Tenho saudade quando, no gol a gol, alguém gritava: "Pegar de pé é dibra!".
Tenho saudade quando, na pelada, alguém ia pro gol e berrava: "Não vale bicudo!".
Tenho saudade quando, no cruzinho, um falava: "Tô no cruzo!".
Tenho saudade quando errava-se uma jogada e alguém gritava: "Ô pereba!".
Tenho saudade quando alguém gritava: "Paulistinha, dentro!".
Tenho saudade quando, antes de ir para o trabalho, meu pai batia penaltis para eu defender.
Tenho saudade do tempo que não valia gol dentro da área no futebol de salão.
Tenho saudade do gol de placa que fiz no Campeonato interno do Colégio Santo Antônio, em
1992.
Tenho saudade do tempo em que as comemorações de gol não eram coreografadas.
Tenho saudade quando o chute saia torto e alguém se desculpava: "Foi de rosca!".
Tenho saudade das camisas sem patrocínios.
Tenho saudade de quando meu pai me levantou na janela comemorando o gol do Éder contra a
Escócia, em 82.
Tenho saudade de jogar “dibrinha” no alpendre da casa da minha vó.
Tenho saudade do álbum da Copa União de 87.
Tenho saudade do tempo em que minha brincadeira preferida era "um gol de dois times de dois".
Tenho saudade do kichute amarrado na canela.
Tenho saudade das partidas de jogo de botão narradas por mim mesmo.
Tenho saudade de quando a gente ouvia o hino nacional no futebol do vídeo game e colocava a mão no peito.
Tenho tanta saudade, que é melhor parar por aqui antes que eu inunde o teclado.
Andre Fidusi é convidado do Meio-de-Campo neste blog.