hoje também é o dia do Cruzeiro e do cruzeirense. Apenas uma formalidade para o calendário. Dia do cruzeirense é todo dia, dias de treinos e dias de jogo, em que a bola encontra o fundo das redes, a mão suada do capitão encontra mais uma taça no estádio lotado e a torcida tem a certeza de mais uma vitória que pára a cidade para comemorar.
Sempre é dia de escolher a camisa para homenagear o time, e se divertir com a dúvida de vestir o uniforme de acordo com o título que determinado modelo conquistou. As estrelas soltas da Taça Brasil de 66 e Libertadores 76 ou o escudo da terceira Copa do Brasil, de 2000? O azul mais claro da primeira Copa do Brasil, de 93, ou a cor celeste forte, defendida na Tríplice Coroa de 2003? A camisa com detalhes nas mangas, da Libertadores de 97 ou a verde, vermelha e branca dos imigrantes italianos que fundaram o Palestra em 1921?
Dúvidas que poucos clubes no Brasil podem ter e que mexem com o coração celeste ao relembrar a força e a emoção de cada conquista. Mas, se nenhuma camisa estrelada estiver ao alcance, basta virar os olhos para o céu, em qualquer ponto do planeta no hemisfério sul, e lá estará o símbolo inconfundível deste time, que brilha com destaque entre milhões de constelações. Mesmo em dias de tempestade, quando o Cruzeiro paira acima das nuvens, no infinito, e deixa que a água lave nossa humanidade.
Enzo Menezes é jornalista