30 de novembro de 2010

Mais que um Clássico...

O conceito de clássico é praticamente o mesmo em todas as partes do Mundo. Para abreviá-lo, diria que é o jogo onde dois grandes rivais se encontram para decidir qual deles é o melhor. Exemplos não faltam. Em Minas Gerais, temos Atlético x Cruzeiro. No Rio Grande do Sul, Grêmio x Internacional. E por aí vai...

Existe uma partida que ultrapassa esses limites. Vamos à Espanha! Lá estão dois dos principais clubes do Mundo: Barcelona e Real Madrid. O duelo é antigo: começou em 1902. Desde então, o Futebol nunca mais foi o mesmo.

Esta rivalidade não pode ser mensurada apenas pela paixão de seus torcedores ou por quem tem mais vitórias no confronto (e, diga-se de passagem, os Merengues levam vantagem nesse aspecto: 58 x 53).

Quando barcelonistas e madridistas estão em campo, há muitos aspectos envolvidos. O Barcelona é um dos ícones da Catalunha – talvez a comunidade autônoma da Espanha mais importante. Na década de 30, ao final da Guerra Civil, a região sofreu uma importante e pesada repressão cultural e lingüística. O uso do catalão foi abolido, por determinação do Estado Nacionalista Espanhol. O Barcelona Futbol Club virou Club de Fútbol Barcelona para se adequar. Ao mesmo tempo, o Real Madrid ganhava espaço por “ajudar” na divulgação do regime ditatorial de Francisco Franco. Por sua forte ligação com a coroa espanhola, o time (indiretamente ou não) servia como uma espécie de propaganda. E assim a rivalidade cresceu.

Em 1943 aconteceu a maior goleada do confronto: 11 a 1 para o Real Madrid. O que poucos sabem é que militares visitaram o vestiário do Barcelona e ameaçaram retaliar os jogadores em caso de vitória. A derrota por uma diferença tão grande de gols foi um protesto.

Com o passar dos anos e o fim da ditadura no país, o duelo perdeu um pouco de seu contexto político, mas este jamais deve ser ignorado. Os dois lados cresceram muito e nunca deixaram de investir. Hoje o Barcelona aposta na revelação de talentos, enquanto o Real gasta seu dinheiro com a contratação de grandes jogadores.

E na segunda-feira (29) mais um capítulo desta rivalidade foi escrito. E, sem a influência política, os atletas fizeram o que sabem fazer de melhor: jogar bola. Quer dizer, apenas os barcelonistas – porque os madridistas pareciam estar assistindo a uma aula de Futebol.

Foi uma atuação brilhante de Xavi, David Villa e Messi. Sem falar de Puyol, que não deu espaços ao português Cristiano Ronaldo. José Mourinho, que estava invicto no comando do Real Madrid, sofreu sua pior derrota na carreira. E Guardiola manteve os 100% de aproveitamento como técnico diante do rival.

Existem coisas que não dá para explicar escrevendo. É melhor ver...




Fábio Pinel é jornalista da TV Bandeirantes e torcedor do Barcelona.

28 de novembro de 2010

E agora América?


O América está de volta a Serie A. Apesar de poucos (inclusive eu) acreditarem provavelmente teremos três clubes de Minas na primeira divisão do campeonato brasileiro e dois paulistas a menos.

O Coelho foi um time regular durante toda a competição e por isso mereceu o acesso. No ano passado quando conquistou o título da terceira divisão o presidente Marcos Salum afirmou que havia montado um time de Série B para disputar a Série C e que teria que ter um time de Série A para voltar a elite do futebol nacional.

O time que o América teve no ano de 2010 não era um time de Serie A. Talvez nem mesmo de Série B, mas a união da diretoria refletiu dentro de campo. Flávio, Gabriel, Marcos Rocha, Rodrigo, Leandro Ferreira e Fábio Júnior superaram as limitações e mostraram, na bola, um futebol digno de time grande.

Para o ano que vem o clube precisa de muito mais. Salum afirmou que o objetivo é terminar o campeonato na décima posição. Um escopo durríssimo para um clube que não terá os mesmos patrocínios da grande maioria dos adversários que vai enfrentar. O time do América é velho, tem limitações técnicas visíveis, falta torcida nas arquibancadas, falta estádio.

O americano já deu mostras que muita coisa pode mudar, a promessa de que o Independência estará pronto em junho não é ideal, mas agrada, certamente novos contratos serão feitos, custos e receitas aumentarão. Não acho que foi um bom momento para o América subir. Acredito que mais um ano de Série B daria mais estrutura ao clube, mas foi bom demais ver a torcida comemorar nas ruas de BH.

Que o América mostre em campo que é sim um time que pode se consolidar como de Série A e queime, mais uma vez, a minha língua.

Cláudio Gomes é editor-chefe do Meio-de-Campo

25 de novembro de 2010

Reservas ou Titulares

Muitos jornalistas criticaram a escalação de um time reserva do Atlético, contra o Palmeiras na copa Sulamericana. Sempre achei a decisão da diretoria e da comissão técnica acertada e a eliminação do time paulista para o Goiás, ontem, mostrou certa coerência.

O Atlético poderia ter se classificado com o time reserva, mas também poderia ter sido eliminado com o time titular, assim como foi o Palmeiras. No caso dos paulistas a decepção foi na competição internacional e só. No caso atleticano, se isso acontecesse, o time poderia se desestabilizar e a permanência na série A poderia estar comprometida.

Verdade que faltam pontos para que o Galo se garanta na elite do futebol brasileiro, mas depois de um ano de tantos erros, a escalação de reservas na Sulamericana foi acertada. Mas Renan Ribeiro também deveria ter sido poupado, com isso Aranha ganharia ritmo de jogo e com a dúvida sobre as condições de jogo do jovem goleiro alvinegro o seu substituto estaria mais preparado.