Ídolo incontestável e um dos maiores artilheiros da história do clube. Sonhou com isso desde criança, quando estourava o dedão do pé correndo atrás de uma pelota nos terrenos improvisados de campo de futebol (de terra) no subúrbio onde morava. Na verdade, seu sonho era mais modesto, vestir a camisa nove do clube de coração já era uma façanha e tanto. Pensava nisso enquanto não dormia.
Alguns empréstimos para equipes sem expressão, temporadas difíceis, gols escassos. Não desistiu. Soube aproveitar cada desgosto, cada decepção. O otimismo de outrora foi recompensado com experiência, maturidade e uma nova chance. A camisa nove finalmente era sua. A história começava a ser escrita novamente, estava no seu sangue, da mesma cor que seu tão sonhado manto.
A certeza que carregava na alma o fez construir uma carreira invejável. Gols e títulos. Esteve presente em todas as conquistas, sempre deixando sua marca de artilheiro implacável. Seu nome era palavra obrigatória nas mesas de debates e seu rosto, figurinha carimbada nas revistas e jornais.
A vontade de vencer era tanta, que num jogo despretensioso, num lance de puro infortúnio, suas travas enroscaram-se no gramado e ele ouviu um estalo. Nem precisava ter ido naquela bola. Jogo ganho. Saiu de maca. Hospital, exames e veredicto. Podia ser o fim. Afinal, já não era mais aquele garoto sonhador e cheio de esperança. Ficou encostado. Perdeu espaço.
A acomodação tornou-se sua companheira. Poucos ainda acreditavam nele. Mas uma proposta caiu como uma bomba. O maior rival, o time que ele muitas vezes estraçalhou. Pensou. Para que arriscar? Arriscou. Recuperado, não mostrou o mesmo futebol dos velhos tempos, mas ainda assim, era nítida sua intimidade com a bola.
O campeonato foi se afunilando. Reencontraram-se. O desespero do seu time de coração contra a tranqüilidade da camisa azul clara que vestia agora. Uma derrota e pela primeira vez, poderia cair no inferno do rebaixamento. Jogo difícil, torcida tensa, placar em branco. Na última volta do ponteiro, um passe perfeito em sua direção. Naquele momento, um filme passou pela sua cabeça. Lembrou de tudo. Fez o que tinha que ser feito. Gol.
De joelhos dobrados, caiu num pranto inconsolável. Todos atônitos vendo aquela cena. Levantou-se ainda em lágrimas e saiu de campo antes do apito final. Aquele mundo deixou de ser seu. Jamais se teve notícia de tamanho respeito por duas camisas rivais.
Andre Fidusi é convidado do Meio-de-Campo neste blog.
Sou Flamenguista, mas voces nao acham que com o time que o cruzeiro tem a colocacao esta boa.
ResponderExcluirMarcio, Santa Amelia, BH
Quem é mais mais importante e regular, Amelia
ResponderExcluir